
A maçã, um dos símbolos de Arroio do Padre e que recebe destaque durante a tradicional festa, ao lado do caqui, carrega também uma marca forte: o sobrenome Behling. Apesar do cancelamento das comemorações do aniversário devido à pandemia de Covid-19 e do falecimento do produtor pioneiro Wilson Behling – há quase dois anos -, a cultura resiste, tocada pelos sobrinhos André e Elvis Behling, que contam ainda, com a relevante ajuda da tia, Arlete Behling, viúva de Wilson.
Neste ano, a fruta cultivada desde 2000 e que se tornou o carro-chefe na propriedade surpreendeu com uma produção que chegou a 150 toneladas. “Foi um ano bom para a maçã e como não tem festa se vendeu tudo ainda em janeiro, quando ocorre a colheita”, diz Elvis. Anualmente, é de praxe fazer uma reserva de, pelo menos, quatro toneladas de maçãs para a festa, em câmara frigorífica a 1ºC, o que mantém a integridade da fruta.
Elvis relata um acontecimento inusitado: a venda de 50 toneladas para Caxias do Sul, na região da Serra, um dos municípios considerados maiores produtores de maçã no estado. No entanto, o maior volume foi vendido para municípios como Pelotas, Camaquã e São Lourenço do Sul, além de uma pequena parte para Campina Grande, na Paraíba.
Na propriedade em que são cultivados, ainda, o pêssego (cinco hectares) e a ameixa (meio hectare) – com resultado superior a 50 toneladas nesta safra –, sete hectares são destinados aos pomares de maçã da variedade Eva, uma das preferidas pelo consumidor devido ao sabor e doçura.
Atualmente, são dez mil plantas em produção da fruta que possui ciclo semelhante ao pessegueiro, se mantendo em dormência durante o outono, quando a folha cai, em junho é feita a poda das plantas e em setembro, o raleio. As frutas ficam prontas para serem colhidas em janeiro. O clima da região contribui para que a maçã tenha uma melhor coloração e sabor diferenciado e adocicado. Parte do pomar, em torno de 50%, é irrigado por gotejamento.
Após a colheita, as frutas passam por classificação e seleção, antes de serem enviadas para o mercado consumidor. E este foi um dos principais gargalos para os produtores nesta safra, por causa da grande produção e escassez de mão de obra. Houve problemas na classificação, que foi um pouco mais demorada do que de costume. Na colheita, são contratadas de 10 a 12 pessoas para ajudarem no pomar, mas a classificação fica restrita aos produtores. Outro entrave foram os altos custos dos defensivos agrícolas, que têm o preço dolarizado e geraram um alto custo de produção à cultura, que neste ano chegou a R$ 100 mil.