A participação das Forças Armadas no atendimento direto à população foi um dos pontos positivos neste período de calamidade climática no Rio Grande do Sul. Tanto aqueles que estão efetivados quanto os jovens que prestam seu período de Serviço Militar foram convocados e atenderam ao chamado de quem, mesmo sem ter voz, precisava de ajuda. Um trabalho de campo que, com certeza, lhes proporcionou uma grande experiência.
Engajaram-se desde o atendimento básico – arrecadação, transporte e distribuição de alimentos e equipamentos necessários à sobrevivência – até funções mais técnicas, prestando um serviço inestimável. Era uma bela imagem vê-los em meio às forças vivas da comunidade, ombreando esforços. Nos galpões, ginásios ou centros onde as pessoas foram abrigadas, faziam-se presença como quem cuida e protege o bem maior que todos nós temos: as pessoas.
Se este Pronto Atendimento já seria muito bom, ficou melhor ainda quando passaram a atender em Hospitais de Campanha ou em obras que melhoraram as condições de vida, tomando como exemplo os pontilhões móveis que reaproximaram muitas comunidades. Felizmente, o Brasil se junta a muitos países em que seu treinamento inclui prestação de serviços à comunidade, criando uma consciência que abandona a beligerância para ser um instrumento de cidadania.
As Forças Armadas são um serviço de Estado. Não estão sob a tutela de um governo de plantão. Tem um papel institucional que, em conflitos ou em tempos de paz, podem e devem servir à população. Esta doentia dicotomia que nos afeta precisa passar longe das Forças Armadas, sendo motivo pelo qual, para não se “contaminar”, aqueles que estão na ativa não devem (e não podem) se engajar em partidos políticos.
Cidadania sempre foi o direito da pessoa de manter a sua dignidade. Precisa chegar a hora em que integrantes das três forças não sejam vistos como “policiais” que reprimem (no bom e no mau sentido) a quem comete deslizes. Num tempo em que as defesas bélicas tradicionais não passam pelos contingentes fardados, reencontrar sua vocação está exatamente ali em meio a quem se entregou aos seus braços, na confiança de manter a própria vida.