Em meio ao aniversário de 162 anos de Canguçu, o prefeito Marcus Vinícius Müller Pegoraro (MDB) destaca o apoio e a participação da comunidade em várias ações do governo, ainda que o momento seja de crise e economia nos cofres públicos.
Os obstáculos e os acertos
Segundo ele, houve uma parceria muito forte da população no Programa de Pavimentação Comunitária. No último ano, foi realizada a contratação de uma empresa para fazer a colocação do bloco, enquanto a mão de obra da prefeitura e a prisional fazem a parte da drenagem pluvial e a colocação do meio fio.
O novo modelo proporcionou mais dinâmica ao projeto, possibilitando um número maior de ruas e acelerando a conclusão de vias maiores.
De acordo com Pegoraro, a participação popular na construção do Plano de Mobilidade Urbana e a parceria com a Associação do Comércio, Indústria e Serviços de Canguçu (Acican), permitem uma abertura do Governo a um programa de desenvolvimento local (Prodel) que ajudam a estabelecer prioridades.
“O programa é importante para criar uma visão de município e não só de governo. Penso que isso é um paradigma que a gente precisa quebrar. O município precisa saber o que quer para daqui a 10 anos e elencar políticas públicas para cada área, como o turismo e a economia, ajudam a nortear o que queremos para a cidade”, diz.
Em meio ao desafio de fortalecer a economia municipal, o prefeito destaca a dedicação para equilibrar e manter o Hospital de Caridade de Canguçu (HCC). Conforme ele, ainda não foi possível reduzir as dívidas, mas a intervenção, que completa seis meses, não está gerando um endividamento maior. O momento com os bancos é de negociar todo o montante com um prazo longo e retomar as negativas para poder revender serviços para hospitais da região.
“Conseguimos pagar em dia os salários dos funcionários e reabrir alguns serviços essenciais como as cirurgias eletivas e a maternidade”, comenta.
Segundo o chefe do Executivo, também dentro da pasta da Saúde, no último ano, foram feitas a aquisição de duas novas ambulâncias, sendo uma delas através de emenda parlamentar e outra de recursos próprios da Casa.
Na educação, a Escola do Campo já foi implementada em oito educandários e tem sido bem recebida por professores, alunos e pais. O projeto prevê que os jovens fiquem quatro dias no educandário e um dia na sua propriedade rural, aplicando o que aprenderam. Eles passam o dia na escola, recebem três alimentações, e tem disciplinas voltadas para as atividades rurais.
“As notas melhoraram, a evasão escolar diminuiu, e em alguns lugares, a migração da rede pública estadual para municipal aumentou devido a essa nova realidade”, afirma.
As dificuldades do presente
Para Pegoraro, os maiores obstáculos estão pautados na dificuldade econômica.
Nos últimos meses, o HCC não recebeu o repasse integral do governo estadual e o Executivo precisou complementar com recursos próprios que poderiam ser destinados a outros fins.
Em uma ação judicial contra a união, o município ganhou a garantia de receber por cinco meses um acréscimo de receita de R$ 150 mil. A União repassou o pagamento ao Estado, mas o dinheiro não está chegando. “São R$ 300 mil a menos, que poderiam ser usados para quitar o passivo, ou reduzir o recurso da Prefeitura que poderia ser investido em outras áreas”, argumenta.
Recentemente, o governo do Estado anunciou o pagamento das dívidas empenhadas com os municípios. Segundo o prefeito, o valor total se refere apenas ao que foi empenhado, mas ainda não foi pago. De cerca de R$ 3,2 milhões que ele deve à Prefeitura, serão pagos apenas R$ 470 mil.
Atrelado aos poucos recursos, a administração municipal enfrenta ainda um problema ainda maior: manter em boas condições os mais de oito mil quilômetros de estradas rurais.
“Nossa maior dificuldade hoje é o sucateamento do parque de máquinas da prefeitura. Embora já tenhamos adquirido cinco patrolas novas, sete retroescavadeiras e duas novas caçambas, ainda assim temos uma dificuldade muito grande. O parque de máquinas está sucateado e estraga. De janeiro até junho já foram gastos mais de R$ 1 milhão apenas na manutenção destas máquinas”.
Um vislumbre do futuro
Na última semana, a Câmara de Vereadores aprovou um pedido do Executivo para realizar um empréstimo de R$ 17 milhões. O financiamento tem dois anos de carência e um prazo de 10 anos para pagar. Municípios da região, como Cerrito e Rio Grande, também estão participando do programa.
Para o chefe do Executivo, a decisão em tomar o crédito se deu pelo longo prazo, pela taxa de juros e por vislumbrar investimentos que poderão trazer uma redução de custos suficientes para o pagamento do financiamento.
Com o crédito, serão substituídas as lâmpadas halógenas por lâmpadas de LED. Há uma estimativa de uma média de redução de 50% no custo com iluminação pública, podendo passar de R$ 45 mil para R$ 23 mil por mês.
Além desta finalidade, o recurso será usado para comprar um novo maquinário para as estradas, e buscar reduzir o custo de manutenção com os equipamentos velhos, além de prestar um serviço melhor para a comunidade. Outra compra que está garantida é de um novo ônibus com acessibilidade para a Secretaria de Saúde.
Já na quarta linha de investimento estão as pavimentações de vias urbanas. O momento é de estudo sobre quais ruas ganharão o tratamento, mas alguns pontos já definem um pouco do que será decisivo: fazer interligação entre bairros, buscar uma via de fuga para distribuir mais o trânsito, e de solucionar os problemas da avenida 20 de Setembro, que apresenta forte desnível da pedra utilizada no calçamento.
Apesar da cidade ser vista por muitos visitantes como “um quintal de obras”, Pegoraro acredita que o investimento na educação é essencial. Segundo o prefeito, duas novas creches estão em andamento. Na Vila Isabel, a obra parada há algum tempo, será retomada com o leilão de um terreno. E na Vila Nova, a construção está em licitação.
Para o prefeito, a ampliação do contrato com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de R$ 88 mil para R$ 288 mil por ano, a retomada do funcionamento do hospital e o retorno do projeto Escola do Campo são os que mais merecem atenção.
“O retorno nós sentimos nas mães. A gente vê a capacidade do trabalho para mudar a vida dessas crianças. A Escola no Campo possibilita não apenas uma nova aprendizagem, mas a garantia de uma alimentação de qualidade para muitos em situação de vulnerabilidade social. Calçamento e obras são importantes, mas estes projetos são essenciais para a vida das pessoas”, finaliza.