
O panorama regional sobre a situação da Covid-19 na região, divulgado pela Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) na quinta-feira (13), apontou o maior número de contaminações em uma semana durante o período da pandemia, com 3.449 casos nos 22 municípios que compõem a entidade. No mesmo período foram quatro mortes.
Especialistas apontam a variante Ômicron, que tem transmissão comunitária no estado, como a principal responsável pela nova onda. Isso porque a variante é altamente contagiosa, o que contribui com a circulação do vírus, já que a cepa é a que tem maior capacidade de transmissão dentre as já detectadas, segundo estudo divulgado pelo Ministério da Saúde do Japão.
Nos últimos meses de 2021, o país aderiu a medidas menos rigorosas no controle da pandemia, liberando eventos com pista de dança e a volta das crianças às escolas, por exemplo. Essas ações resultaram na alta do número de positivos, mas, apesar disso, os números de internações e mortes pela doença têm se mantido estáveis.
Pedro Hallal, professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), epidemiologista e coordenador do Epicovid-19, o maior estudo sobre coronavírus no Brasil, explica que isso se deve ao avanço da vacinação no país. Segundo ele, as pessoas vacinadas, mesmo quando infectadas pela Ômicron, têm risco menor de ter caso grave ou morte. Ainda de acordo com ele, a chegada da nova variante faz com o relaxamento de algumas medidas de proteção seja repensado. “A gente tem que manter a máscara, certamente, por mais um tempo e tem que evitar grandes aglomerações”, pontua.
Vacinação infantil
Neste contexto, depois de muita especulação e debates, a campanha de vacinação deve chegar ao público infantil na próxima semana. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a vacinação de crianças de 5 a 11 anos, em 16 de dezembro. O primeiro lote, com 1,2 milhão de doses, chegou na quinta-feira (13), em Campinas (SP). A previsão é que, ao todo, 4,3 milhões sejam entregues ainda em janeiro, de um total de 20 milhões compradas pelo governo federal.

A imunização infantil contra a Covid-19 deve começar no dia 19 de janeiro nos municípios do Rio Grande do Sul, seguindo orientação da Secretaria Estadual de Saúde. Crianças de 11 anos, com e sem comorbidades, devem ser o primeiro grupo a receber as doses. Conforme a secretária de Saúde de Rio Grande, Zelionara Branco, o planejamento das ações da vacinação das crianças depende do número de doses que receberá do Estado. “Nossa intenção é organizar pontos e horários específicos para vacinação infantil, pois não podemos fazer de modo simultâneo entre adultos e crianças. As doses e procedimentos são diferentes e para evitar problemas a ideia é fazer a separação em ambientes específicos”, disse. Desde segunda-feira (10), as equipes de vacinadores recebem capacitação para atender o público infantil.
Em Pelotas, a Unidade Básica de Atendimento Imediato (Ubai) Navegantes, foi a escolhida pela Prefeitura para centralizar a vacinação de crianças. O início da imunização do público infantil é esperado ainda para este mês. A secretária de Saúde, Roberta Paganini, afirma que é muito importante que as crianças sejam vacinadas contra o coronavírus. “Temos visto agora que quem mais está se contaminando são os jovens, na faixa etária de 20 a 34 anos. Então não é possível prever se a variante também não vai começar a atingir as crianças em maior grau. Por isso, é importante que pais e familiares levem as crianças para serem imunizadas quando o processo iniciar”, ressalta a titular da pasta.
De acordo com o Painel Covid-19 Pelotas, o município tem dois óbitos de crianças com até 9 anos causados pelo coronavírus. A 3ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), que abrange 22 municípios, indica também um óbito em Rio Grande. Dados contabilizados pelo Portal da Transparência do Registro Civil, mostram que, no Rio Grande do Sul, 13 crianças entre 5 e 13 anos morreram em decorrência da doença.
Hallal acredita que o País está perdendo tempo por não ter começado a vacinação desse grupo. “A vacinação das crianças protege elas próprias e protege os outros. Quanto mais gente vacinada menos o vírus circula, que é o que a gente dizia desde o começo da pandemia”, explica.
O cancelamento de grandes eventos
Com o avanço no número de casos, alguns dos maiores eventos festivos do Brasil foram cancelados. Na sexta-feira (7), as prefeituras de Jaguarão e São Lourenço do Sul, municípios que comportam os dois maiores carnavais da região, anunciaram o cancelamento da festa popular em 2022. O anúncio foi feito pelos prefeitos Favio Telis (MDB) e Rudinei Harter (PDT), na sede da Azonasul, em Pelotas.
Segundo eles, a decisão foi tomada em conjunto após avaliações do panorama regional, emitido pela associação, que mostra um aumento significativo de confirmações em todos os municípios da região.
Outros municípios como Pelotas, Rio Grande e Arroio Grande já haviam anunciado a mesma medida. O prefeito de Rio Grande, Fábio Branco (MDB), comunicou através de uma rede social o cancelamento da festa. “O Carnaval está cancelado em Rio Grande. Diante do quadro da pandemia, entendemos não haver condições de realizar a festa neste ano”, disse.
Em nota divulgada ainda em dezembro, a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB), explicou que o Executivo chegou a estudar a possibilidade de realizar um evento carnavalesco de forma controlada, com número reduzido de público e seguindo os protocolos de segurança mas, segundo ela, não seria prudente, por parte da Prefeitura, realizar o evento em 2022.
“É mais sensato dizer agora que não haverá Carnaval, da forma tradicional, do que anunciar, lá para a frente, pois a festa tem grandes investimentos e seria irresponsabilidade com a comunidade carnavalesca, além do prejuízo e frustração serem maiores”, ressaltou. A prefeitura também cancelou festas religiosas em homenagem à Nossa Senhora dos Navegantes e Iemanjá, que aconteceriam no dia 2 de fevereiro.
Apesar disso, os eventos de carnaval em clubes sociais e associações privadas, não foram cancelados no município. Segundo a titular da Saúde do município, por se tratar de atividade fechada, que permite o controle de acesso, estão permitidas até o momento, desde que siga as exigências previstas no Decreto nº 6.522/2022, que exige a apresentação de passaporte vacinal e exame com resultado negativo de até 72 horas antes.
Além do carnaval, outras festas estão sendo canceladas pelas prefeituras. Em Capão do Leão, a Festa da Melancia, que aconteceria entre os dias 18 e 20 de fevereiro foi transferida para 2023. “Temos de ser prudentes, coerentes. As festas a gente faz em outra ocasião. Agora, não podemos arriscar as vidas das pessoas”, disse o prefeito Vilmar Schmitt (PP), em reunião da Comissão Municipal de Eventos.
Até o momento, Herval mantém a realização do Carnaval, previsto para iniciar no sábado (26), com atividades até a terça-feira (1º). No entanto, a escolha da corte, marcada para este sábado (15), foi adiada.