Lanchão Seival já está atracado para uma série de atividades em Pelotas

O idealizador e coordenador, Antonio Carlos Rodrigues, sua irmã, Maria de Fátima receberam a imprensa na sexta-feira (11). (Foto: Roberto Ribeiro/JTR)

Já está atracada no Quadrado, região do Porto de Pelotas, a embarcação Seival – reconstituição do barco utilizado durante a Revolução Farroupilha (1835-1845) pelos revoltosos para chegar a Laguna (SC) e construído, à época, sob as ordens do italiano Giuseppe Garibaldi (1807-1882), considerado um dos heróis do conflito.

Pelotas é o segundo município a receber a embarcação, que conduz o projeto Seival e os caminhos de Garibaldi. O primeiro foi Rio Grande, onde a tripulação (o idealizador e coordenador, Antonio Carlos Rodrigues, sua irmã, Maria de Fátima, que também faz a coordenação, e Alan Floyd, que presta serviço voluntário como imediato) permaneceu durante seis dias, e de lá veio em percurso de 60 quilômetros pelo canal São Gonçalo quase que totalmente à vela.

A estadia na cidade vai até o dia 20 deste mês. Na programação, recepção a 500 alunos de escolas públicas do município nos dias 16, 17 e 18 no Quadrado, onde a reconstituição da lancha permanecerá atracada. Também está confirmada a vinda de 20 estudantes de uma escola de Pedras Altas. No sábado (12) teve agenda com a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) pela manhã e secretários municipais à tarde. No feriado do dia 15, ação com professores da rede municipal e, dia 19, em parceria com o Sesc, o Seival recebe o público em geral junto ao trapiche da praia do Laranjal. Haverá música ao vivo (voz e violão) e exibição do episódio da série global A Casa das Sete Mulheres (2002). Quem não faz parte do público alvo e tem interesse de conferir o trabalho também está convidado. “Quando não tiver horário, pode chegar”, convida Fátima. “Só pedimos uma contribuição para o projeto de R$ 5, R$ 10”.

A primeira atividade ocorreu na tarde de sexta (11), quando a tripulação recebeu parcela da imprensa local para falar sobre o projeto e navegar durante 30 minutos pelo canal São Gonçalo.

Barco estará disponível para visitação até o dia 20 em Pelotas. (Foto: Roberto Ribeiro/JTR)

Içar as velas

Seival e os caminhos de Garibaldi surgiu na esteira de um outro projeto, o Navegar, voltado para a sensibilização ambiental junto a adolescentes em Passo Fundo, onde Antônio Carlos Rodrigues trabalhava como professor de Educação Física em escola da rede estadual.

Consistia em construir embarcações e utilizá-las na bacia hidrográfica da região e do estado. Ele conta que foi “descendo” o Rio Jacuí, principal afluente da Laguna dos Patos, que surgiu a ideia – no caso, para fins de ferramenta pedagógica em escolas da rede pública e entidades que trabalham com história e a cultura do Rio Grande do Sul.

A sugestão partiu de um historiador. Mestre em Educação pela Universidade de Passo Fundo (UPF), Rodrigues foi pesquisar a respeito. Se encantou. “A história náutica farroupilha nos é passada de uma forma muito resumida, e era fundamental”, conta. “A questão náutica ligava a República Rio-grandense ao mundo sob vários pontos de vista. Sem saída pro mar não tinha chance, por isso a ida a Laguna para achar uma saída para o mar.”

Fisgado pela ideia, pôs mãos à obra – e no bolso. Para construir a reconstituição (e não réplica) do Seival, ele não contou com um centavo de dinheiro público. A embarcação de aproximadamente 15 metros de comprimento por 13,80 metros de largura e até 15 toneladas se materializou às próprias custas. “Não é perfeito”, ele admite, humilde. “Eu queria botar óleo de peixe, não pintura, queria fazer uma coisa muito mais original, mas não tem material nem pesquisa adequada para chegar aquele ideal de reconstrução histórica”, justifica.

Museu a bordo

No Seival você vai encontrar uma espécie de museu a bordo. Um dos objetos é uma luneta que pertenceu ao italiano Caniglia, amigo de infância de Garibaldi que morreu no naufrágio do Rio Pardo, barco que seguia com o Seival em direção à Laguna.

Há também uma bala de canhão da batalha de São José do Norte. Estava incrustrada numa casa que foi demolida depois de muito tempo, além de ferramentas de construção naval.

A embarcação tem aproximadamente 15 metros de comprimento por 13,80 metros de largura e até 15 toneladas. (Foto: Roberto Ribeiro/JTR)

Navegar é preciso

A embarcação já teve seu primeiro batismo em água salgada. Foi em setembro, travessia Rio Grande-Laguna. Rodrigues diz que o Seival passou com louvor na primeira jornada. “Velejamos quase seis horas contínuas a uma velocidade 6.6 nós. Fantástico, além da expectativa.” O objetivo de recriar as qualidades da embarcação original, de acordo com ele, foi plenamente alcançado. “É uma embarcação rápida, as velas funcionaram perfeitamente”, garante. Habilitado pela Marinha para passeio-recreio, o barco comporta 26 pessoas e é dotado de coletes salva-vidas.

Neste ano, além da travessia Rio Grande-Laguna e da estadia na Noiva do Mar e agora em Pelotas, o Seival vai a Arambaré, Barra do Ribeiro e Tapes. “Estamos indo de cidade em cidade, a ideia é circular, fazer parcerias e estabelecer projetos pedagógicos com prefeituras, secretarias de Educação e de Turismo para conseguir o maior número possível de pessoas, principalmente crianças e adolescentes. Há muito o que navegar”, diz a também coordenadora do projeto Seival e os caminhos de Garibaldi, Fátima Rodrigues.

 

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