Aterro sanitário gera discussões ambientais em Capão do Leão

Atualmente, Capão do Leão produz cerca de 350 toneladas de resíduos por mês, que são enviados para o aterro sanitário de Candiota, mesmo destino de 350 toneladas diárias enviadas por Pelotas. (Foto: Reprodução)

Polêmicas em redes sociais surgem a qualquer momento, de qualquer lado, independentemente de a sua origem ter ou não uma fundamentação lógica. Basta que o tema não seja do agrado da maioria, e a discussão já está no ar, mesmo nas avaliações de quem não sabe o que está dizendo. Quando a situação diz respeito a temas públicos, todos têm uma opinião sobre. Quando se trata de saúde ou segurança, o clima costuma “esquentar”.

Discussões sobre a localização de presídios ou aterros sanitários, por exemplo, são temas recorrentes, com muitas pessoas dizendo “isso bem longe daqui”, independentemente de estar perto de outros locais.

Nos últimos dias, a pauta de acalorados debates e opiniões nas redes sociais de Capão do Leão gira em torno da possibilidade de instalação de um aterro sanitário no município para o recebimento e tratamento de resíduos coletados em vários municípios da Zona Sul. A falta de comunicação oficial sobre o fato abriu espaço para a imaginação, que se espalhou pelas redes.

A Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), que possui uma unidade em Minas do Leão, próxima a Porto Alegre, protocolou junto à Prefeitura pedidos de certidões específicas para viabilizar o estudo da possibilidade legal e técnica de investir em uma área de aproximadamente 80 hectares na zona rural do município, mais precisamente na Capela da Buena, nas proximidades da BR 293. A gestão garante que esse é o único procedimento em andamento e que há, de fato, interesse da CRVR em instalar um aterro sanitário no município para atender às necessidades da região. Recentemente, uma comissão composta por autoridades municipais, membros da Prefeitura e da Câmara de Vereadores, visitou uma unidade gaúcha da empresa, situada em Victor Graeff, um aterro sanitário de tipo positivo, que seria o modelo adotado em Capão do Leão.

“O que há de fato é esse protocolo sobre a viabilidade locacional e não uma objeção do município em receber resíduos sólidos de outros municípios, entre outras certidões menos expressivas, de interesse da empresa, como qualquer outro empreendimento”, garante o secretário municipal de Meio Ambiente, Ricardo Cruz. Ou seja, o interesse inicial e oficial é da CRVR. A Prefeitura apenas recebeu o protocolo das referidas certidões.

O vice-prefeito, Jeferson Antuarte, reconhece a complexidade do assunto e confirma que as certidões servem apenas para a continuidade do processo da empresa junto à FEPAM, mas que, em breve, a gestão municipal terá de se posicionar sobre se deseja ou não o investimento, que Rio Grande, por exemplo, está tentando atrair. Ele reconhece, também, que a região precisará do aterro.

“A capacidade do local para onde vai o lixo da região hoje está quase esgotada, e nós temos a chance de receber um empreendimento em nosso município. Mas, o que existe hoje é apenas a intenção de instalação de uma empresa de tratamento de lixo. Daqui a pouco, sim, teremos de decidir se a queremos ou não”, concluiu.

A tramitação após a emissão das certidões aponta para novos passos que envolvem a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM) para o licenciamento ambiental, ou não. Nessa fase, o município não precisa mais ser consultado, uma vez que já houve a concordância para a empresa avançar no estudo da área e na possibilidade de receber resíduos sólidos de outros municípios.

As discussões públicas sobre o aterro estão na pauta comum entre interesses favoráveis e contrários, de moradores de várias áreas do município e algumas autoridades. Fala-se que o aterro é, na verdade, um futuro lixão, prejudicial à vida e ao meio ambiente, e ninguém o quer por perto. Há também quem o defenda como gerador de empregos e renda.

Um observador que pediu para não ser identificado registrou: “É salutar a preocupação que circula, mas esse é um processo longo, que vai demandar muito tempo, e, de repente, quando houver o pedido de instalação do aterro e a resposta oficial da Prefeitura for um ‘não’, todos ficarão com cara de bobos, pois se desgastaram por nada”, disse.

Resíduos
Atualmente, Capão do Leão produz cerca de 350 toneladas de resíduos por mês, que são enviados para o aterro sanitário de Candiota, mesmo destino de 350 toneladas diárias enviadas por Pelotas.

Nota
Amanhã (26), às 19 horas, haverá audiência pública na Câmara de Vereadores de Capão do Leão para tratar sobre a instalação do aterro sanitário no município. A população, em sua maioria, não deseja a instalação e está se mobilizando para expressar sua posição.

1 comentário

  1. Materia totalmente parcial a favor da prefeitura, vocês do jornal não tem vergonha na cara? Não foram capazes nem de ouvir algum representante da comunidade ou de algum verador contrário.

Enviar comentário

Envie um comentário!
Digite o seu nome