A rio-grandina Nicole Silveira, melhor atleta brasileira nos Jogos Olímpicos de Inverno disputados em Pequim, no mês passado, foi homenageada na segunda-feira (28) na Prefeitura do Rio Grande. Ela recebeu uma placa de reconhecimento por seu feito para o esporte nacional.
Residente no Canadá desde os sete anos de idade, Nicole optou por competir sob a bandeira brasileira nas Olimpíadas e já em sua primeira participação no skeleton ficou em 13° lugar. Este foi o segundo melhor resultado obtido por um brasileiro nos jogos de inverno e o melhor de toda a história em esportes de gelo, além de ser o melhor tempo de toda América Latina na modalidade.
“A experiência nas Olimpíadas foi além do que eu poderia imaginar. Fazem três anos e meio que eu pratico e se parar para pensar comparando com outros atletas que estavam lá e tinham entre seis e 20 anos de experiência, foi uma evolução muito boa e um grande resultado, mas como atleta a gente sempre quer mais, então acho que tenho muito para evoluir no próximo ciclo olímpico”, diz.
Há seis anos sem visitar o Brasil, Nicole se diz emocionada e alegre com a recepção calorosa que tem recebido por onde passa. Para o prefeito Fábio Branco (MDB) as homenagens prestadas a atleta, como a de segunda, são uma obrigação.
“Precisamos reconhecer nossos atletas de alto nível pois precisamos ter boas referências, especialmente no esporte que é uma das mais importantes ferramentas de inclusão social e quando se tem uma referência mundial que é rio-grandina devemos fazer todas as homenagens, mais ainda porque ela escolheu competir pelo Brasil”, afirma.
O superintendente de Esporte da Secretaria de Município da Cultura, Deivid Pereira, por sua vez, destacou o vínculo afetivo da atleta com a cidade e, também, a tradição da família Silveira no esporte da cidade. O pai de Nicole, Vitor Hugo Silveira foi campeão brasileiro de basquete pelo Ipiranga Atlético Clube (IAC) e o tio Marcelo Silveira Badejo foi atleta de remo.
Pereira revela que a partir da visita de Nicole, se começa a analisar formas de apoiá-la no próximo ciclo.
“Vamos ver de que forma podemos auxiliá-la pois ela é uma atleta de alta performance que está entre os 15 melhores do mundo, então todo rio-grandino deve reconhecer isso e estender a mão, porque ela hoje é uma referência no esporte nacional”, afirma.
Custos
Atualmente Nicole recebe uma bolsa atleta do governo federal de aproximadamente R$ 5 mil por mês. O dinheiro é insuficiente para pagar os custos com equipamento – um par de lâminas para o skeleton custa 600 euros, por exemplo – além das viagens, aluguéis de pistas e cachê do treinador. A temporada do esporte acontece de outubro até abril e envolve competições nos Estados Unidos, Canadá, Ásia e Europa, com longos e caros deslocamentos. A conta aproximada é de que sejam necessários 200 mil dólares/ano para manter uma rotina de treinamentos e competições.
Sem patrocínios ou ajuda suficiente para os custos, Nicole divide-se entre o trabalho como enfermeira em Calgary e a vida de atleta e banca, como pode, os gastos do esporte que a colocou entre as melhores do planeta.
