Leandro Maia lança Guaipeca no Teatro Municipal de Rio Grande e celebra sua indicação ao Prêmio Profissionais da Música

Espetáculo homenageia os 130 anos do Rio Grandino Aparício Torelly (1895-1971), o Barão de Itararé, e integra o Edital Ocupa promovido pela Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa. (Foto: divulgação)

A palavra Guaipeca significa cusco ou cachorro vira-lata. É o avatar de Leandro Maia no show de lançamento do seu LP Guaipeca: uma ilusão autobiográfica, que acontece dia 03 de abril às 20h, no palco do Teatro Municipal de Rio Grande.

“Guaipeca: uma ilusão autobiográfica” celebra o lançamento do quarto disco de Leadro, realizado em vinil através de financiamento coletivo. Os apoiadores poderão retirar suas recompensas nesta ocasião.

Neste momento, Leandro Maia também celebra as três indicações que recebeu ao Prêmio Profissionais da Música 2025, atualmente o maior prêmio do setor em nível nacional que realizado em Brasília/DF de 26 a 28 de junho. O trabalho de Leandro concorre como melhor Autor de Música e Letra, Produtor Executivo e o projeto Agimos – Agência de Indústria Criativa e Mobilização Social, sob sua coordenação, é indicado como melhor Agência de Serviços e Estratégias Digitais para Lançamentos, Artistas e Eventos.

O espetáculo já foi realizado em várias localidades do país, tais como Porto Alegre/RS (Theatro São Pedro/Olga Reverbel), Blumenau/SC (Teatro Carlos Gomes) e Floriano/PI (Teatro Maria Bonita, UFPI e Sesc/PI), ocasião em que foi selecionado no projeto Circula Sesc Artistas Gaúchos pelo Brasil. Guaipeca já foi traduzido a outras línguas e já foi apresentado em outros países: como Zaguate, apresentou-se na Costa Rica a convite do programa de Diplomacia Cultural da Embaixada do Brasil em São José; e como Stray Mongrel Dog pisou nos palcos de Bath, Inglaterra, onde integrou a programação da Conferência Anual da GALA – Global Academy of Liberal Arts, para o público de representantes de países como a Inglaterra, Quênia, Estados Unidos, Holanda, Índia, Austrália, Itália e África do Sul.

Em sua única apresentação no Rio Grande, o evento é uma realização da Prefeitura Municipal e da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa e conta com o apoio da Diretoria de Arte e Cultura da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (DAC/FURG) e da Livraria Vanguarda, onde é possível adquirir os ingressos antecipados. Dia 1º de abril, Leandro fará uma conversa com a comunidade da FURG sobre o espetáculo Guaipeca, sobretudo a influência do Barão de Itararé em seu trabalho.

Vinculado ao documentário “Paisagens – O Filme”, o disco e o show comemoram mais de duas décadas de carreira musical de Leandro e de suas andanças pelo mundo. O álbum Guaipeca foi lançado exclusivamente em LP – disco de vinil que, assim como outros trabalhos do compositor, pode ser adquirido diretamente no hall do teatro no dia do show ou através do através site https://www.leandromaia.com.br/. “Guaipeca: uma ilusão autobiográfica” não será disponibilizado nas plataformas virtuais de streaming, sendo possível solicitar o acesso virtual. Trata-se de um posicionamento do compositor que “ – não aceita a coleira dos algoritmos”.

O espetáculo Guaipeca apresenta o olhar de Leandro sobre o Brasil e o Sul Global, após quatro anos no exterior, tendo como mote sua entrada clandestina na Argentina em 2006, passando pelas experiências na Costa Rica, entre 2008 e 2011, sua fixação em Pelotas e suas passagens pela Inglaterra, Holanda, Bélgica, França e Espanha. A convite da Embaixada do Brasil em São José/CR, Leandro embarcou depois do show no TSP para turnê por três cidades do país Centro-Americano pelo programa de Diplomacia Cultural do Itamaraty. Lá, apresentou o show Zaguates Guaipecas com participações de Manuel Monestel, do grupo Cantoamérica, da cantautora Berenice Jiménez e do produtor e guitarrista Daniel Solano Ulate, da banda Infibeat.

O trabalho homenageia o riograndino Aparício Torelly, o Barão de Itararé (1895-1971), em celebração aos 130 anos do nascimento deste emblemático cartunista, e irreverente escritor e ativista cultural. Ao lado do Barão, as canções de Guaipeca homenageiam outras personalidades vira-latas da literatura e da cultura mundial como os costarriquenhos Walter Ferguson (1919-2023) e Max Goldenberg (1948 -); assim como o mestre shona do Zimbábue Chartwell Dutiro (1957-2019) e os gaúchos Dona Conceição dos Mil Sambas (Pelotas), e Jerônimo Jardim (1944-2023), falecido recentemente, e parceiro de Leandro em “Feito São Thomé”.

O álbum é composto por 12 faixas autorais, entre elas o Guaipeca que dá nome ao LP. As músicas Milagres do Barão de Itararé, Infinito e Além (Ia) e Perto de Você (ver clipe) foram criadas com apoio do 1° Concurso Ibero-Americano de Composición de Canción Popular Ibermúsicas, que teve Leandro como seu primeiro vencedor no Brasil. Além da parceria com Jerônimo Jardim, em Feito São Thomé, outras parcerias com Pablo Lanzoni e Ronald Augusto estão no trabalho, que também homenageia a Costa Rica de Walter Ferguson na canção Raining in Cahuita, praia do Caribe onde Leandro teve a honra de conhecer o mestre cancionista  ainda vivo, um patrimônio centro-americano e mundial.

Que bicho é esse?
Guaipeca é como se chama o cachorro vira-lata. Uma palavra de origem indígena, muito utilizada no sul do país para o “cachorro de rua”, “bicho solto”. Desde a vida sem documentação, no Brasil, antes de 2006 até o doutorado na Inglaterra, até 2019, Leandro relata diversas experiências como vira-lata em sua “ilusão autobiográfica”, passando pela conclusão de que sempre fora um vira-latino, mais do que um vira-lata.

Guaipeca é avatar, o alter ego, o duplo que Leandro Maia escolheu para contar histórias em três eixos narrativos interligados: o amor, o humor e a crítica social, sendo o humor a grande novidade do disco sob influência do Barão, em canções como Lourdes e o Esquerdomacho, As vaca ouvindo Mozart e Minha Barba é meu Blush, canção inspirada e dedicada à Rita Lee e Stevie Wonder.

O escritor e professor de Literatura Luís Augusto Fischer designa Guaipeca, em seu Dicionário de Porto-Alegrês (2007), o “cachorro de raça qualquer, ou melhor, de raça indefinida. Mais raramente se usa para gente interiorana e bruta, não acostumada com a cidade”.

Conforme o memorável escritor fronteiriço Aldyr Schlee, em seu “Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Riograndense” (2019), o Guaipeca é um “cusco, cachorrinho, cachorro de pequeno tamanho e de raça indefinida”.

Em Guaipeca, não se trata de louvar o complexo de vira-lata criticado por Nelson Rodrigues, mas de celebrar a vira-latinice do sul global. Guaipeca não tem complexo de vira-lata. A vira-latinice guaipeca contracoloniza, ao mesmo tempo em que problematiza identidades e estereótipos. Para o vira-latino, fronteiras não são barreiras ou divisórias, mas superfícies de contato.

Serviço:
Leandro Maia | Show Guaipeca: uma ilusão autobiográfica:
Dia 3 de abril (quinta-feira), às 20h
Onde: Teatro Municipal do Rio Grande  (Av. Maj. Carlos Pinto, 312 – Cidade Nova, Rio Grande – RS, 96211-021).
Quanto: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada para classe artística, estudantes, professores, idosos e PCDs). Solicita-se a doação de 1Kg de alimento não perecível
Ingressos: Livrarias Vanguarda Rio Grande e Partage (antecipados), WhatsApp 51 98444 6072 (antecipados) e na Bilheteria do Teatro a partir das 17:00
Classificação Indicativa: 12 anos.

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