
O novo diretor do Hospital de Caridade de Canguçu (HCC), Carlos Benhur Jacondino, conversou com a reportagem do JTR sobre o desafio de coordenar uma instituição de saúde. Jacondino já trabalhou como contador e cuidando das questões financeiras do HCC por mais de 15 anos. Ele é formado em contabilidade com registro ativo na área.
Quando questionado acerca do maior desafio à frente da gestão do hospital, Jacondino ressaltou que o prefeito Arion Braga (PP) o surpreendeu com o convite e deixou claro que o grande objetivo é uma gestão de transparência. “Uma instituição que tenha credibilidade. Que as pessoas tenham confiança naquilo que está sendo feito aqui dentro”, salientou o novo gestor.
Jacondino disse que a comunidade será sempre informada do que está acontecendo dentro do hospital. Além disso, garantiu que quer trabalhar por um atendimento humanizado e reconhecido para que as pessoas se sintam acolhidas e bem atendidas sempre que precisarem do hospital.
Por vezes, a instituição de saúde recebe críticas, principalmente em relação ao atendimento no Pronto Socorro (PS). O diretor ressaltou que o PS é para atendimentos emergenciais, no entanto, casos não emergenciais acabam sendo atendidos no local, o que sobrecarrega o setor. Jacondino frisou que a situação pode estar acontecendo devido ao horário enxuto de outros setores de saúde, como é o caso dos postos nos bairros e do Pronto Atendimento. “Isso já está sendo trabalhado com a Secretaria de Saúde. A princípio, a ideia da Prefeitura é ampliar o atendimento do Pronto Atendimento para até as 10 horas da noite. […] Isso ainda não está bem definido, mas com certeza irá desafogar bastante o Pronto Socorro”, argumentou.
Uma das grandes promessas de campanha do atual prefeito foi o atendimento e plantão pediátrico. Jacondino comentou sobre o projeto e confirmou que será uma das prioridades da frente de trabalho, apontando que a ideia é que esse atendimento seja fora do PS em alguns horários. “A ideia é que funcione das sete da manhã às sete da noite na Unidade Materno-infantil, lá no Pronto Atendimento. Fechado esse horário lá, ele vai vir para o hospital e essa criança será atendida no hospital das sete da noite às sete da manhã com um médico pediátrico que estará de plantão e nos finais de semana e feriado também vai ficar 24 horas disponível”, pontuou.

em torno de R$ 700 mil mensais, com cerca de 250 funcionários. (Foto: Reprodução/Redes sociais)
Questão financeira
De acordo com o novo gestor, o HCC possui uma dívida estimada de R$ 35 a R$ 45 milhões. O déficit se divide entre CEEE Equatorial, Caixa Econômica Federal e o restante entre outras atribuições como causas trabalhistas, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de funcionários, clínicas médicas, entre outros.
Jacondino ressaltou que, atualmente, o hospital não possui liberação para financiar novos investimentos. Por isso, é importante manter as contas em dia, mas visando o pagamento de parte do débito para que o HCC tenha maiores possibilidades de investimentos futuros.
Neste momento, a folha de pagamento da instituição de saúde gira em torno de R$ 700 mil mensais, com cerca de 250 funcionários. Desde que a Prefeitura passou a administrar o HCC, são repassados cerca de R$ 1 milhão mensais para a instituição. Ademais, o hospital possui um contrato com o Estado no qual recebe, por mês, um valor estimado em R$ 1 milhão.
O novo diretor fez questão de destacar a administração feita pela gestora anterior, Mirian Neutzling, pontuando uma ação importante que a atual gestão dará sequência. “Eles acionaram o governo federal e ganharam uma ação na Justiça que nos dá o direito ao hospital receber aproximadamente R$ 20 milhões”.
De acordo com o gestor, esse valor seria utilizado para quitar parte da dívida, sendo prioridade o pagamento relacionado a funcionários e clínicas médicas.