Morro Redondo: Grupo de Stiepen cultiva tradição dos colonizadores

O grupo, formado por instrumentistas, violonistas e gaiteiros, percorre as casas da localidade entoando canções e levando alegria (Foto: Luciara Schneid/JTR)

A musicalidade da cantora e compositora Sabrina Waltzer se juntou à alegria de alguns conterrâneos que reativaram uma antiga tradição da cultura pomerana, o Stiepen, que na tradução para o português significa “cutucar”. Segundo Sabrina, após uma pesquisa sobre o tema ela descobriu a verdadeira origem do nome, aportuguesado para Stipa. Trata-se de uma serenata realizada para “cutucar” a primavera, no hemisfério Norte, período que no hemisfério Sul coincide com o outono. O evento é realizado durante a primeira lua cheia da primavera, que ocorre na Páscoa.

A tradição, uma brincadeira entre amigos, foi trazida pelos mais velhos e ensinada aos mais jovens, que se engajaram por causa da musicalidade e alegria que transmite. O grupo, formado por instrumentistas, violonistas e gaiteiros, percorre as casas da localidade entoando canções e levando alegria. Em contrapartida, os anfitriões oferecem comida e bebida aos visitantes, em retribuição à serenata. A brincadeira também é marca registrada do Stiepen, que na sua origem, exigia que os visitados entregassem seus ovos de Páscoa.

“Trata-se de uma tradição que une muito as pessoas e relembra a história”, dizem os integrantes Ervino Büttow, Letícia Santos e Carmen Büttow. Segundo eles, o grupo foi reativado em 2008. Em 2014, suas apresentações foram incluídas no Roteiro Turístico Morro de Amores, passando a ganhar maior visibilidade, principalmente entre os turistas.

Na Páscoa, o Stipa ocorre na noite de sábado para domingo, a partir da meia-noite e já contou com a participação de, pelo menos, três grupos que se dividiam entre as diferentes regiões da cidade, para dar tempo de atender a todos. Em cada casa, o grupo toca em torno de três músicas, que podem ser bandinha alemã, gauchesca ou popular, como forma de levar a “Boa Nova” às famílias. “A primeira é para acordar o pessoal e é tocada de preferência na janela do quarto”, contam. Eles ressaltam a importância da figura do gaiteiro no Stipa, já que com a participação da gaita, a animação é ainda maior. “Trata-se de uma noite mágica, marcante”, dizem.

Mas a tradição não ficou restrita à Páscoa e o grupo passou a ser solicitado para outras festas, se tornando um atrativo turístico do município. “Não dá para pensar em uma festa do Roteiro sem o Stipa, sem ele o evento não está completo”, ressaltam. O grupo já teve participações na Fenadoce em Pelotas e é presença garantida na Festa do Doce Colonial de Morro Redondo, realizada anualmente no segundo final de semana do mês de junho, entre outras inúmeras comemorações no município.

Através de verba da Lei Aldir Blanc, foi realizada a Live do Grupo de Stiepen de Morro Redondo, que contou com partes do documentário Stipa, Stipa Osterhase, origens e adaptações no município, disponível na página do Facebook do grupo. Uma grande perda para o grupo foi o integrante, Ewald Thiel, na percussão e gaita de boca, que faleceu em 2020, com 85 anos.

O grupo para a serenata tem presença quase certa de Edilomar de Almeida na voz e acordeon, Daniel Bender no acordeon, na voz e violão Sabrina Waltzer e também Dérick Rösler, Carmen Büttow e Quirian Bender no vocal e percussão, Letícia Santos e Carolina de Almeida na percussão.

Para as apresentações, alguns antigos participantes da serenata, como também músicos da cidade ingressam no grupo. São eles: Airton Sidinei Krolow o “Frischtick” na tuba e no trombone, Bruno Lüdtke no bandoneón e no saxofone, Wilson Feldens na gaita, Flávio Lilge na voz, Ervino Büttow na guitarra e Lázaro Krolow no baixo.

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