A importância do protagonismo da mulher quilombola em Canguçu

Com três integrantes, comitiva do município participou do 2º Encontro Nacional de Mulheres Quilombolas, em Brasília. (Foto: Divulgação)

Com o maior número de quilombos da região Sul, Canguçu tem todos estes grupos devidamente certificados pela Fundação Cultural Palmares. As 16 comunidades e 550 famílias quilombolas do município se encontram nas localidades da Favila, Cerro da Boneca, Bisa Vicenta, Filhos dos Quilombos, Santa Clara, Manuel do Rego, Potreiro Grande, Iguatemi, Estância da Figueira, Faxinal, Cerro da Vigilia, Boqueirão, Moçambique, Passo do Lourenço, Armada e Cerro das Velhas.

Como uma das principais lideranças do coletivo, Maica Tainara Soares Ferreira, atua na coordenação de etnias do município e destaca o protagonismo dos quilombos na região. “Fazer parte de um município com o maior número de comunidades [quilombolas] é um orgulho, uma grande responsabilidade e um enorme desafio, mas muito gratificante. Hoje, possuímos um vínculo e laços identitários muito fortes. A maior parte das 16 comunidades são coordenadas por mulheres”, comemora.

Uma das principais lideranças do grupo, Maica Tainara Soares Ferreira atua na coordenação de etnias do município e destaca o protagonismo dos quilombos na região. (Foto: Divulgação)

Os direitos adquiridos pelos quilombolas, ao longo dos anos, são frutos de muita luta e união. E, ser quilombola tem um significado ainda mais especial para quem atua na parte de coordenação destes canguçuenses. “Pra mim, representa ser muito resistente, possuindo muita força e coragem, pois não lutamos só pelas nossas vidas, mas lutamos pelo território, saúde, educação, qualidade de vida, igualdade de direitos e acesso à terra”.

Entre as principais pautas a serem debatidas na sociedade, Maica reforça alguns pontos importantes. “Geração de renda, comercialização dos produtos, garantia do território, melhor qualidade de vida, empoderamento e autonomia, enfrentamento das desigualdades sociais e raciais, pois nós mulheres negras sofremos em dobro: por ser mulher e ser negra”, lamenta.

Participação em eventos nacionais

O grupo também atua em eventos nacionais, pautando as questões sobre os quilombos para além da Zona Sul do Rio Grande do Sul. Entre os dias 14 e 18 de junho, por exemplo, um grupo de canguçuenses participou do 2º Encontro Nacional de Mulheres Quilombolas, em Brasília. O evento organizado pela Coordenação Nacional de Articulação de Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) contou com a presença de representantes de 24 estados.

A comitiva de Canguçu reuniu três mulheres: a coordenadora de Etnias do município, Maica Ferreira, a Dra. Madaliza Nascente, representante da Comunidade Moçambique e Teresa Silva, coordenadora da CONAQ Mulher. Além delas, diversas autoridades participaram do encontro, tais como a Primeira-dama Janja da Silva, as ministras Aniele Franco, da Igualdade Racial, Cida Gonçalves, das Mulheres, e o ministro Paulo Teixeira, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

Com o tema “Resistir para Existir”, o evento levantou a importância do fomento de atividades ligadas a este tema e do fortalecimento da luta pelos direitos humanos da população quilombola. A ação objetivou discutir e avaliar, com autoridades do governo federal, políticas públicas consideradas relevantes para aumentar a qualidade de vida de mulheres quilombolas e o enfrentamento de desigualdades raciais, sociais e de gênero, em todos os espaços. “O Encontro foi maravilhoso e gratificante, um encontro de fortalecimento da nossa luta e nossas raízes”, definiu Maica.

Futuro de esperanças

Para o futuro, os quilombolas pretendem conquistar ainda mais direitos e se manterem unidos. “Minha ancestralidade é a minha inspiração para continuar lutando, pois sou filha e neta de mulheres quilombolas agricultoras muito guerreiras. [Elas] são o meu alicerce e espelho para continuar sempre na luta, que é árdua e nunca foi fácil pra nós”, planeja.

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