I Seminário alusivo à semana do Patrimônio Imaterial Doceiro é realizado em Morro Redondo

Seminário ocorreu durante a IV Festa do Doce Colonial. (Foto: Diones Forlan/JTR)

No dia 11 de junho, junto à programação da IV Festa do Doce Colonial de Morro Redondo, o Centro Cultural de Eventos Valdino Krause recebeu o I Seminário alusivo à Semana do Patrimônio Imaterial Doceiro de Morro Redondo.

Na ocasião, a vereadora Letícia Santos (PSDB) agradeceu ao Poder Executivo, que sancionou a lei municipal de sua autoria no ano passado fazendo com que fosse possível organizar o seminário. “Espero que o objetivo tenha sido alcançado, que era ouvir os doceiros, buscar orientações técnicas e encaminhar ações junto as esferas governamentais e órgãos de fiscalização no que diz respeito à legislação, para que os doceiros possam seguir produzindo seu doce de forma artesanal e com responsabilidade. Agradeço imensamente também aos parceiros que construíram juntos o seminário, Emater Municipal, gabinete da vice-prefeita, secretaria municipal de Desenvolvimento Rural e Turismo, Daniel Vaz, antropólogo, GT da Salvaguarda, Museu Histórico e Associação dos Empreendedores de Turismo (AETMORE), a toda comunidade e autoridades que se fizeram presentes”, disse.

A presidente da AETMORE, Sabrina Waltzer apontou a importância de colocar em pauta o doce colonial e discutir ações. Além disso, falou sobre um projeto cultural que está sendo criado para ter o doce colonial junto.

A gestora de projetos do Sebrae Jussara Argoud destacou a importância em ver o crescimento do município com novos empreendedores. “O projeto tradição doceira é a valorização da cultura, mas também do turismo, que atrai muitas pessoas em grande fluxo, pois os turistas querem levar produtos coloniais para darem de presente e consumir. Com isso, é um potencial muito grande que Morro Redondo tem”, disse.

Representando o Legislativo, o vereador Thiarles Schneider (PT) parabenizou a vereadora Leticia pela iniciativa do seminário, para manter a tradição doceira viva em Morro Redondo. O secretário de Desenvolvimento Rural e Turismo, Antonio Martins, colocou a Secretaria à disposição e disse ser parceiro do setor doceiro, que agrega valor aos produtores como mais uma fonte de renda.

(Foto: Diones Forlan/JTR)

Para o agricultor familiar e antropólogo Daniel Vaz, o seminário teve um importante papel ao proporcionar o reencontro dos envolvidos com a salvaguarda da tradição doceira em Morro Redondo, além de levar novas pessoas e instituições interessadas. “É preocupante saber que pessoas que são reconhecidas como referências em nossa tradição doceira estejam deixando de produzir por diferentes razões. Razões essas que foram apontadas no momento do registro, mas que pouco conseguimos avançar. Em realidade, o que precisamos é nos juntar em um grande grupo, caminhando por objetivos comuns. Cada pessoa, cada instituição, é parte de um todo seguindo em uma mesma direção. Além disso, precisamos sair do âmbito do município e nos articularmos em redes mais amplas. Acredito que o seminário e os encaminhamentos decorrentes foram um passo importante nessa construção”, apontou.

A vice-prefeita Angelica Boettge dos Santos (PSDB) destacou a importância do seminário para a tradição doceira no município. “Este seminário é mais um passo com responsabilidade, pois temos o reconhecimento do IPHAN para manter viva e cultivar os saberes dos idosos para as crianças e os nossos jovens. Precisamos buscar formas de melhorar a renda das famílias cultivando esse trabalho familiar. Aproveito a oportunidade que o deputado estadual Pedro Pereira (PSDB) e o representante Flavio Almeida do deputado estadual Fernando Marroni (PT) estão presentes no evento para destacar a importância de termos uma legislação que não cobre dos doceiros e doceiras a mesma fiscalização das indústrias”. Ela apontou ainda que no decorrer de agosto o IPHAN estará presente no município para discutir está pauta e que após a Fenadoce, outros municípios da região como Pelotas, também querem se agregar na discussão deste segmento.

Deputado estadual, Pedro Pereira (PSDB) citou que hoje, no país, deve haver uma revisão de leis que facilitem o acesso a quem quer trabalhar e produzir produtos de forma colonial. “Sou parceiro para lutar por avanços neste setor com menos burocracia. Importante mudarmos esta realidade para que as pessoas possam viver no interior, trabalhando e gerando renda”, disse.

O prefeito Rui Brizolara (União), disse que o município está apoiando o turismo e os empreendedores, que estão atraindo inúmeros turistas “que vêm com frequência a nossa cidade devido a nossa beleza natural e para adquirirem nossos produtos coloniais. O doce colonial tem grande potencial e pode ser um dos carros chefes do turismo que vai alavancar os pequenos agricultores para venderem em grande escala os seus produtos. O que nos preocupa é que devido à legislação, e pessoas com mais idade, nós tínhamos mais de 20 doceiros e agora temos bem poucos. Há dificuldade por terem que fazer investimentos altos. Precisamos criar alternativas para continuarem no mercado, poder possibilitar o retorno de outros e agregar novos para que não se perca esse conhecimento”, destacou.

Durante o seminário, através de painéis intermediados por Daniel Vaz Lima, foram abordados:

– A tradição doceira no contexto da agricultura familiar, por Cléria Terezinha Bet Jacondino, extensionista rural social do escritório da Emater-RS/Ascar de Canguçu e bacharel em Ciências Domésticas.

– Os pré-requisitos para a estruturação de Agroindústria por Antônio Martins, médico veterinário, secretário de desenvolvimento rural e turismo e coordenador do Serviço de Inspeção Municipal (SIM).

– Construção do Sistema Agroflorestal Doceiro: Desenvolvimento Territorial através da agroecologia e do patrimônio cultural imaterial por Tatiana Porto De Souza, mestra em desenvolvimento territorial e sistemas agroindústrias pela UFPEL, doutorando em educação ambiental pela FURG e turismóloga.

– Relatos e vivências de produtores artesanais pelas doceiras Cibeli Macedo Costa e Esther Cruz Praia.

– O tacho de cobre como agente das tradições doceiras coloniais em Morro Redondo, por Andrea Cunha Messias, graduada em biologia (UESC-BA) e em Museologia UFPEL, mestranda do programa de Patrimônio Cultural e Memória Social (UFPel) na pesquisa sobre a rede de atores envolvidos no processo de patrimonialização e de salvaguarda das tradições doceiras coloniais em Morro Redondo, atua como voluntária no Museu Histórico de Morro Redondo desde o ano de 2013 e atualmente, preside a Associação Amigos da Cultura.

– Do Tacho à Indústria, demonstrado por Laura Neumann, proprietária da Indústria de Conversas Neumann.

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