Após primeiro óbito, Rio Grande tem 24 casos confirmados e 60 suspeitos de leptospirose

Devido aos danos causados pelo aumento do nível das águas, a população mais atingida deve tomar diversas medidas para evitar a contaminação. (Foto: Emilly Baumbach)

Por: Juliana Pontes

Rio Grande registrou, em 9 de junho, o primeiro óbito por leptospirose decorrente das recentes enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul entre abril e maio. De acordo com a secretária de Saúde do Rio Grande, Zelionara Branco, a cidade, que enfrentou a forte elevação do nível da Lagoa dos Patos no último mês, registra atualmente 60 casos suspeitos, 24 confirmados, 17 descartados e um óbito.

Devido aos danos causados pelo aumento do nível das águas, a população mais atingida deve tomar diversas medidas para evitar a contaminação. “Os profissionais de saúde do município foram treinados para identificar precocemente os casos”, afirmou Zelionara, destacando a importância de uma resposta rápida para o controle da doença. A secretária também ressaltou a necessidade de medidas individuais para evitar a disseminação da leptospirose no momento da limpeza em áreas de risco. “Recomendamos o uso de equipamento de proteção, como luvas, máscaras e botas, durante a limpeza dos espaços e evitar contato direto com a água e ambientes atingidos”, explicou.

A secretária de Saúde alerta que os sintomas da leptospirose incluem febre, dor de cabeça, dor no corpo (principalmente lombar e panturrilhas), náuseas, vômitos e dor abdominal. Os sintomas podem aparecer até 14 dias após o contato, com registros de casos até 28 dias após a exposição. “É fundamental procurar precocemente os profissionais de saúde, já que os sintomas podem ser confundidos com outras doenças menos graves”, orientou Zelionara.

Transmissão e Riscos

O médico veterinário e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Sérgio Jorge, explicou que a doença é causada por uma bactéria eliminada pela urina de animais infectados, principalmente roedores. “A bactéria sobrevive na água e penetra no corpo das pessoas e dos animais domésticos através de lesões na pele ou até mesmo pela pele íntegra em contato com água contaminada”, afirmou o profissional.

Jorge detalhou o motivo do aumento dos casos durante as enchentes: “A urina contaminada dos ratos que vivem nos esgotos e bueiros mistura-se à água da enchente e à lama, favorecendo a dispersão da bactéria. Qualquer pessoa ou animal doméstico que tenha contato com a água ou lama contaminada pode infectar-se. Animais domésticos devem ser vacinados”, explicou.

Mesmo com a diminuição dos níveis das águas na região, o risco de infecção permanece. “A bactéria é capaz de sobreviver por longos períodos na água ou na lama, portanto, podem ocorrer novos casos tanto em humanos quanto em animais domésticos, caso não sejam tomadas as medidas de prevenção”, alertou o veterinário.

A secretária de Saúde do município e especialistas enfatizam a necessidade de vigilância contínua e a adoção de medidas preventivas para controlar a disseminação da leptospirose na região. A cooperação da população é crucial para prevenir novos casos e minimizar os impactos da doença após as enchentes.

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