Hoje, vamos falar de histórias do meu Piratini, acontecimentos pitorescos que ficaram gravados na memória dos mais antigos e que pretendo colocar no livro de causos e receitas bagualas que será editado em breve.
Cabo Amauri e o V8.
Ele era cabo da valorosa Brigada Militar, meio chefe do antigo Presídio Municipal localizado onde atualmente é a Prefeitura, em frente aos Correios. Tinha meia dúzia de venetas, talvez bem mais, e carregava o sonho de comprar um carro, mas que chispasse na estrada. Nesse meio tempo, o Cláudio Corral, malandro macaieiro velho, se chegou e ofereceu uma verdadeira joia – segundo ele, um Maverick V8 que voava. Foi olhar e se apaixonou na hora. Se acertaram no preço e, fechado o negócio, ele se foi ao Posto e encheu o tanque. Naquele tempo, não tinha asfalto, era chão, e curvas não faltavam. Em uma delas se deu o furdunço. Ele não era bom de direção, mas metido. Passando a ponte antiga do Costa, tinha umas quatro curvas e, na última, que era medonha, foi ao encontro de São Pedro capotando barranco abaixo e não havia cinto de segurança – coisas do tempo antigo.
Boteco do Jota Jota na Vila Nova e o Camanga
Sábado de tardezinha, garoando e o povo se juntava para jogar um carteado, jogo de taco e inundar as ideias com a marcada Marumbi ou Três Fazendas. Nesse entreveiro gaiteiro, em parceria com seu irmão no violão, entre um trago e outro, animavam a gauchada. No meio estava o popular Camanga já com as ideias engarrafadas e enchendo o saco do gaiteiro, pois queria uma valsa e nada de tocar. Ele tomou por desaforo e a discussão se formou. O tocador gritou de toda goela: “Vai à m****, velho chato!”. Ele deu uma rabanada e rebateu. “Tu me respeita, moleque!”. “Te respeitar por que?”. “Tu não sabe, mas já andei aos tombos com a tua mãe…”. Aí fedeu!
Que saudade das rondas
antigas no CTG 20 de Setembro
Hemininho na gaita, seu Miloca e as risadas do Francisco Canela Fina, o Conga, e o Pulga na aguada do Alfecio. Era outro mundo, com certeza! Era servida linguiça enfarinhada e uma caipira pronta de antemão para limpar a goela da gauchada. E o baile do dia 20? Sempre com Os Serranos! Era balaço de contrabando, não tinha erro, e de namoro pronto, tá pensando o quê?