Morro Redondo: Doces Vô Jordão do Santo Amor recebe alvará sanitário de funcionamento

A Agroindústria Vô Jordão está localizada na Comunidade Santo Amor, em Pelotas. (Foto: Divulgação)

Uma longa história. Assim podemos descrever a trajetória da Agroindústria Vô Jordão, que iniciou suas atividades doceiras em 1965, quando Jordão Costa decidiu trabalhar com doces de frutas e passas de pêssego, juntamente com seu irmão e sua cunhada. Após casar com Dona Eva, em 1969, eles decidiram continuar nessa atividade como forma de sustento para a família.

Seu Jordão conta que na época enviavam doces para a famosa Confeitaria Colosso, no Rio de Janeiro: “Uma pena que já não tenho mais os talões de nota dessas vendas, mas foram muitos quilos enviados ao Rio de Janeiro”, revela. Dessa união nasceram três filhos, e um deles, Daniel, optou por seguir no meio rural, plantando, colhendo e fazendo doces.

Quando Daniel casou com Cibele, eles também optaram por continuar a tradição de fazer passas e doces e, com o tempo, assumiram o comando da fábrica, que ainda era caseira, mas já havia conquistado um espaço no comércio pela qualidade dos produtos. Muitas pessoas se dirigiam à sua residência para adquirir essas iguarias. As filhas Cintia e Estela chegaram, e a tradição se fortaleceu ainda mais com a dedicação das netas, agora na terceira geração. Foi Cintia quem resolveu dar continuidade ao processo. Com sua visão acurada de oportunidade e sua sensibilidade em relação à importância de manter essa tradição viva, decidiu enfrentar os desafios e inovar. Cintia passou a vida toda vendo as dificuldades enfrentadas pelos avós e pelos pais pelo fato de a fábrica não ser legalizada e decidiu que, para assumir, fariam as modificações necessárias e legalizariam esse negócio promissor. “Minha vontade não é passar a minha vida inteira me escondendo, com medo, sem poder divulgar, vender e levar essa tradição para o mundo. Foi então que propus ser sócia da fábrica, mas com a condição de legalizar. Por isso, procurei a Emater para nos ajudar nesse processo”, declara.

Em 2023 começou essa maratona de documentos, plantas, créditos e muita correria junto com o Escritório Municipal da Emater de Pelotas, comandado pelo chefe Francisco Arruda, com a dedicação do extensionista rural Marcelo Souza. Para Arruda, “como órgão oficial de extensão rural e assistência técnica, é muito gratificante ver a legalização da Agroindústria Doces Vô Jordão, resultado do acompanhamento técnico desde o início do planejamento do projeto e do trabalho e dedicação de três gerações da família que mantém uma tradição histórica na produção de doces coloniais diferenciados e de qualidade”.

O engenheiro de alimentos Renato Cougo, do Escritório Regional da Emater de Pelotas e assistente técnico regional da área de agroindústria deu todo o suporte técnico necessário, inclusive adaptando um tipo de desidratadora específico para esse trabalho. Renato é o responsável, na região, pelo Programa Estadual de Agroindústria Familiar (PEAF/Selo Sabor Gaúcho), que auxilia em todas as fases da implantação de uma agroindústria, pelas equipes da Emater/RS.

Desde o início, a preocupação de todos foi seguir as normas sanitárias legalmente exigidas para uma agroindústria de doces, sem perder os aspectos importantes da tradição, já que a família detém o Registro de Patrimônio Imaterial no IPHAN no Livro dos Saberes desde 2018. “A passa de pêssego é feita uma a uma, moldada à mão. É um trabalho totalmente artesanal”, ensina Cibele Costa, que sabe como ninguém fazer uma boa passa. “Manter a tradição viva numa família que desenvolve essa atividade desde 1965 é uma honra e um desafio para nós, técnicos”, diz Renato, que é o responsável pelo projeto e pelas adequações necessárias. A Agroindústria Vô Jordão está localizada na Comunidade Santo Amor, em Pelotas. Mas, como está na divisa entre os municípios de Pelotas e Morro Redondo, o escritório municipal da Emater de Morro Redondo também tem presença marcante junto à família.

Foram muitas dificuldades enfrentadas pela família nesse período de obras, documentos e crédito, pois eles tiveram que manter a produção e, ao mesmo tempo, construir a agroindústria. Infelizmente, a safra de pêssego da família no ano passado sofreu muitos problemas com as intempéries, como granizo e geada, o que dificultou ainda mais a caminhada. Mas eles estavam decididos a vencer. E foi no dia 24 de julho que esse sonho se tornou realidade após a visita da equipe da Vigilância Sanitária da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde de Pelotas. Tudo o que eles viram lhes encantou: além da linda história da família, todas as exigências sanitárias foram cumpridas. Então, o alvará foi emitido no dia 25 de julho, um dia memorável para toda a família de Seu Jordão e para os técnicos que auxiliaram, assessoraram, orientaram e torceram para que tudo ficasse a contento. E, com certeza, também para todos os consumidores mais distantes, que agora poderão conhecer esses doces únicos.

“Ser doceiro, colono, agricultor não é algo simples, não é para qualquer um. Tem que vir de dentro, tem que amar o que faz. E podem ter certeza que se não fosse pelo amor à tradição a passa de pêssego não existiria mais”, desabafa Cintia. Para quem se interessar em conhecer mais sobre essa história e adquirir os doces Vô Jordão, que além das passas de pêssego produzem também passas de goiaba, marmelada branca, figo e laranja cristalizados, entre outros, siga nas redes sociais: @docesvojordao. A partir do mês que vem também será aberto um espaço de vendas junto à fábrica, na Comunidade Santo Amor. Uma boa oportunidade para saborear essas delícias e ainda ouvir a história diretamente da família Vô Jordão.

Confira registros:

Fotos: Divulgação

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