Covid-19: A decisão é sua, a manifestação é da ciência e a informação é do jornalismo
A coluna cumpre o dever jornalístico de trazer ao conhecimento da população da Zona Sul o parecer científico da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), apresentado por meio da nota do Comitê Interno para Acompanhamento da Evolução da Pandemia da Covid-19:
“Alerta sobre uso de medicamentos de eficácia não comprovada como política pública no combate à Covid-19
Pelotas, 14 de julho de 2020
Em virtude dos recentes acontecimentos relacionados ao uso de medicamentos para o tratamento da Covid-19, o Comitê UFPel Covid-19 declara seu apoio às manifestações de diferentes sociedades e instituições científicas sobre o suposto “tratamento precoce” com o uso de diferentes medicamentos contra a Covid-19 e que não apresentam resultados positivos comprovados, tais como Ivermectina, Cloroquina, Hidroxicloroquina e Azitromicina.
Têm sido propagadas por diversos gestores, órgão de imprensa e profissionais de diversas áreas, experiências individuais ou estudos com problemas metodológicos para justificar o uso de tais medicamentos, contrariando a boa prática científica. Diversos grupos de pesquisadores têm estudado de maneira responsável o tema e divulgado resultados que apontam, no momento, a ineficácia das referidas medicações para fins de tratamento da Covid-19.
Toda a população mundial espera que um tratamento cientificamente efetivo para o combate à Covid-19 esteja disponível o mais rápido possível. No entanto, é inadmissível a adoção de medidas que não seguiram os preceitos básicos da metodologia científica, o que traz riscos para a população e pode implicar na responsabilização ética e legal dos gestores.
Finalmente, frente ao movimento que ocorre junto aos prefeitos da Zona Sul para a implantação do tratamento precoce como política de saúde pública para o combate a Covid-19, a UFPel reitera que não recomenda o uso das medicações para tal finalidade e sugere aos gestores que consultem e sigam as orientações de organizações científicas reconhecidas, tais como a OMS e diversas sociedades científicas nacionais e internacionais como a Sociedade Brasileira de Infectologia, a Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a Sociedade Brasileira de Virologia (SBV)”.
Assinam o documento mais de 30 médicos e pesquisadores da área da saúde.
Disponível no link bit.ly/392Rd9D.
Sem rumo
Sem nenhum viés político, todo e qualquer cidadão ou cidadã conseguiu constatar que nosso país não elaborou um projeto de enfrentamento à Covid-19.
As primeiras ações protagonizadas pelo Ministério da Saúde, sob o comando do então ministro Luiz Henrique Mandetta, restaram substituídas quando o Supremo Tribunal Federal (STF) delegou a estados e municípios a competência de conduzir a política de combate à pandemia.
Sem rumo I
No Rio Grande do Sul, prefeitos que convivem com a estrutura de saúde sucateada, necessitando, inclusive, de equipamentos de proteção individual para os profissionais, passaram a assistir o protagonismo político do governo do Estado criando bandeiras e cores e, consequentemente, definindo como os prefeitos e a população devem agir.
Sem rumo II
Pergunta: o que há de ciência nas atitudes tomadas até o presente momento?
Resposta: a pesquisa da UFPel, que comprovou como ações eficazes o isolamento social e o distanciamento social, além do uso de máscara e álcool gel determinados em protocolo internacional. O restante parece uma caminhada sem rumo, abrindo e fechando atividades econômicas.
Sem rumo III
Diante de todo esse cenário, prefeitos da Zona Sul estudam a possibilidade de oferecer à população medicamentos que supostamente atuariam como “tratamento precoce” para a Covid-19.
Cumpre a esse colunista lembrar que, no combate à pandemia, presume-se que a ação política deve fundamentar-se na ciência.