Em torno da metade dos adultos jovens (entre 18 e 29 anos) no Rio Grande do Sul que receberam a primeira dose da vacina contra o coronavírus não retornou para a segunda dose, tão importante quanto a primeira aplicação. Nos municípios da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde, mais de 136 mil pessoas acima de 12 anos estão na mesma situação. Somente em Pelotas são quase 58,9 mil pessoas.
“Todo esse grupo está com cobertura menor de 60% para a segunda dose da vacina contra a Covid-19. Isso é muito grave. É baixíssima”, explica a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri. “Precisamos que a população complete o esquema vacinal para que exista a imunização coletiva e para diminuir a circulação do vírus”, enfatiza.
Tani Ranieri destacou que, com apenas uma aplicação das vacinas Astrazeneca, Coronavac e Pfizer – que requerem segunda dose – além de oferecer uma resposta imune menor, a durabilidade da resposta também fica reduzida. “A eficácia da vacina apontada por estudos clínicos só pode ser atingida com o esquema vacinal completo, ou seja, com as duas doses”, enfatiza. Entre as vacinas aplicadas no Brasil, até o momento, apenas a fabricante Janssen tem dose única.
Enquanto idosos, profissionais de saúde e pessoas com comorbidades estão voltando aos postos de saúde para receber dose de reforço, para além do esquema completo, mais de 670 mil adultos jovens não completaram a imunização. Quase 230 mil gaúchos nessa faixa etária receberam sequer a primeira. “Esse é um dos grupos que mais circulam na sociedade. Eles trabalham, estudam, vão a festas, frequentam os locais de maior aglomeração. Então, além de não estarem executando a sua proteção individual, também colocam em risco a proteção coletiva, incluindo os de seus familiares”, afirma a secretária adjunta da Saúde, Ana Costa.
A Secretaria da Saúde (SES) tem fornecido às 18 Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS) listas com os nomes das pessoas que não voltaram para receber a segunda dose. “A busca ativa dessas pessoas por parte da ação dos municípios é uma das estratégias que estamos estimulando e apostando, assim como sugerindo que os postos de saúde tenham horários alternativos para aqueles que não podem comparecer em horário comercial”, explica Ana Costa.
Cobertura vacinal completa dos jovens adultos:
• 18 e 19 anos: 46%
• 20 a 24 anos: 54%
• 25 a 29 anos: 61%
A secretária adjunta afirma que “mesmo com a diminuição de internações em decorrência da Covid-19 e de casos da doença nos últimos meses, constatamos nos hospitais que geralmente quem ainda apresenta agravamento não está com o esquema vacinal completo ou não recebeu nenhuma dose da vacina”.
Em todo o mundo há exemplos de países que recuaram na pandemia em consequência dos altos índices de vacinação. “Ainda vão ocorrer casos graves e óbitos pela doença mesmo em pessoas completamente imunizadas, visto que essa não é uma proteção absoluta, mas proporcionalmente ao que vivemos em março deste ano podemos proteger muito com a vacina. Não é seguro não se vacinar”, enfatiza Ana Costa.
Até a terça-feira (9), o Rio Grande do Sul já aplicou mais de 16,6 milhões de doses da vacina. E já tem 63% da população com o esquema vacinal completo, que inclui as duas doses ou dose única.
Entre os adultos, pessoas com 18 anos ou mais, que formam o primeiro grupo vacinado e o que é mais afetado pela Covid-19, quatro em cada cinco (80%) estão vacinados com as duas doses. E 94% receberam ao menos uma dose.
Entre os adolescentes, de 12 a 17 anos, que começaram a ser vacinados em julho (grupo com comorbidades), 71% já receberam pelo menos uma dose da vacina. Como começou depois, a segunda dose foi aplicada em 5,5%. Mas vem avançando rápido.
Realidade de cada região
Buscar estratégias de sensibilização dos jovens adultos em cada região do Rio Grande do Sul para recebam a segunda dose foi uma das pautas debatidas entre a secretária da Saúde, Arita Bergmann, equipe diretiva da SES e coordenadores regionais das 18 CRS na terça (9).
“Precisamos chegar nesse público. Sabendo da realidade de cada região, as CRS podem colaborar para encontrar esses jovens e descobrir por que ainda não buscaram completar o esquema vacinal. Pode-se pensar em estratégias de comunicação em bares, academias, universidades ou outros locais”, reforça a secretária.
Mais de 136 mil pessoas não retornaram para a 2ª dose na 3ª CRS
Nos municípios da 3ª CRS, mais de 136 mil pessoas estão em atraso com a segunda dose da vacina. Para a titular da coordenadoria, Caroline Hoffmann, a sensação de segurança com a estabilidade nos números de casos pode ser um fator que promove o não retorno das pessoas para completar a imunização.
“O que é um erro. A gente precisa de um esquema vacinal completo. A pandemia ainda não acabou”, disse.
Confira os números nos municípios da 3ª CRS
AMARAL FERRADOR | 1.004 |
ARROIO DO PADRE | 485 |
ARROIO GRANDE | 2.848 |
CANGUÇU | 9.064 |
CAPÃO DO LEÃO | 4.805 |
CERRITO | 1.097 |
CHUÍ | 494 |
CRISTAL | 1.705 |
HERVAL | 1.050 |
JAGUARÃO | 3.100 |
MORRO REDONDO | 837 |
PEDRAS ALTAS | 361 |
PEDRO OSÓRIO | 1.674 |
PELOTAS | 58.744 |
PINHEIRO MACHADO | 1.518 |
PIRATINI | 3.357 |
RIO GRANDE | 29.935 |
SANTANA DA BOA VISTA | 878 |
SANTA VITÓRIA DO PALMAR | 3.982 |
SÃO JOSÉ DO NORTE | 4.330 |
SÃO LOURENÇO DO SUL | 4.354 |
TURUÇÚ | 517 |
TOTAL | 136.139 |
Fonte: 3ª CRS
Com informações da Assessoria de Imprensa