Você já ouviu falar desta condição?
Doença celíaca é uma condição em que há uma reação imune do próprio corpo contra o glúten, uma proteína encontrada no trigo, centeio e cevada, em pessoas com predisposição genética. Essa resposta imune afeta o intestino delgado, gerando inflamação e atrofia, prejudicando a absorção de nutrientes e podendo levar à diarreia, perda de peso, cansaço e anemia.
Apesar destes serem os sintomas clássicos, outros podem estar associados, como aumento dos gases abdominais, dor abdominal, vômitos e até mesmo constipação. Além disso, outros sistemas podem ser afetados, podendo levar a alterações dos exames do fígado, irregularidade menstrual, aftas recorrentes, cansaço, abortos de repetição e até epilepsia.
A doença celíaca não é uma condição tão rara assim: estima-se que sua prevalência no mundo chegue a 1% da população. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, ela não afeta somente crianças e adultos jovens. Estudos relatam que até 25% dos pacientes foram diagnosticados quando idosos.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito através de uma história detalhada buscando sintomas compatíveis, exames de sangue e biópsias do intestino delgado realizadas através da endoscopia digestiva alta. Para que o diagnóstico possa ser feito, é fundamental que o paciente ainda esteja ingerindo glúten e por este motivo não se recomenda a retirada do glúten da dieta antes de um diagnóstico adequado. Tanto a investigação quanto o seguimento devem ser feitos preferencialmente por um médico gastroenterologista, entretanto, é importante que todos os profissionais da saúde tenham conhecimento a respeito da doença para suspeitar e direcionar adequadamente o paciente.
Quando suspeitar da doença celíaca?
– Diarreia crônica
– Perda de peso
– Distúrbios de crescimento em crianças
– Distensão abdominal
– Anemia por deficiência de ferro
Para quem se recomenda realizar os exames de rastreio de doença celíaca?
Em alguns casos é recomendável realizar os exames para investigação de doença celíaca, até mesmo na ausência de sintomas. Conheça alguns exemplos:
– Adultos com sintomas ou sinais compatíveis da doença ou que tenham evidência de má absorção nos exames de sangue.
– Familiares de primeiro grau de quem tem doença celíaca (pais, irmãos e filhos)
– Pessoas com exames do fígado alterados
– Pessoas com diabetes tipo 1
A doença celíaca não tem cura, mas tem tratamento
O tratamento consiste na dieta livre de glúten, com acompanhamento de um nutricionista. Esta restrição não é opcional e deve ser seguida diariamente. A pessoa com doença celíaca deve utilizar utensílios de cozinha separados e preparar seus alimentos em superfícies diferentes das utilizadas para preparar alimentos com glúten para evitar contaminação cruzada.
A leitura de rótulos deve se tornar um hábito e por vezes se faz necessário preparar as próprias refeições pois são raros os estabelecimentos que servem alimentos livres de glúten e sem contaminação.
O médico gastroenterologista deverá realizar um acompanhamento para prevenção de deficiências nutricionais e avaliação da resposta ao tratamento.
Não pode nem um pouquinho!
Não é raro pessoas com doença celíaca se queixarem da falta de compreensão alheia à sua condição. Situações como familiares oferecendo alimentos com glúten e amenizando as consequências do seu consumo podem tornar um simples programa em algo constrangedor.
É necessário empatia e maior disseminação de informação relacionada a esta condição para que se entenda que o consumo, mesmo que esporádico, pode colocar a perder todo o tratamento cultivado por meses e ainda expor aos riscos que o consumo do glúten tem no caso dos celíacos.
Fazer uma dieta com restrição alimentar já é difícil, mas sem o apoio de familiares e amigos esse desafio se torna ainda maior. Levar a informação ao maior número possível de pessoas certamente é o caminho para tornar a vida daqueles com restrição alimentar muito melhor.