Continuando sobre as véstias da mentira e da verdade em momentos de coronavírus…
A antropóloga Margaret Mead foi abordada por uma aluna que queria saber qual foi o primeiro sinal de civilização numa cultura. A estudante esperava que a professora falasse sobre artefatos manuais, como anzóis, tigelas ou panelas de barro. Margaret responde que o primeiro sinal de civilização numa cultura antiga foi a recuperação de um fêmur quebrado, parte óssea da coxa da perna. A aluna, sem entender muito bem a resposta, fica atenta para a explicação da professora. Ela explica que no reino animal é preciso ter habilidades de caça para alimentar-se, correr quando houver perigo e abrigar-se, procurar água para saciar a sede. Com um osso quebrado, ninguém jamais conseguiria sobreviver por muito tempo e morreria. Quando encontra-se um fêmur quebrado que cicatrizou, podemos perceber e entender que alguém cuidou dessa pessoa. Para isso acontecer, alguém precisou levar esta pessoa para um lugar seguro, tratar o ferimento e manter os cuidados diários para a sua recuperação. Este foi o primeiro sinal de civilização numa cultura, o cuidado com o outro.
O texto acima é muito rico e resgata o momento que nós nos encontramos hoje, a quarentena devido ao coronavírus. A palavra quarentena tem origem islâmica, nos anos de 980 – 1037, por Ibne Sina, estudante de Medicina que inventou o método de isolamento em quarenta dias, após suspeitar de doenças vindas por microrganismos que disseminavam. Não existe ainda uma vacina que possa nos proteger do coronavírus (Covid-19), pois a ciência requer um certo tempo de estudo para que isso aconteça. Sendo assim, precisamos nos proteger com que temos e podemos. Digo nós porque a pandemia a qual enfrentamos é um trauma social e é através de respostas sociais que podemos sanar este problema.
Estas respostas vêm de vários sistemas sociais, quer ele dentro do macro (união de países) quanto micro (você na sua casa). Cada sistema respeitando regras e lutando em conjunto para um bem maior, o bem estar de todos em sentido à vida. Este ato humano faz-nos enfrentar situações que não tínhamos antes, que são: preocupações financeiras por precisar ficar em casa, regra de quanto posso comprar, como sair de casa, tele-entregas, como vou trabalhar e muitas outras preocupações que nos angustiam e, a maior delas, é a perda de um ente querido.
O ato humano de cuidar do outro vem de muitos e muitos anos, atravessando o tempo e registrando a nossa história.
Segundo Mahatma Gandhi: Um “não” dito com convicção é melhor e mais importante que um “sim” dito meramente para agradar, ou, pior ainda, para evitar complicações.
É… percebo que a xícara requer mais café.