Emater avalia em mais de R$ 12 milhões as perdas pela estiagem em Morro Redondo

Plantação de milho não teve grãos devido à seca (Foto: Divulgação)

Desde o final da primavera e início do verão, quando começaram a ser plantadas as culturas de verão, o clima tem sido implacável com o produtor, que desta vez precisou driblar os efeitos da estiagem sobre as culturas. De acordo com dados do escritório municipal da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Morro Redondo, a perda estimada no município, ultrapassa os R$ 12,276 milhões, entre culturas e criações.

A chefe do escritório municipal, extensionista rural social, Karin Peglow, ressalta que de novembro a abril, as chuvas registradas chegaram a 390mm enquanto era esperado volume médio de 948mm, ou seja, as precipitações foram de 41% da média histórica para o período (veja quadro). Pelo menos 160 famílias estão com problemas de abastecimento de água.

Somente nas culturas, a perda estimada é superior a R$ 11,226 milhões, com quebras entre 15% no pêssego e 85% no milho grão. O milho grão, com quebra de 85%, e o silagem (35%) acumulam um prejuízo de R$ 2,385 milhões, uma produção de 6.570 toneladas a menos do que o esperado. Os dois ocupam área total de 1,4 mil hectares, respectivamente 1 mil hectares e 400 ha. Segundo Karin, o milho grão está distribuído em 200 propriedades rurais. Ela lembra que essa produção tem destino basicamente para o consumo dos animais domésticos criados para a subsistência familiar. No milho silagem, o material ensilado é de baixa qualidade e irá refletir na produção do gado de leite.

Na soja, que teve a maior área plantada no município, de dois mil hectares nesta safra, a quebra foi de 80%, com perda de 4,8 mil toneladas, avaliadas em R$ 6,4 milhões. “Tratam-se de lavouras maiores, com altos custos de produção”, diz. O feijão teve 50% de quebra, com perda de 18 toneladas e R$ 60 mil em prejuízos. A cultura ocupa 30 ha e produziu 36 toneladas.

No pêssego, que ocupa área de 600 hectares, a estiagem atingiu o período de colheita e a quebra chegou a 15%, o equivalente a 900 toneladas. Mesmo assim, foram produzidas seis mil toneladas da fruta e o prejuízo chegou a R$ 60 mil. O fumo registrou quebra de 30%, perda de 23,46 toneladas com valor estimado em mais de R$ 211 mil. A cultura atinge área de 34 hectares no município.

Houve perdas significativas também na olericultura e culturas de subsistência, em torno de 50%, um prejuízo equivalente a R$ 1 milhão. A olericultura ocupa área de 60 hectares, com as culturas de tomate, pimentão, abóboras, folhosas, temperos, cebola, batata doce, alho, brócolis, couve flor, entre outras, e envolve cerca de 40 famílias. “As perdas não foram maiores devido a áreas que dispunham de sistemas de irrigação, o que também causa preocupação a cada dia pois a disponibilidade de água é extremamente restritiva”, diz. Em outras culturas de subsistência familiar as perdas são diversificadas e, em muitos casos, não foi possível realizar o cultivo.

Na produção leiteira, atividade principal para 50 famílias, a escassez de água para dessedentação e a falta de alimento para os animais provocou a perda de 70% da produção. O prejuízo é de R$ 1,05 milhão, dados estimados em função da receita média mensal esperada e a efetivamente obtida no período da seca. “Também temos perdas de 40% na pecuária de corte, quase que totais na apicultura, e perdas na produção de ovos e carne para consumo familiar”, lamenta a extensionista.

Quanto à alimentação animal, alguns agricultores não plantaram milho e aguardam a chuva. “Os que plantaram, ficaram na situação de escolher entre cortar para silagem ou dar direto aos animais”, afirma. Ela explica ainda, que os agricultores que optaram por fazer silagem, sabem que a qualidade e quantidade do milho, principalmente grãos, que confere qualidade à silagem, estava prejudicada, resultando em pouca quantidade de silagem aliada a uma baixa qualidade.

As pastagens de verão praticamente inexistem e alguns agricultores já começaram a semear. O campo nativo está seco, sem condições de rebrote, com exceção de algumas áreas em que ocorreram chuvas localizadas, permitindo uma breve recuperação do campo nativo. “Os agricultores estão comprando algum complemento para alimentação animal, que vai desde casquinha de soja, farelo de arroz, milho e até mesmo ração, o que, aliado à baixa produção, acaba por levar a uma situação financeira delicada e a um estresse muito elevado.

As pastagens de inverno começam a ser semeadas, como uma perspectiva de alimentação para o inverno, e há relatos de dificuldade de obtenção de semente, principalmente aveia, com receio da geada, pois um replantio representaria mais um custo. Os agricultores estão comprando insumos (farelos, milho, rações) como forma de amenizar a fome dos animais, mas com isso estão acumulando gastos.

Enviar comentário

Envie um comentário!
Digite o seu nome