Embora as chuvas que caíram no último final de semana tenham trazido certo alívio, a situação das lavouras do município são de perdas parciais. Dados da Emater/RS-Ascar apontam prejuízos de R$ 44 milhões quando somadas as principais atividades exploradas.
No dia 12 de janeiro, a Prefeitura Municipal publicou decreto que declara situação de anormalidade nas áreas afetadas pela estiagem, resultado em danos humanos, ambientais e prejuízos econômicos e sociais imensuráveis ao município. A falta de chuvas atingiu os mananciais e reservas de água em barragens, açudes, rios, arroios e sangas na zona rural causando prejuízos à fauna e flora. Além disso, provoca falta de água para consumo de animais na bovinocultura leiteira e de corte, afetando a produção.
Devido à situação de emergência, foram mobilizadas entidades e instituições ligadas à agricultura, que atuam em parceria com a Defesa Civil e Emater/RS-Ascar. Segundo o chefe do escritório municipal da Emater, Edenilson Batista de Oliveira e o médico veterinário Hector Silva Diaz, eles estão acompanhado semanalmente a situação climática em diferentes localidades rurais de Capão do Leão e constataram que na safra de 2022/2023 houve, no mês de novembro, 40,4 milímetros (mm) de chuva e evaporou 205,4 mm, gerando um déficit de 165 mm.
Em dezembro, foram 19,4 mm de chuvas e evaporou 233,5 mm, gerando um déficit de 214,1 mm. Com a chegada do novo ano, em janeiro, até a segunda semana não havia sido registrada nenhuma precipitação, aumentando mais o saldo negativo, alinhado às altas temperaturas. Os baixos volumes de chuvas registrados ainda afetaram o desenvolvimento vegetativo das plantas de soja e milho.
O conjunto destas intempéries climáticas causou condições desfavoráveis para as culturas de soja, milho e pecuária, ocasionando prejuízos irreversíveis aos agricultores do município, como a redução no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para o próximo ano.
Confira levantamento de perdas decorrentes da estiagem
Soja – A área semeada no município na safra de 2022/2023 foi de 9,6 mil hectares e está, dependendo da época de semeadura, em desenvolvimento vegetativo ou início da floração. Cerca de mil hectares deixaram de ser semeados em razão da falta de umidade do solo, ocasionando uma perda de 35%.
Milho – Foram plantados 300 hectares dos 780 hectares previstos, sendo a cultura mais afetada pela seca, ocasionando perda de 90% da produção, com a diminuição da oferta de milho para alimentação dos animais a curto e médio prazo.
Bovinocultura leiteira – Devido à queda na oferta de forragem verde aos animais em lactação, os produtores relatam perda na ordem de 40% na produção mensal entregue para as cooperativas e outras empresas integradoras, gerando redução da arrecadação de ICMS.
Bovinocultura de corte – As pastagens foram prejudicadas refletindo na redução do ganho de peso e queda na fertilidade do rebanho. A seca afetou, também, a cultura do feijão, melancia, abóbora e hortaliças em geral. Nos dias 12 e 13 de janeiro foram registrados volumes de chuva que variaram entre 15 e 80 mm dependendo da localidade, amenizando um pouco os efeitos da falta de chuvas.