Morro Redondo: Hospital Dr. Ernesto Maurício Arndt ainda luta pela sua autossuficiência financeira

HOEMA atende comunidade morro-redondense e municípios vizinhos. (Foto: Divulgação)

Desde que o Hospital Dr. Ernesto Maurício Arndt (HOEMA) foi assumido, em 2020, pela neta do fundador, Liane Arndt, como diretora-geral e vice-presidente e pelo físico aposentado Altair Faes, como presidente, a instituição de saúde vem buscando a autossuficiência financeira. Nestes mais de quatro anos, o hospital passou por uma série de reformas, obras, adequações e buscou incansavelmente demonstrar que pode oferecer um atendimento de qualidade aos quase seis mil habitantes de Morro Redondo.

Além disso, atende a população do entorno, de 25 a 30 mil moradores em um raio de 15 quilômetros, das colônias de Pelotas, Canguçu, Cerrito e Capão do Leão, que acabam procurando atendimento no hospital. “E com uma peculiaridade: atendimento humanizado. Os pacientes são tratados pelo primeiro nome, por pessoas conhecidas da comunidade e sem qualquer espera”, afirma a diretora.

Tem sido uma maratona permeada por reuniões com o prefeito Rui Brizolara (União Brasil), secretária de Saúde Silvia Augusta Wahast Islabão, deputados estaduais e federais, possíveis parceiros e quem mais puder oferecer um fôlego financeiro ao Ernesto Arndt, que se reergueu e aos poucos constrói uma estrutura invejável para um Hospital de Pequeno Porte (HPP), com profissionais qualificados, cujo atendimento não deixa a desejar a nenhuma das referências hoje existentes e oferecidas aos moradores locais em outras cidades da região. Além de todo o transtorno acarretado a um paciente que vai buscar tratamento longe de casa, o município ainda precisa arcar com os custos de transporte destes pacientes.

Hoje, o hospital fornece o Pronto-Atendimento noturno, a partir das 19h, além de sábados, domingos e feriados – o que deveria ser um complemento do serviço fornecido nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) durante o dia. Mas não é o que ocorre. “Muitos deixam de buscar o atendimento nas UBSs, e depois da doença agravada o fazem no hospital, porque sabem que vão ser bem atendidos aqui, o que acaba sobrecarregando o médico plantonista, que chega a atender mais de 40 pacientes por noite”, ressalta Faes. Além disso, se um paciente de Pronto-Atendimento procurar o hospital durante o dia, o atendimento não pode ser negado, mas não é ressarcido.

Acaba que o valor repassado pelo município para urgências e emergências resulta em déficit e não cobre todos esses atendimentos. A intenção é que o município ofereça o atendimento básico nas UBSs e deixe o Pronto-Atendimento de urgência e emergência em turno de 24 horas sob a responsabilidade do hospital. “Num município pequeno, é muito mais fácil de fazer as coisas funcionarem, só é preciso desburocratizar”, diz o presidente da instituição de saúde.

Segundo Liane, o HOEMA hoje não tem uma fonte de renda que lhe proporcione um superávit. A folha de pagamento que, em fevereiro de 2020, era de R$ 15 mil com nove funcionários, saltou para quase R$ 80 mil e 38 funcionários. Somente de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), os gastos chegam a R$ 30 mil.

Além do repasse mensal do Sistema Único de Saúde (SUS), em torno de R$ 100 mil feito pela Prefeitura, segundo o prefeito, são recebidos outros R$ 25 mil do Estado a título do Pronto Atendimento de Urgência (Padu), que tem data para acabar, dizem. Além disso, o hospital possui seus parceiros e convênios que a maioria da população não tem condições de pagar.

Enquanto a solução não vem, a administração se vira como pode. A direção do HOEMA lembra que possui uma chave Pix (CNPJ: 92.206.325/0001-43) para utilizar em arrecadações voluntárias para auxiliar no orçamento geral da instituição de saúde e agradece o apoio que recebe da comunidade de Morro Redondo e região. Ainda, o hospital disponibiliza o cartão de contribuição, que atualmente possui a média de 350 associados ao valor de R$ 73,00 por mês. “O ideal é que nós tivéssemos mil clientes que fossem sócios do hospital”, destaca Faes. Segundo o presidente, isso daria um respiro – meta que pode ser alcançada, mas precisa da adesão de empresas e da comunidade. O cartão oferece ao titular e mais quatro dependentes 20% de desconto na consulta com todos os médicos especialistas oferecidos pelo HOEMA. Uma das grandes novidades é a parceria fechada com a Clínica Pró-Vida, com sede em Canguçu, e que em breve deve atender também em Pelotas.

Outro anúncio feito pela diretora é o atendimento, a partir desta semana, de duas psicólogas. Nas terças-feiras, a psicóloga Maria Carolina Schwanz realiza atendimento infantil e do Transtorno do Espectro Autista (TEA), e nas quartas, Cíntia Bachini faz atendimentos especializados em terapia de casais, ansiedade, obesidade e dependência química.

Além disso, haverá atendimento por nutricionista especializada em saúde da mulher e enfermeira especialista em feridas e lesões, sendo que, durante o mês de maio, as avaliações serão gratuitas para definir o tratamento a ser seguido.

As obras ainda não estão 100% concluídas, faltando ainda pequenos detalhes, e parte delas foi financiada pelo governo do Estado, através do programa Avançar RS, que destinou R$ 200 mil para a obra e R$530 mil para a aquisição de equipamentos. As alterações iniciam já pela rampa de acesso à instituição, que diferencia a entrada para a internação à direita, e ao Pronto-Atendimento à esquerda. A obra, que atende as orientações da Vigilância Sanitária Estadual e tem responsabilidade técnica do arquiteto especializado em engenharia hospitalar, Matheus Vareira, inclui ainda a construção de almoxarifado, enfermaria coletiva com seis leitos e a adaptação dos antigos quartos de quatro para três leitos, totalizando 30 leitos, que é o mínimo exigido para internação, além de um quarto de isolamento, sala de descanso médico e de enfermagem, entre outros.

Após estas adaptações, o hospital aguarda junto ao Estado, através da Secretaria da Saúde, não apenas o credenciamento de 30 leitos de internação, mas também do Ambulatório de Dermatologia, que deve ser referência para 21 municípios da região. Já a rua de acesso ao hospital foi pavimentada pela Prefeitura.

Fundado em 1957 pelo médico Ernesto Maurício Arndt, ao longo de 65 anos o HOEMA atendeu gerações, desde os que ajudaram a construí-lo até seus descendentes, que atualmente também buscam os primeiros atendimentos em saúde no estabelecimento.

Enviar comentário

Envie um comentário!
Digite o seu nome