
A manhã desta quarta-feira (15) foi marcada pela abertura do congresso “Presença Negra: Legado e Futuro” que tem programação até o fim de quinta-feira (16). O evento promovido pela Câmara Municipal acontece no Auditório do Sicredi, localizado na avenida Dom Joaquim, nº 1087, e conta com diversas atrações que durante este mês da Consciência Negra, cujo dia é celebrado em 20 de novembro, conscientizam e celebram a cultura negra e de matrizes africanas, tão presente no cenário pelotense.
Após momento de solenidade, em que todas as entidades representantes mostraram-se gratas à realização do evento e à iniciativa de resgate do legado negro, formador da cultura que conhecemos e também da conscientização sobre a importância da pessoa negra na sociedade.
A abertura ficou sob a responsabilidade do Mestre Griô Dilermando, que envolveu o público com as batidas de seu tambor de sopapo. Na sequência, apresentou histórias que somente um griô saberia contar com tamanha desenvoltura e intensidade.
“(…) A gente foi muito silenciado, então nós estamos em um momento assim, em que através das políticas públicas, a gente está conseguindo ter voz, a gente está conseguindo fazer com que as pessoas nos ouçam, e que olhem, porque a gente ainda vive os resquícios dessa cultura eurocêntrica que divide e separa,” contou o mestre.
Ele enfatizou ainda que a luta antirracista tem o intuito de fortalecer a comunidade inteira. “Não é desvalorizar nenhum em favor de outro, é dar visibilidade a todos para que todos tenham acesso às mesmas coisas, para que a cultura de um, também seja valorizada enquanto a cultura do outro”.

Ainda, tendo como abordagem em seu primeiro painel o empreendedorismo feminino negro, o evento não limitou-se apenas à realização de um debate sobre o tema, mas abriu espaço para o setor. Neste sentido, todos que compareceram ao auditório puderam conhecer mais do trabalho local realizado por mulheres negras, que através do artesanato manifestam suas histórias e ideais.
“Nós negros temos pouco espaço na sociedade, e para dar o nosso valor, a gente tem que dar a nossa voz, e estamos aqui na feira para isso. Para mostrar que a gente existe, que a gente resiste e que aqui tem lugar para todo mundo,” declarou Thuany Brito, artista e criadora de conteúdo, representante da ZMT Canecas, também presente no evento.
Maria Silveira, representante de uma das seis bancas de produção artesanal negra presentes na feira, relata que o foco de sua produção é levantar a autoestima das pessoas de religiões de matriz africanas e pretas: “Essa é uma discriminação muito grande que as pessoas dessas religiões sofrem e muitas vezes têm vergonha de expor a sua [religião]. Então, com uma bijuteria bonita, elas se sentem mais à vontade para demonstrar isso, além da beleza, sua religiosidade”.
Para o presidente da Câmara de Vereadores, César Brisolara (PSB), o Cesinha, a homenagem e os debates nos dois dias de congresso são o mínimo que a Casa pode fazer enquanto Legislativo. “O mês de novembro ele não pode ser um mês em que a gente somente chame as pessoas lá, homenageie com uma medalha, que é uma medalha que muito nos honra, a medalha Mestre Batista, mas que seja de intenso debate, para que esse congresso aqui saia, como o nome já diz. Legado a gente reconhece, o passado a gente reconhece, as dores do passado, as cicatrizes, mas a gente reconhece ter um futuro pela frente”.
A entrada para o evento é gratuita. Nesta quinta-feira (16) será realizado durante todo o período da tarde. Aos universitários é oferecido certificado de horas mediante cadastro disponível no link https://bit.ly/inscricaocongressopelotas.
Quarta-feira (16)
13h30 – Painel (Daniel Amaro/Éder Ribeiro/Mattozo)
15h – Palestra Adv. Fábio Gonçalves
16h – Painel (Michel Promove/Emerson Nunes/Fagner Feijó)
17h30 – Painel Presidente da Câmara César Brisolara
19h – Sessão Solene Mestre Batista
21h30 – Emerson Nunes – Voz e violão
Encerramento