Uma das inovações na política de Jaguarão é a formação dos vereadores que irão compor o próximo mandato na Câmara Municipal. Dos nove legisladores, apenas quatro foram reeleitos. A reportagem do JTR entrou em contato com os nove vereadores para prestarem seus depoimentos, mas somente quatro retornaram até o fechamento desta edição.
Eleita como a única mulher na Casa, a jornalista Maria Fernanda Passos (PT) ressaltou que a política faz parte da sua vida desde os 13 anos. “Sou filha de petistas e sempre estive dentro do partido, participando de reuniões, campanhas, etc. Depois, quando fui fazer faculdade, entrei para o Movimento Estudantil, depois Movimento Feminista, de luta pelos direitos das mulheres e combate às violências. A política faz parte da minha vida. Inclusive, sempre digo que a minha maternidade também é política. Desde que me tornei mãe, minha luta contra as injustiças se tornou ainda mais forte”.
Quanto ao fato de ser a única mulher eleita no município, Fernanda disse não ser um bom sinal para o desenvolvimento da sociedade jaguarense. “Mostra o quanto precisamos avançar na diversidade de ocupação desses espaços. Sou a única mulher em uma Câmara composta somente por homens brancos. Minha tarefa é de dar voz e representatividade a todas as ‘minorias’, sempre ao lado dos trabalhadores e trabalhadoras, de quem mais precisa do poder público. Vivemos em uma sociedade que ainda maltrata as mulheres e resiste a nossa ocupação dos espaços de decisão e poder. Não é uma tarefa fácil. Mas também esse mandato não é só meu, é de um coletivo, de muitas mulheres e homens que sonham e trabalham por uma cidade melhor. Isso garante que, mesmo em meio às dificuldades, podemos avançar”, destacou a vereadora.
Dentre seus projetos na Câmara, Fernanda pretende ocupar a Procuradoria das Mulheres e trabalhar campanhas de valorização. “Quero também construir ao longo dos quatro anos núcleos do mandato nos bairros da cidade para trabalhar junto à comunidade, pensando os territórios, valorizando as potencialidades dos locais, transformando as realidades. Também cumprirei com meu papel de fiscalizadora do Executivo, sendo a voz das demandas da comunidade no que diz respeito aos serviços públicos e aos direitos dos cidadãos. Será um mandato construído com as pessoas e para as pessoas”, finalizou.
Em seu primeiro mandato como vereador, Wallison Silva Pinto (PDT) se candidatou ao cargo para representar os interesses do povo, das minorias que não têm voz e para defender os direitos das pessoas – em especial das famílias atípicas. “Foi uma bandeira que levantei na campanha por ser um pai atípico e saber das dificuldades que enfrentamos no município com a falta de estrutura e profissionais especializados que atendam às necessidades dos atípicos, tendo em vista que o número de diagnósticos vem aumentando”, pontuou. Dentre suas metas está a articulação junto com deputados estaduais e federais de emendas parlamentares destinadas à saúde e à educação.
Participar de forma ativa nos bairros ouvindo as demandas da comunidade e trazendo para Câmara propostas que beneficiem a todos, construindo uma ponte entre a população e o Poder Legislativo também estão entre os projetos do parlamentar.
O vereador Lisandro Lenz (PT), que está no segundo mandato, salientou que os parlamentares do Partido dos Trabalhadores sempre voltam seus mandatos para as organizações sociais e para o diálogo com as populações dos bairros. “Tenho trabalhado uma série de pautas que considero importantes para nossa cidade, como a construção do Restaurante Popular; a retomada da construção e entrega de moradias para a população; por políticas para a produção orgânica e para a Agricultura Familiar e pescadores; pela Economia Solidária; por um melhor manejo de nossos resíduos e uma cidade mais limpa, com um ambiente mais saudável e verde; pela valorização de nossa condição fronteiriça e nossa integração com nossos vizinhos uruguaios; pela valorização da produção local de alimentos e nossas agroindústrias; pela qualificação dos serviços públicos; e valorização dos servidores. Essa é parte das pautas que carrego comigo, entendendo e buscando cumprir com minha função de vereador, legislando e fiscalizando as ações do executivo municipal”.
Quanto ao diálogo com o Executivo, Lenz afirmou nunca ter tido problemas, mas que o atual mandato iniciou com um movimento por parte dos partidos da base do governo que tentou silenciar a oposição ao não conceder cargo na Mesa Diretiva. “Por conta disso, o diálogo fica prejudicado. Quero deixar claro que esse movimento foi da base do governo, legitimado pelo governo, que quer nos retirar do cenário e da possibilidade de estabelecer qualquer diálogo. Nós, inclusive, levamos uma proposta para a reunião preparatória, onde normalmente se fazem os acordos para a composição pluripartidária da Mesa, comissões e rodízio da presidência, acordo que não foi aceito. Também protocolamos um documento na sessão de eleição da Mesa Diretiva, documento que não foi sequer lido durante a sessão e, por conta disso, votamos contra a atual Mesa Diretiva da Câmara”, sublinhou o legislador.
Em seu quarto mandato como vereador, sendo considerado o mais jovem em 2004, aos 24 anos, Fred Nunes (PSB) garantiu que entre suas metas pretende continuar trabalhando em defesa dos direitos sociais. “Nosso mandato, ao logo dos anos, se tornou uma referência para a comunidade de Jaguarão, que busca a garantia dos direitos dos cidadãos e pretendemos seguir levantando essa bandeira. Pretendemos também trabalhar pelo tema educação, queremos retomar o projeto dos uniformes escolares para as crianças da Educação Municipal, trabalhar em defesa da comunidade surda, pessoas com deficiência.
Aprovamos também um recurso para que agora este ano a Santa Casa de Caridade comece a realizar o teste da orelhinha nos recém-nascidos. O mandato também tem uma questão forte voltada ao esporte. Concretizamos o projeto da passagem estudantil que leva estudantes para realizar cursos superiores em Pelotas. Pretendemos consolidar o Conselho Municipal do Esporte e da Juventude… Enfim, atuar de forma que todos esses setores sejam atendidos”, frisou.
Eleito como vice-presidente da Casa Legislativa, Nunes destacou que pretende ter uma convivência harmoniosa com o presidente Enio Rigatti (MDB). “Tenho grande respeito e admiração pelo Enio, pretendo colaborar com lealdade, parceria e contribuições. Minha expectativa é a melhor e o compromisso é fazer com que a Câmara possa apreciar com serenidade os projetos que estiverem tramitando na Casa. Esse é o nosso grande dever como membros da Mesa Diretiva, não podemos dificultar a tramitação dos projetos. Isso, no meu ponto de vista, é inadmissível e não ético e esse problema tenho certeza que não teremos com o vereador Enio”, garantiu.
Nunes ressaltou ainda que a composição da Mesa Diretiva é pluripartidária. “Temos a presença do vereador Wallison como primeiro secretário, que foi nosso adversário na campanha, o vereador Lindolfo Holdefer (MDB) como segundo secretário, ou seja, opiniões tendo representatividade da situação e oposição”, concluiu.