Passados alguns dias do fim do verão, uma nova preocupação aflige a população pelotense: os abrigos de ônibus danificados. Apesar de também ser um problema nos dias quentes, as chuvas no inverno preocupam aqueles que dependem do transporte público. Um problema enfrentado não só pela população, mas também pela Secretaria de Transporte e Trânsito (STT), por conta dos vandalismos que danificam as estruturas.
“O grande problema mesmo é a chuva, pois as paradas de ônibus estão sem o teto e algumas até sem o restante, deixando a gente sem proteção nenhuma”, conta o aposentado, Cléo Cunha Pinto, 74 anos, que reside em Pelotas há três anos e depende do transporte público para realizar suas tarefas diárias.
O levantamento feito pela Secretaria de Planejamento indica que, entre 2015 e 2019, a Prefeitura investiu cerca de R$ 830 mil na instalação de aproximadamente 120 paradas de ônibus feitas com vidro blindex, instaladas nos pontos de maior fluxo de passageiros. A reportagem percorreu a região central e constatou o problema na ruas Dom Pedro II, General Osório e Marechal Deodoro.
O secretário de Transporte e Trânsito, Flávio Al Alam explica que, apesar dos reparos serem feitos, parece ser um problema caminhando em círculos. “A STT tem feito a manutenção, quando possível, das paradas extraviadas em acidentes, atos de vandalismo ou que necessitam de reparos, mas o que se percebe é haver muita pichação, alguns incidentes de vandalismo e acidentes de trânsito que danificam os abrigos cotidianamente”, afirma.
As irmãs Roselaine Trindade, de 52 anos, e Ângela Trindade, de 65 anos, lamentam pelo mal cuidado da população com os abrigos de transporte coletivo. “É triste, pois ao mesmo tempo em que as pessoas cobram da prefeitura do município, outras estão destruindo, parece que esse problema nunca terá fim”, disse Roselaine.
Já Ângela, argumenta que o material poderia ter sido mais comum e barato para que evitasse os furtos e fosse um investimento mais razoável para a prefeitura, de forma que os recursos pudessem ser aplicados em outras áreas. “Tem alto custo, com certeza, são abrigos feitos de vidro, mas não adianta uma beleza que vai durar pouco, são preferíveis abrigos mais simples e de baixo custo, assim essa verba pode ser destinada a outros problemas enfrentados, principalmente, pelos bairros”, ressalta Ângela.
Os abrigos com placas de vidro foram instalados a partir de um projeto desenvolvido pela Secretaria de Planejamento (Seplag) para requalificação dos pontos de ônibus nas grandes avenidas, nas quais se tem um movimento maior de usuários. Para os bairros, onde o fluxo é menor, devido aos pontos estarem espalhados, se escolheu as de outro formato, que são as laranjas.
Conforme os dados da Secretaria, as despesas de conservação e manutenção dos abrigos de ônibus (sejam de vidro ou outros modelos) ficam em torno de R$ 30 mil por mês. Conforme o secretário, não se tem dados sobre denúncias, mas a população pode efetuar a denúncia caso seja testemunha de algum ato de vandalismo com os abrigos e qualquer outro bem público.
Atualmente existem outros 350 abrigos, em material de metal, de cor laranja, instalados nos trajetos das linhas dos ônibus nos bairros onde o embarque ocorre em menor volume de pessoas. Ao longo de 2023, a Prefeitura anunciou que irá implantar aproximadamente 30 novos abrigos deste modelo em paradas onde ainda não há estrutura.
Vidro blindex
Com relação à temperatura, o secretário de Planejamento, Roberto Ramalho, explica que quando se começou a instalação das paradas na rua General Osório, se pensou em algo que melhorasse a qualidade de vida das pessoas e foi o que aconteceu, todavia, dias muito quentes trouxeram um resultado negativo. “Em dias de altas temperaturas e com o sol batendo nos abrigos, pode acontecer de não se conseguir sentar, no entanto, esse é um problema que se talvez se agravasse caso fosse colocado algum material escuro na parte superior, uma vez que o escuro retém o calor”, diz o secretário.
Uma alternativa para o problema seria o fechamento dos abrigos e a colocação de ar condicionado nas maiores paradas, mas o custo seria muito alto e poderia refletir no preço da passagem.