Uma viagem no tempo. Este é o sentimento dos visitantes ao final do passeio pelo Museu Dr. Carlos Barbosa Gonçalves. Isto porque a residência, que abriga o local, datada de 1886, funciona como se ainda fosse habitada.
Em estilo eclético, a casa conta com 656m² de área construída e abriga uma coleção requintada e sofisticada de louças, obras de arte, fotografias, objetos pessoais e todo o mobiliário, a maioria em estilo neoclássico e art nouveau, características do final do século XIX e início do século XX.
Tachos de cobre, obras de arte, lâmpadas inglesas de 1900 são alguns dos objetos que podem ser observados no museu, fundado em 26 de novembro de 1978, e administrado pela Fundação Dr. Carlos Barbosa Gonçalves. Inaugurada em 26 de maio de 1975, é uma instituição de caráter cultural e assistencial sem fins lucrativos, instituída por testamento de Eudóxia Barbosa de Lara Palmeiro, filha de Gonçalves, consolidando a vontade que também era de sua irmã, Branca Cardoso Barbosa Gonçalves, para manter o museu biográfico de seu pai.
Após o falecimento de Eudóxia, todos os bens herdados por ela passaram para a referida Fundação. Os bens de seu irmão, Euribíades Cardoso Barbosa Gonçalves, foram herdados por seus filhos, Carlos Barbosa Gonçalves Netto e Lucy Barbosa Gonçalves. Com o falecimento precoce de seu irmão, Dona Lucy, sendo a única descendente viva da família, transferiu suas propriedades existentes em Jaguarão, para a Fundação, vindo a falecer em 03 de setembro de 2007.
A Fundação tem como objetivo principal manter o museu de mesmo nome, onde estão todos os bens deixados pela família. O local encontra-se diariamente aberto à visitação pública, de terça-feira a sábado, pela manhã das 9h às 11h, à tarde das 14h às 17h e aos domingos, das 9h às 11h, com agendamento prévio até às sextas-feiras às 11h30. Mais informações estão disponíveis pelo telefone (53) 3261-1746 ou em facebook.com/museudrcarlosbarbosa.
O Dr. Carlos Barbosa Gonçalves
Carlos Barbosa Gonçalves nasceu em 08 de abril de 1851, na cidade de Pelotas, vindo a residir em Jaguarão, ainda com pouca idade. Descendente de ilustre família rio-grandense, tem por tronco genealógico Manoel Gonçalves da Silva, irmão de Bento Gonçalves da Silva, chefe farroupilha.
Fez seu aprendizado primário em Jaguarão. Aos 15 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi matriculado no internato dirigido pelo notável Barão de Tautphoeus, prestando seus exames preparatórios no Colégio D. Pedro II, obtendo diploma de Bacharel em Ciências e Letras.
Em 26 de dezembro de 1875, aos 24 anos de idade, recebeu o diploma de Doutor em Medicina, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Logo após seguiu para a Europa, onde permaneceu por 4 anos, frequentando os principais hospitais de Paris, entre eles o Hospital Wecker, onde exerceu o cargo de chefe de clínica por 2 anos e o Hospital Val de Grâce, um dos mais famosos de Paris.
Regressando para Jaguarão, iniciou o exercício de sua profissão. Casou-se em 06 de setembro de 1879, com Dona Carolina Cardoso de Brum, filha do abastado fazendeiro José Cardoso de Brum e Dona Izabel Maria Ferreira Cardoso de Brum. Desse casamento, nasceram três descendentes: Dr. Euribíades Cardoso Barbosa Gonçalves, Dona Eudóxia Cardoso Barbosa Gonçalves e Dona Branca Cardoso Barbosa Gonçalves, todos nascidos em Jaguarão.
Em 1882 fundou o “Clube 20 de Setembro” e, com ele, o partido Republicano de Jaguarão que ergueu a figura de Gonçalves no panorama político do Rio Grande do Sul, tornando-se um dos mais poderosos esteios do Partido Republicano Rio-grandense.
Foi deputado estadual e presidente da Assembleia Constituinte de 14 de julho de 1891.
O presidente do Estado, Dr. Júlio de Castilhos, nomeou-o seu Vice-Presidente em 25 de julho de 1893. Foi o Carlos Barbosa Gonçalves o primeiro vice-presidente do Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil República.
Até 1907 manteve-se na presidência da Assembleia dos Representantes do Estado.
Em 25 de novembro de 1907, foi eleito presidente do Estado do Rio Grande do Sul. Tomou posse em 25 de janeiro de 1908 e governou o Estado durante cinco anos, no período de 1908 a 1913. Não saiu de Jaguarão para fazer campanha política, condição que impôs ao aceitar a sua candidatura.
Em 25 de janeiro de 1913, entregava o governo novamente ao Borges de Medeiros, vindo residir na cidade de Jaguarão, que adotou como berço. Em 14 de julho de 1920, foi eleito Senador da República e reeleito em 1927. Em 1929, por motivos de saúde, renunciou sua cadeira, recolhendo-se definitivamente a Jaguarão. Sua esposa faleceu em 26 de janeiro de 1930. Gonçalves faleceu em 23 de setembro de 1933, aos 82 anos de idade.