Autismo em foco, conheça a evolução do tema em Canguçu

Integrantes da Associação de Mães, Pais e Amigos dos Autistas de Canguçu (AMPAAC) (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

A conscientização sobre o autismo vem sendo uma pauta discutida em diferentes esferas da sociedade. Por conta de sua relevância, a temática alcançou níveis para além de uma conversa sobre saúde. Em Canguçu, o assunto tomou força e passou a ser amplamente discutido nos últimos dois anos.

Surgimento do debate
Após aumento significativo na demanda de crianças atendidas pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Canguçu (Apae), em 2019, foi criado a Associação de Mães, Pais e Amigos dos Autistas de Canguçu (AMPAAC).

A partir disso, a instituição passou a se mobilizar, participando de reuniões com a Prefeitura Municipal e conseguindo o primeiro convênio com o Executivo, permanecendo o grupo unido, que em princípio, realizava campanhas para auxiliar pais que não conseguiam pagar por algum exame.

Após o surgimento da AMPAAC, diversas questões passaram a ser solicitadas com maior independência e autonomia na luta pela causa do autismo. O grupo se ampliou, possibilitando a criação de eventos, como a Semana de Conscientização sobre o Autismo, e a arrecadação de recursos por meio de ações, como brechós e pedágios.

Conquistas no município
A associação administra o grupo Autismo em Foco Canguçu e vem abordando essa temática a partir da divulgação de informações sobre o tema.
Em pouco tempo, foram sendo conquistados novos espaços, como a lei municipal da prioridade para pessoas com TEA [Transtorno do Espectro do Autismo], trabalhos de conscientização nas escolas e o ato da Caminhada Azul.

A vice-presidente Tatiele de Castro Duarte contou que um dos principais objetivos futuros da associação é criar um centro de atendimento aos autistas, local que suporte a demanda total do município. Com isso, promovendo o acolhimento e prestando suporte para os novos membros.

Ela relata que a pandemia de coronavírus trancou alguns projetos desenvolvidos pela associação, mas pretende retomar assim que passada essa situação para que o centro possibilite atender as crianças que têm um diagnóstico, bem como as demais que ainda virão a ter.

Cada caso é um caso
O autismo é uma condição neurológica vitalícia que se manifesta desde a infância, independentemente de sexo, raça ou nível socioeconômico. O TEA acarreta em prejuízos na comunicação e na interação social da criança. Cada vez mais, estudos apontam um crescimento no número de diagnósticos.

Nara Blak, mãe de Endjhel Blak Mulling, uma menina autista de quatro anos, contou que procurou um pediatra por ter identificado que sua filha ainda não havia falado aos 2 anos.
Foram quatro profissionais que indicaram diferentes alternativas sobre o desenvolvimento da fala. Uma delas foi a iniciação do convívio social, indo para a creche, mas após dois meses, Endjhel não havia tido sucesso na interação com os demais, tanto professora, quanto colegas.

Nara Blak e sua filha Endjhel Blak Mulling (Foto: Liziane Stoelben Rodrigues/JTR)

A mãe procurou uma neuropediatra para saber um diagnóstico mais específico que atestou o autismo. Ela conta que a experiência de receber a notícia foi bastante dolorosa, mas fez desse sofrimento uma luta, entendendo e aprendendo sobre o tema.

“Precisamos estar preparados para viver em sociedade, preparados para falar sobre esse assunto, preparados para fazer os nossos filhos viverem nesse mundo que temos a dar para eles, fazer com que a sociedade aceite suas restrições, do jeito que são. Eles são todo coração, só fazem as coisas se estão realmente sentindo”, disse Nara.

Além disso, ela relatou que se sente privilegiada em poder conviver com uma criança autista, pois “quando mais amor damos para eles, mais eles devolvem”.

Orientações e importância do diagnóstico
O quanto antes um diagnóstico acontecer, melhor será o acompanhamento com os profissionais adequados. O diagnóstico de autismo é apenas clínico, para chegar até ele precisa observar o paciente, seu comportamento e também analisar informações dadas por pessoas que convivem com ele.

Alguns sinais podem ser observados pelos pais, que devem procurar amparo de profissionais adequados para se ter um diagnóstico correto. Um profissional qualificado indica o grau de classificação do autismo, divididos em três níveis: leve, moderado e severo.

Neuropsicopedagoga Tarsia Vargas Coelho ressalta a importância da equipe ser atendida
por uma equipe multiprofissional (Foto: Liziane Stoelben Rodrigues/JTR)

A neuropsicopedagogia auxilia na aprendizagem de alunos com TEA através da busca pelo entendimento do cérebro da criança, seu funcionamento e processamento de informações, podendo auxiliar professores e pais na adaptação curricular e monitoramento da aprendizagem. É possível realizar adaptações curriculares que favoreçam o aprendizado de crianças autistas no ensino regular. No entanto, o professor precisa ser assessorado e conhecer a forma como seu aluno aprende.

A neuropsicopedagoga Tarsia Vargas Coelho ressalta que o diagnóstico pode ser muito demorado, porém a iniciação do tratamento não prejudica a criança. Ela também enfatiza a importância da criança ser atendida por uma equipe multiprofissional que conta com diferentes profissionais da área.

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