A crise Israel/Palestina e as eleições na Venezuela têm algo em comum? Infelizmente, sim. Em ambos os casos, há interesses em jogo entre duas das potências mundiais (e nucleares): Estados Unidos e Rússia. Não é à toa que lá e cá (Oriente Médio e América Latina), frotas navais deslocaram-se para atender interesses armamentistas. O Brasil já teve (e perdeu) a oportunidade de ser protagonista como força de equilíbrio geopolítico. Hoje desfruta de um incômodo sentimento de não saber como sair de cima do muro.
Recentemente, a esquerda criticava os Estados Unidos por deslocar seus navios no mar Mediterrâneo, dando retaguarda a Israel, na sua luta contra o Hezbollah. Uma briga que a população israelita e sequer a palestina desejam. São atingidas como “efeitos colaterais”. No caso venezuelano, o resguardo russo é para manter um ditador que debocha com a sua população, assim como seus apoiadores internacionais, ao desacreditar o próprio processo democrático cobrado pela direita internacional.
Já falei sobre a relação Estados Unidos, Israel e o mundo árabe. Infelizmente, não se crê numa solução a curto prazo. Ali não é apenas uma questão de disputa étnica. Como já disse, as populações civis há muito tempo pedem por paz para poderem viver com dignidade. No entanto, vaidades, interesses financeiros e de poder (como a indústria armamentista) não se interessam por civis, depois que assumem os governos, o que se dá tanto em ditaduras travestidas de esquerda, assim como aquela que tem um verniz de direita.
O tabuleiro das relações internacionais deveria ser “jogado” por quem é preparado para entender de comércio, relações culturais, profissionais, entre outras. Criaram-se instâncias com alcance mundial para zelar pela correta relação, assim como dirimir dúvidas e conflitos. Até ali. Quando interesses que não são públicos acabam “feridos” de alguma forma, estes organismos travam. Com mais competência, os governos americano e russo “convencem” aqueles que ouvem o canto da sereia a serem seus “porta-vozes”.
As frotas americana e russa na beira dos conflitos é sintomático. Farejam sangue. Sangue derramado nas mãos de dirigentes que titubeiam em condenar os vieses autoritários. A liberdade da qual estes povos foram privados e a violência que se abateu sobre eles é uma mancha na diplomacia brasileira e no próprio governo. Triste ver que, há muito tempo, as vozes mais sensatas deixaram de ser ouvidas. Hoje, os conflitos localizados têm potencial de se ampliarem, atingindo o planeta. Rezemos para que eu não tenha razão…