As histórias e lendas da colônia ganharam as páginas do novo livro da autora pelotense Marciele Goetzke, “O Tormento de Mary Petri”. Com toques de suspense, fantasia e muitas histórias populares, o leitor poderá mergulhar nas profundezas do Arroio Pelotas e desvendar seus mistérios através da obra.
E a mística em torno da trama não poderia ter um surgimento mais coerente. Marciele conta que a inspiração para o livro surgiu por conta de um pesadelo. “Esse livro surgiu inicialmente de um sonho, foi um pesadelo na verdade e eu pensei ‘ah, mas por que não colocar no papel essa ideia?’”, conta. Neste sentido, em 2018, ela começou a escrever o esqueleto da obra com o que mais lhe daria medo.
Ao mostrar a ideia para amigos, tempos depois, Marciele que até então não havia publicado seu primeiro livro, foi incentivada a cogitar a publicação do escrito. Diante da abertura de um edital da iniciativa ProCultura em Pelotas, a autora elaborou o projeto da obra e submeteu ao processo, que acabou sendo aprovado. “O projeto previa saídas de campo no arroio, conversar com os ribeirinhos, com os pescadores, porque a história trata de lendas do Arroio Pelotas, é o que as pessoas veem, o que elas comentam. Em dia de chuva sempre tem aquela lenda de ‘ah a gente viu uma cobra no arroio’. Questões místicas, lendas rurais”, explica a escritora.
Marciele revela que o livro trata sobre uma lenda rural de uma cobra que se alimentava de leite de vaca e fazia aparições no arroio. “Esse livro conta a história de uma bióloga que ouve essas histórias em uma festa no Monte Bonito, umas senhoras pomeranas estão falando sobre essa lenda e ela fica intrigada e resolve pesquisar”.
Após ouvir relatos de que a cobra costumava aparecer no Arroio Pelotas, a bióloga e seu namorado resolvem se aventurar pelo arroio para tentar conseguir um registro da serpente, como detalha a autora. “Se passa um tempo e eles não conseguem registro, a personagem começa a ficar angustiada, acha que isso tudo não é verdade, aí ela resolve ir uma última noite para tentar registrar, mas nessa noite acontece uma tempestade, e eles encontram uma casa, lá eles são recebidos por Mary Petri, uma senhora cega que vive à beira do arroio”, completa.
A misteriosa Mary Petri é assombrada por fantasmas de seu passado. A personagem, inspirada na avó da própria autora, é dona de uma sinceridade mordaz e peça fundamental para o destino da história.
Quanto ao processo de escrita que se estendeu por meses e meses de muita pesquisa e imaginação, a escritora diz ter encontrado um grande desafio na construção cronológica do livro. Por seu intenso contato com as histórias da colônia, em diversos momentos na produção da obra, Marciele viu a necessidade de incluir aspectos, expressões e costumes relatados por moradores locais.
Justamente por seu trabalho paralelo na produção do primeiro livro lançado “Monte Bonito da Serra dos Tapes”, no qual traz contos e memórias rurais de quem vive na colônia, a autora ressalta que o processo de pesquisa nunca parou e ela acabava constantemente aprendendo coisas novas com a população. Marciele garante que poder tratar sobre histórias que ouviu em sua infância é extremamente marcante, além de reforçar a importância da cultura para o turismo. “Tu não consegue fazer turismo sem cultura e é o que a gente vai trabalhar ao longo do ano”, garante.
E a escritora formada em Engenharia Geológica pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) já tem novos planos bem construídos para mais uma obra. O terceiro livro de Marciele, que já foi aprovado, retratará as comunidades quilombolas da região e continuará com a missão de perpetuar as histórias do interior, propagando vozes e relembrando acontecimentos.
O Tormento de Mary Petri está disponível para compra na Livraria Vanguarda, em uma das bancas do Mercado Central e também no Sebo Icária, localizado na rua Tiradentes, no Centro de Pelotas. Também é possível comprar a obra diretamente com a autora através das suas redes sociais, no Instagram @amargot