Eventos climáticos é o principal desafio dos produtores em Capão do Leão

Municípios e região enfrentaram grave estiagem (Foto: Divulgação)

Enquanto nas cidades a grande apreensão gira em torno da disseminação do Covid-19, para o homem do campo, o que lhe tira o sono é o longo período de estiagem, que desde novembro do ano passado, castiga as plantações, os animais e por consequência, o produtor rural. Em Capão do Leão, segundo dados da Secretaria de Agricultura, há 418 famílias em situação de extrema dificuldade provocada pelas perdas em consequência da estiagem.

Produtor de leite e soja, desde que nasceu, Jose Roberto Sedrez, de 62 anos, acredita que os efeitos desta estiagem deve se prolongar ainda por alguns meses, principalmente no leite, em que ele estima uma quebra de 50%. “Este é um ano de perdas incalculáveis para a soja e que mal vai dar para o custeio das lavouras”, acredita.

“Quem conseguiu colher contabiliza produção de 15, 25, no máximo 30 sacos por hectare. O pouco que choveu, no mês de janeiro, não atingiu todo mundo”, acredita.
Em anos normais, as médias costumam ficar entre 50 até 70 sacos por hectare. No ano passado, a média de suas lavouras chegou a 60 sacos por hectare.

Nos rebanhos, Sedrez relata a dificuldade na parte de cria, pois o produtor insemina e retorna o cio. Além disso, a comida que deveria ser armazenada para o inverno está sendo cortada e oferecida às vacas devido à baixa qualidade das pastagens. “As pastagens estão muito ruins e eram para estar verdinhas nesta época e o solo está seco uns 15 centímetros de profundidade.

No leite, a produção mínima que chega a 12 a 13 litros por vaca vem caindo a cada dia, variando entre cinco e oito litros por animal. Sedrez, que já plantou arroz, trigo, soja, milho nunca havia presenciado uma estiagem tão severa. “Os mais velhos dizem que a seca de 1964 foi pior, eu não lembro, pois era muito pequeno”, diz.

O abastecimento de água na sua propriedade, localizada no Canto Grande, vem de poço artesiano, com uma profundidade de 80 metros, perfurado há dez anos, com a participação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural (Comder), e vem se mantendo. No entanto, os dois tanques mantidos para a atividade de piscicultura estão secos. “Ainda bem que não cheguei a colocar os peixes no local, senão teriam morrido todos”, diz. As pastagens de inverno chegaram a ser semeadas, segundo ele, mas não brotaram por falta de umidade.

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