
A estrada é o local de trabalho de milhares de transportadores que rodam pelo país, muitas vezes submetidos à insegurança, seja pelas condições de infraestrutura das vias ou ainda pelos ladrões de cargas e de veículos, que ameaçam a vida destes profissionais que precisam se arriscar para sustentar suas famílias. Criada em 2009 para ajudar os transportadores associados a resolver problemas de acidentes, roubos, incêndios e outros sinistros ocorridos com os caminhoneiros da região nas estradas do Brasil, a Associação dos Proprietários de Caminhões de Pelotas e região (Aprocapel) completou 15 anos de atividades no dia 5 de abril. A fundação ocorreu em 19 de novembro de 2008, mas a entidade começou a funcionar efetivamente em 5 de abril de 2009, com o pagamento das primeiras mensalidades pelos associados.
E foi com muito trabalho e dedicação que a associação conquistou a tão sonhada credibilidade entre a categoria, que iniciou com 47 caminhões associados e chega atualmente a 630. Isso porque a entidade fechou o grupo, explica o presidente e um dos fundadores, Nelson Vergara, da empresa Transportes Vergara, com atividade voltada ao transporte de grãos. “Quando montamos a associação não tínhamos esta perspectiva de onde ia chegar, precisamos passar credibilidade para esta classe, que na época era bem desunida”, ressalta.
Segundo Vergara, em junho de 2009, ocorreu um acidente com um dos associados. E em 20 dias, a associação providenciou o conserto e entregou o caminhão pronto para voltar ao trabalho. Esse foi o grande impulso e a prova definitiva de que a parceria funcionava. Em novembro do mesmo ano, a entidade atingiu 200 associados.
Passado o primeiro ano, a situação só melhorou e a associação começou a comprar insumos como pneus, lonas, óleo lubrificante, tudo isso em benefício dos associados e sem nenhum centavo de lucro. “Compramos à vista e repassamos aos associados pelo preço de fábrica em quatro vezes”, diz o presidente. Por isso, todos os associados deixaram de estocar produtos em suas casas e, hoje, recorrem à Aprocapel.
O presidente afirma que nos últimos oito meses a frota dos associados da entidade passou de 600 para 630 veículos. “Esta é outra grande evolução conquistada, pois a idade média da frota dos nossos associados melhorou muito. Temos uma frota muito nova na associação”, destaca. Segundo ele, o setor trabalha muito e os incentivos da Aprocapel ajudam a reduzir os custos e possibilitam aos associados fazerem melhorias nos veículos.
Além disso, um convênio da associação com postos de combustíveis de todo o Brasil resultou em um lucro de R$ 0,15 a R$ 0,20 por litro. “Não sabemos o que cada um economiza, mas posso garantir que é um benefício ainda maior do que aquele proporcionado pelas compras a preço de fábrica”, ressalta. De acordo com Vergara, a economia é ainda maior do que a mensalidade anual paga por cada associado. “Ele não está pagando, mas se beneficiando da associação”, garante.
A meta para o próximo ano é a construção do estacionamento, com posto de combustível, banheiros e um possível dormitório, em terreno de oito hectares, junto à BR-116, no quilômetro 518, localidade de Terras Altas, em Pelotas, a fim de proporcionar conforto e segurança aos associados. O presidente afirma que o terreno já está murado e a atual fase do projeto é de realização das plantas para dar início à construção dos prédios. “Quando começar vai ser com força”, afirma.
Mais que uma sede para os motoristas associados, será um ponto de referência para o descanso após um longo período de viagem pelas estradas do país, com capacidade para receber mais de 400 caminhões e com segurança 24 horas. “Hoje, estes caminhões estão espalhados pela cidade, nas ruas, nos postos de combustíveis, sem nenhuma segurança”, reforça.
Vergara diz que ao longo destes 15 anos, os momentos de dificuldades foram muitos. “São ciclos que se repetem como juros altos. A pandemia em que todo mundo parou, menos o caminhão e, hoje, vivemos uma época de redução nas exportações de soja, cultura prejudicada devido às chuvas e mais recentemente pelas enchentes”, destaca. Segundo ele, o setor sentiu os prejuízos em virtude das perdas no agronegócio, pois os dois setores, caminhão e agronegócio, andam juntos. “A grande vantagem do caminhão é não ser como uma lavoura de soja, estabilizada em um lugar, e por isso, se está ruim em um Estado pode buscar trabalho em outro”, ressalta. Em razão disso, alguns motoristas ficam de 30 a 90 dias fora de casa, trabalhando em outras regiões.
No dia 25 de julho é comemorado o Dia do Motorista, uma categoria que, conforme Vergara, é sofrida, mas guerreira. “O pessoal trabalha com chuva, sol, com e sem Covid, dia e noite, sábado e domingo, sempre pronto a trabalhar em benefício do Brasil. E, por isso, é preciso valorizar cada vez mais, o motorista, a transportadora, todos aqueles que vivem em torno do transporte”, finaliza.
Nos seus primeiros anos, a associação funcionou no escritório de Vergara. Em 2019, foi adquirido um terreno em frente à empresa, no bairro Santa Terezinha, e construída a sede própria, inaugurada em 2020. Os associados representam em torno de 10% da frota que roda atualmente na região, estimada entre 2 mil e 2,5 mil veículos. Para garantir a segurança dos motoristas e das cargas nas estradas, todos os caminhões são rastreados. Cada veículo possui um rastreador, um localizador e um bloqueador, acompanhados pelo transportador por meio de um aplicativo.