Paralelepípedo de tafetá

José Henrique Pires licenciado em Estudos Sociais pelo ICH-UFPel, especialista em Políticas Públicas pela Universidade de Salamanca, Espanha, jornalista e radialista. (Foto: Divulgação)

Quando os franceses comemoraram o que lhes parecia ser a invenção do Balão Voador – o Aerostato, os portugueses lembraram que fazia 70 anos que um padre jesuíta chamado Alexandre de Gusmão já havia sobrevoando Lisboa num balão inflado com ar quente.

Saindo dos altos do Castelo de São Jorge e aterrissando suavemente mais adiante, num feito que repercutiu em toda a Europa.

Numa linha reta do tempo, dá pra imaginar o furor que isso causou há exatos 315 anos.

Educadamente, os lusitanos fizeram questão de saudar os aeronautas franceses – José e Estevan Montgolfier – pelo êxito obtido ao demonstrar as potencialidades daquele objeto em formato de paralelepípedo, reves­tido de tafetá.

Nosso Aeroporto Internacional de Pelotas – o antigo aeródromo – já foi chamado de Alexandre de Gusmão, em homenagem ao jovem jesuíta nascido na cidade de São Vicente, em São Paulo, que, posteriormente, foi residir em Lisboa.

Aos 34 anos, conseguiu realizar aquele voo pioneiro, em agosto de 1709.

Foi coisa realmente assombrosa. Houve até projetos falsos deixados mais ou menos a vista para serem furtados, tal a avidez do interesse de espiões estrangeiros e do não menos quente fogo amigo que brotava na Santa Inquisição.

É assunto que vale a pena estudar.

Resulta desse momento histórico a tal “passarola”, expressão surgida de um desenho de uma cesta de vime no formato de passarinho, que aca­bou furtado, coisa feita não para ser executada a fim de voar, mas para justamente embaralhar as ideias de algum xereta que a iria surrupiar.

Hoje, nosso aeroporto leva o nome do escritor João Simões Lopes Neto, ideia do Clayton Rocha oficializada por lei federal, de autoria do deputado Fernando Marroni.

Alexandre Gusmão dá nome à Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Ja­neiro. Empresta seu nome a uma importante fundação ligada ao Ministério das Relações Exteriores e nos orgulha a todos.

Do balão – com ele – ao avião, com Alberto Santos Dumont, a conquista dos ares deve-se indiscutivelmente a dois brasileiros. Apesar daqueles dois americanos, que fizeram voar um avião movido a bodoque. Mas essa fica para outra ocasião.

*José Henrique Medeiros Pires é Licenciado em Estudos Sociais pelo ICH UFPel, Especialista em Políticas Públicas pela Universidade de Salamanca, Espanha e jornalista e radialista

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