Em ato realizado na Escola para Deficientes Visuais Louis Braille nesta segunda-feira (3), foi oficialmente lançada a iniciativa que institui a diferenciação das bengalas por cores em Pelotas, a partir de lei de autoria do vereador Sidnei Fagundes (PT), que morreu em 2022.
A ideia para a criação do projeto de lei surgiu a partir do Projeto Bengala Verde, que teve início na Argentina em 1996 e chegou ao Brasil em 2014. A aluna Regina Bastos da Louis Braille possui baixa visão e, ao conhecer a iniciativa, entrou em contato com Fagundes, na época em que este ainda era assessor do então deputado estadual Fernando Marroni (PT), com a ideia de trazer a padronização para Pelotas.
Posteriormente eleito vereador, Fagundes, que foi a primeira pessoa com deficiência a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal, elaborou o projeto aprovado pelo Legislativo. Conforme a Lei nº 6.984, de 22 de outubro de 2021, foi instituído o uso de bengalas brancas para pessoas cegas, vermelha e branca para pessoas surdas e verde para cegas.
A regulamentação garante a identificação correta e a mobilidade das pessoas que possuem deficiência visual. Para Regina, a iniciativa é fundamental para garantir a compreensão da população em geral. “O verde significa ver de forma diferente, ver de novo, ver de uma maneira que as pessoas nos enxerguem, nós baixa visão, e não os cause estranheza uma pessoa de bengala usando celular”, pontua, e complementa: “Isso é muito importante, porque as pessoas acham que só as pessoas cegas existem e, na verdade, nós, com baixa visão, precisávamos sim ser identificados de alguma forma”.
Se por um lado a forma de identificação facilitará a acessibilidade dos deficientes visuais, também é preciso que a sociedade saiba que seu papel é não interferir na mobilidade do outro. Ao ver uma pessoa portando uma bengala é natural que muitos queiram fornecer ajuda, ainda que esta não tenha sido solicitada, mas Regina orienta que é preciso deixar que o próprio deficiente solicite. “O principal é deixar que a pessoa pegue o auxílio, ou seja, vai auxiliar uma pessoa com deficiência visual a atravessar a rua, oferece o braço para a pessoa e ela vai pegar o braço, espera que o deficiente visual te toque, ele vai saber o que fazer”, explica.
O Assessor de Projetos Especiais da Prefeitura, Luiz Van Der Laan, representou o Executivo e destacou que o lançamento da campanha é o primeiro passo para o intenso trabalho de divulgação que auxiliará de forma prática. “Agora já está aplicada a lei e é importante para a pessoa que não é deficiente visualizar, o motorista, o ciclista, o pedestre, todos para ajudar essas pessoas. Isso é muito bacana, vamos divulgar nas redes sociais, nas mídias, para as pessoas saberem e, mais importante, que todas as bengalas fabricadas sejam nesses modelos”, pontua.
Dilmar Rodrigues, presidente da Escola Louis Braille, também afirmou que as bengalas distribuídas aos atendidos pela instituição passarão a ter as cores adequadas conforme a necessidade de cada usuário.
A campanha contará com a distribuição de material informativo em locais públicos de Pelotas, incluindo o transporte coletivo. A ação está sendo organizada pelo Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Altas Habilidades, que completou 31 anos de fundação no dia 2 de julho.
Nesta terça-feira (4), o conselho participará de uma roda de conversa com o tema “Avanços e Metas para Deficientes de Pelotas”, integrando a programação de aniversário do município. A atividade ocorrerá no auditório da Casa dos Conselhos, localizado na rua Três de Maio, 1060.
Confira as orientações para as cores das bengalas