Seu Augusto, popular Camanga, figura folclórica na Velha Capital era bagual e meio e tinha suas tiradas. Gostava de jogar futebol e de bombacha. Não jogava nada, mas era dono da bola.
Jogo amistoso. Camanga de bombacha arremangada e pés descalços era uma figuraça em campo. O jogo era contra um coirmão que tinha no time, um sujeito que, segundo se falava, andava dando bola para fora traindo o dito cujo atleta. Vira e mexe vão bater um escanteio e o cristão falado foi para área. O Camanga não se sofreu e berrou de toda a goela: “Oh, tchê! Tu não me coqueia o balão! Só tem esse nas redondezas e se tu furar, liquida a festa”. Quase acaba o torneio.
Camanga x Os Tupamarós
O Camanga acertou um jogo com Os Tupamarós, tradicional equipe de veteranos da Capital Farrapa. De quebra, prometeu um cabrito assado para os visitantes. Lotaram o caminhão do João Citrine e se largaram para o Cerro dos Sandi. Domingo ensolarado, a fumaça despontando as laranjeiras e um griteiro na chegada, meio que de provocação: “É canja, é canja de galinha! Arruma outro time pra joga com nossa linha”. E não parava mais de descer gente do caminhão. O Camanga deu uma coçada no cangote e vendo que o cabrito ia ser graxa em focinho de cachorro, lascou: “Zé Guaraná, se tu vê que vai faltar boia para esse povo, manda para quinta e que encham o c* de laranja”.
Sobrou boia (risos).
Camanga x boia estranha
Numa indiada por Canguçu, bateu a fome e como diziam os antigos: as lombrigas maiores estão comendo as miúdas. Chegou no Galeto Caxias, sentou e bateu palmas à moda antiga chamando o garçom e pedindo boia. Como era costume da casa, veio uma sopa de capelleti. Ele olhou e não gostou, chamou o garçom e, brabo, arrematou: “Água eu bebo em casa e não me traz verdejo que não sou coelho! Quero arroz, feijão com pelanca de porco, bastante carne, coisa que faça bosta”. E ficou ali, sério, que nem criança cagada.
Tiveram que trocar o garçom.
De quebra, o Teixerinha gaiteiro, Sexta-feira Santa, Igreja Matriz coalhada de fiéis e outros nem tanto. Nem bem inicia a missa e ouve-se o ronco de uma gaita, choramingando como porca no cio. Era o Teixerinha aboletado num banco e num porre de légua e meia. Aquela zoeira começou atrapalhar o andamento da missa e os fiéis reclamaram com o padre, que se foi ao gaiteiro pedindo para dar uma parada para a missa continuar. O gaiteiro reclamou: “Mas não tô fazendo mal a ninguém, seu padre”. O representante do Senhor abraçou-o e falou: “É que hoje é um dia sagrado, hoje é o dia que Jesus morreu”. Teixerinha largou a gaita, abraçou o padre quase chorando e lascou: “Me desculpe, padre! Eu nem sabia que esse rapaz tava doente”.
Foi difícil terminar a missa.