O exercício de pensar e falar sobre o comportamento da sociedade de forma coerente e consistente, requer um método, este sustentado por uma teoria, caso contrário, é simplesmente a visão individual de cada um, sobre o que vê, pensa e deseja falar, com base, em vozes da própria cabeça.
Sendo assim, eu desejo que você leitor(a), converse com estas imagens.
Fotos: Sérgio Corrêa
O título, “quanto mais visíveis, mais invisíveis”, para alguns pode parecer confuso, então vamos melhorar! O modelo econômico predominante no Brasil e noutros países, em que se aumenta o número de máquinas e diminui o de pessoas, reduzindo postos de trabalho, é causador da desigualdade social em maior ou menor dimensão.
Em Pelotas é preciso acender um grande refletor que jogue luz sobre os problemas sociais, alterando o status da população, entorpecida pela falta de tempo, de leitura, de conhecimento, que nos leva a uma cegueira coletiva que não permite pensar sobre o que o futuro nos reserva?
Nas imagens acima, percebe-se que na área central da cidade de Pelotas, depois da lei do aparato publicitário, que restringiu os painéis gigantescos afixados no frontal dos prédios comerciais, agora surgem prédios com um único pavimento, porém com altura fora do padrão, são muito altos.
O mercado é assim! Exige que as atividades comerciais sejam vistas de forma exuberante, quanto mais visíveis, maiores, mais pomposas, mais chamam atenção e, por conseguinte, mais clientes, mais vendas.
No lado oposto dessa moeda chamada capital, está a população, e dentre esta população, cresce o número de moradores de rua, os quais, no contexto dessa mistura urbana, buscam as áreas de maior circulação, isto é, o centro da cidade, para dormir e mendigar, amealhando alguns trocados. De tanto vê-los todos os dias, a população não os enxerga mais, tornaram-se invisíveis, pois já fazem parte do cenário da cidade.
Émile Durkheim, um sociólogo francês, argumentava que a sociedade é mantida unida pela solidariedade social, classificada em dois modelos. A solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica.
A solidariedade mecânica é típica de sociedades menos complexas, onde os indivíduos têm valores e normas muito semelhantes. Nessas sociedades, a desigualdade social é mínima, porque todos desempenham papéis muito semelhantes e compartilham crenças e valores comuns.
Na sociedade moderna, industrializada é onde ocorre a solidariedade orgânica, nesta as pessoas têm funções especializadas e são portadoras de habilidades diferentes, por consequência se constituem status profissionais, sociais e econômicos diferentes, o que faz crescer a desigualdade social.
O sociólogo alerta para os perigos da desigualdade social excessiva, pois o que preocupa em sociedades muito desiguais é quando as pessoas se sentem desconectadas da sociedade, podendo recorrer a comportamentos desviantes.
Este é um alerta, pois alguma política pública deve contemplar estas pessoas, auxiliando e contendo o aumento da população de rua em Pelotas. Em São Paulo a quantidade de pessoas nessa situação é tão grande, na casa dos milhares, que os governos municipal e estadual não encontram solução para retirá-los das ruas.