
O início do mês de setembro trouxe consigo uma enorme quantia de chuvas para o Rio Grande do Sul. Intensificados pelo fenômeno El Niño, os eventos que afetaram cerca de 100 municípios na região sul do país, em balanço feito pela Defesa Civil registraram até o dia 14 de setembro: 47 óbitos; 940 feridos; 9 desaparecidos; 20.963 desalojados e 6.585 desabrigados.
Situação nos municípios
Em Rio Grande, na manhã de quinta-feira (14), cerca de 93 pessoas estavam abrigadas no Salão Paroquial da Comunidade Nossa Senhora da Penha, a maioria composta por moradores da Vila da Quinta, que dentre as áreas atingidas, é tida pela Defesa Civil do município como a comunidade riograndina mais afetada pela elevação do Arroio das Cabeças. Foi relatado, também, acúmulo de água em alguns pontos da Ilha dos Marinheiros e da Ilha de Torotama, principalmente nas estradas que dão acesso aos locais, ainda, na quarta-feira (13), devido ao volume das chuvas, no Corredor do Mel, uma vala se abriu com a força da água. Devido ao alto volume de chuva e probabilidade de incidentes, as aulas da rede municipal de ensino foram suspensas do dia 12 ao dia 14 de setembro.
Na cidade de Pelotas, por sua vez, o cenário não é tão diferente. Com as aulas da rede municipal suspensas até quinta-feira (14), a prefeitura vem atuando integralmente junto da Defesa do Civil no monitoramento dos estragos deixados pelas chuvas. Em depoimento nas redes sociais, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) declara que a média de chuvas registrada entre terça-feira (12) e quarta-feira (13) estava acima de 83 mm, e que somente neste mês de setembro a quantidade de chuvas ultrapassou em mais de 178% a média histórica de 122 mm. O mês de setembro, ao todo, ultrapassa 342 mm no volume de chuvas. Sendo ainda, registrados no município: falta de luz – embora não permanente; transbordamento de canais e alagamento nos bairros, como: Colônia Z-3, Dunas e Sítio Floresta. Na manhã de quinta-feira (14), a prefeitura suspendeu a linha Z-3 de transporte público e recomendou que veículos evitassem trafegar pela via até que a situação fosse normalizada. A situação mais crítica, porém, é com as zonas rurais, especialmente com o 7º distrito, onde houve transbordamento do arroio que beira o local, causando inundações na Colônia Gruppelli. As pontes de acesso, ao 4º, 5º, 6º, 7º e 9º distritos foram interrompidas na tarde da terça-feira (12).
Realizando constante monitoramento das cheias do Rio Piratini, em Cerrito, até quarta-feira (13), 60 pessoas estavam abrigadas no Ginásio Municipal Conrado Ernani Bento, a Defesa Civil informou ainda que a quantidade de pessoas abrigadas varia de acordo com o nível das águas, que na noite de quarta-feira (14), subiu, ao longo do dia, de 8 para 9 metros acima de seu nível normal, permanecendo em incessante elevação. Até a manhã do mesmo dia, o município contabilizava 115 mm no acumulado de chuvas. Na quinta-feira (14), as aulas da rede municipal de ensino retornaram normalmente.

Pedro Osório, desde o início das chuvas também esteve em situação de monitoramento do nível das águas do Rio Piratini, que após registrar na noite de quarta-feira (13) elevação de 8,5 m de seu leito, obstruindo a Ponte da Orquetra, que liga o município à Cerrito, na manhã da quinta-feira (14) – quando já marcava 10 m acima de seu nível normal, encontrava-se em ritmo de descida, para alívio de todos os moradores. Ainda, durante a tarde de quarta-feira (14), as 65 famílias que até então, encontravam-se a seis dias alojadas no Salão Paroquial do município, começaram a retornar para suas residências, levando consigo parte dos donativos arrecadados na Campanha “Ajuda, Pedro Osório”.
No município de Pinheiro Machado, até a quarta-feira (13), havia 17 pontes danificadas, cinco delas estando em avaliação para a interrupção das estradas. Uma das rodovias que faz ligação da cidade com Piratini foi interrompida. No início da tarde de quinta-feira (14), com um dia de sol permitindo trégua aos habitantes, a prefeitura municipal iniciou a recuperação do calçamento afetado pela gravidade das chuvas.
Diante da previsão de retorno das chuvas na próxima semana, municípios e autoridades seguirão monitorando o riscos de enchentes.