A preservação das áreas de banhado e das nascentes e sua importância para o desenvolvimento da agricultura e da sustentabilidade do meio ambiente são os temas apresentados na parcela da Educação e Saneamento Ambiental, no espaço da Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), durante a 46ª Expointer. A Feira segue até domingo (3), no Parque Assis Brasil, em Esteio.
O espaço visa a sensibilizar os visitantes sobre a água como elemento indispensável na produção agrícola, apresentando formas de mitigar os impactos das estiagens. No local, os visitantes são convidados a refletir sobre a importante relação da agricultura com a água, entrando em contato com tecnologias para preservar, armazenar, consumir e para produzir.
O extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Jamir Fortunato Dalenogare, destaca que muitas famílias do meio rural ainda utilizam as nascentes como principal fonte de captação de água para o seu consumo e que reclamações de que estas estão secando são frequentes entre as famílias assistidas pela Instituição. “Nesse sentido, apresentamos para público o que ocorre antes da proteção de nascentes, que temos que ter um cuidado com a preservação e a produção da água, e como isso tem uma relação direta com a infiltração da água no solo e com a infiltração no lençol freático que podem manter a nascente viva”, explica o extensionista.
Dalenogare salienta que as secas ocorridas nos últimos três anos têm contribuição direta na redução da água do solo. “Mas, não é só isso, já que observamos que isso se deve à redução das áreas de recarga, que são as áreas de preservação permanente e de banhado que têm sido drenadas. Então, estamos quebrando um elo da cadeia hídrica e com isso a água não tem onde infiltrar, escorrendo direto para as sangas”, frisa.
O extensionista destaca ainda que a Emater/RS-Ascar possui autorização da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura para realizar a proteção de nascentes nas propriedades rurais. “A Instituição tem o consentimento ambiental para fazer essa proteção, mesmo sendo em uma área de preservação permanente, dada a importância que essa ação tem para os produtores rurais. Claro que são interferências de baixo impacto, que possibilitam a posterior regeneração da natureza, se constituindo em obra quase imperceptível e que gera excelente resultado para as famílias”.
No local, os visitantes também recebem informações sobre os manejos do solo indicados para aumentar a infiltração, a respeito das coberturas de solo para diminuir a evaporação e de políticas públicas, como o Programa Supera Estiagem, do Governo do Estado, além de orientações para obras de armazenagem e para aperfeiçoamento de uso para produção, irrigação, piscicultura, processamento e dessedentação animal.
Já a rotação de culturas, outro manejo, também é destacada, já que cada planta tem um sistema radicular que irá melhorar a qualidade do solo e contribuir para a infiltração da água. “É questão de planejamento, já que a propriedade tem que ter sustentabilidade econômica, sem deixar de lado a sustentabilidade ambiental e social que, sabemos, pode trazer consequências para as gerações futuras”, conclui.
Outro ponto que pode ser observado na parcela é o uso do biodigestor nas propriedades rurais, apresentado em parceria com a HomeBiogas. “Esse modelo permite a geração do biogás e também do biofertilizante a partir dos dejetos humanos e dos resíduos orgânicos pré ou pós preparo. Esse sistema mitiga seis toneladas de emissão de gás do efeito estufa por ano. Isso é carbono zero”, explica o diretor comercial da importadora responsável por trazer a tecnologia de Israel para o Brasil, Alberto Tafla.
O sistema é autônomo, com instalação direta no chão, em área externa, ao ar livre e com boa insolação, sem necessidade de energia elétrica e de fácil transporte. A partir de trinta dias, o biogás já é produzido e pode ser utilizado. “É um sistema pronto, dentro de duas caixas, que o produtor pode instalar sozinho devido ao seu fácil transporte e instalação”, observa Tafla.
Nesse viés, o Programa ABC+ (Agricultura de Baixo Carbono) também é apresentado no Espaço da Emater/RS-Ascar. O programa da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) coloca em prática no Estado as ações do Plano ABC, do Governo Federal, e propõe a adoção de medidas como a conservação do solo, recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, além de possibilitar a conservação da água.