Morro Redondo se destaca como referência do turismo na Zona Sul do RS

Diretor do Departamento de Turismo da prefeitura Pedro Vieira Bastos, o Peu, é também empreendedor do segmento e projeta o crescimento do setor. (Foto: Adilson Cruz/JTR)

Não há hoje na Zona Sul quem cite Morro Redondo sem falar em Turismo. A cidade é a queridinha do setor na região. Afinal, qual o segredo deste reconhecimento? “Nenhum”, responde Pedro Vieira Bastos, o Peu, de 37 anos, diretor do Departamento de Turismo da prefeitura e empreendedor do segmento. “A gente só iniciou”, lembra.

O começo dessa história se confunde com a dele. O dono do Sítio Amoreza, na Colônia Afonso Pena, que oferece almoço aos domingos, além de hospedagem em uma área de quatro hectares (quase três cobertos por mata nativa e ainda um arroio com queda d’água), chegou a Morro Redondo há 12 anos. Mas o turismo, formalmente, chegou à vida de Peu e à de outros potenciais empreendedores há nove, quando a então vereadora e hoje vice-prefeita Angélica Boettge, e sua irmã, Letícia, atualmente vereadora, ambas pelo PSDB, bateram à sua porta para anunciar que a prefeitura havia assinado convênio com o Sebrae para capacitação na área. Iniciava ali o projeto que mudou a vida de Peu e o curso da história em Morro Redondo.

“Foi ali que começou, do zero”, reforça ele. “Passada a resistência inicial, nos convencemos que podia ser uma boa”. Na época, era ele e mais nove. Hoje são 37, concentrados na área rural, com paisagem típica da Serra dos Tapes – mata atlântica, quedas d’água, cachoeiras, arroios e belas paisagens – além é claro da típica comida colonial.

No caso do Sítio Amoreza, onde mora, Peu diz que procura promover uma experiência ao visitante pautada na originalidade. O almoço aos domingos é sem carne e bebida alcoólica. A restrição não atende a uma ordem moral. “Como carne e adoro beber, mas o que ofereço é a oportunidade de fazer uma refeição sob as árvores, ouvindo a queda d’água e o canto dos pássaros”. O cardápio é integralmente preparado com produtos do Morro Redondo. “Quem se sente à vontade, ok, quem não, menor problema, tenho certeza que vai encontrar em algum vizinho, eu mesmo indico”, afirma.

Outro ativo do município é a localização. Além das belezas naturais, lembra que a cidade é próxima de Pelotas e Rio Grande, dois polos regionais. Juntas, somam 700 mil pessoas. Vem da Noiva do Mar a maioria dos turistas que visitam Morro Redondo nos fins de semana. “Recebo 80 pessoas por domingo, pelo menos a metade, no mínimo, é de Rio Grande”, conta. A internet e as redes sociais também ajudam na promoção do turismo local. Só em Facebook e Instagram o Sítio Amoreza contabiliza 32 mil seguidores. As reservas são feitas por Whatsapp e no Instagram. Facilitador até para os produtores, que vendem boa parte da produção via internet.

Sem concorrência
A parceria firmada com o Sebrae via serviços de capacitação plantou a semente do cooperativismo entre os empreendedores e a ideia de que o turismo não é um segmento competitivo. “O pessoal fica dois, três dias no Refúgio Araçá e almoça no meu sítio, no Café Paiol, onde quiser. É um mercado que pede cooperação – desenvolvemos essa mentalidade colaborativa graças à capacitação do Sebrae, principalmente por isso.”

Potencial de futuro
Com o predomínio de visitantes da região, Morro Redondo é destino do chamado turismo de escapada – voltado para fins de semana e feriados. Condição que não tira o sono de gestores e empreendedores. A compreensão é de que não apenas na cidade mas na Metade Sul, ao contrário da Serra Gaúcha, o setor ainda dá seus primeiros passos. No entanto, tanto a prefeitura, como Sebrae e Associação de Empreendedores de Turismo do Morro Redondo (Aetmore) já pensam adiante.

A ideia é partir para uma cidade turística, não apenas para o roteiro Morro de Amores. “Aí a Serra Gaúcha nos ganha sempre, porque dispõe de infraestrutura, o que depende de representatividade política”, argumenta Peu.

Ainda assim, já tem projeto no papel – como o da construção de pórtico na entrada do município. Há também nos planos a revitalização da praça, o projeto Doce Florir, além de consultorias para empreendimentos, como o Parque Luterano, próximo à igreja, com rua coberta, mostras de artesanato, feira da agricultura familiar e música ao vivo.

O próprio turismo no Morro Redondo já embarca na direção de ir além do fim de semana e feriadão. Empreendimento orçado em R$ 2 milhões, com três andares, 14 quartos, piscina térmica e vista para Pelotas e Morro Redondo, o Castelo Bonilha, no Santo Amor, pretende atrair turistas com maior poder aquisitivo – perfil que não costuma ser dominante entre os visitantes dos empreendimentos no município.

Além disso, Peu é um entusiasta do fortalecimento do setor nas cidades vizinhas, que já dispõe de roteiros. “O futuro é promover um ecossistema turístico e atrair turistas para ficarem na região durante vários dias”, indica.

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