Uma das discussões dos últimos dias tem sido a respeito das medidas tomadas pela presidência da República para mudar a penalização para infrações de trânsito. Especialmente a pontuação dos motoristas flagrados em alta velocidade pelos pardais de estrada, assim como deixar sob critério de pais e responsáveis o uso da cadeirinha para crianças com idade em que ainda não possam usar o cinto de segurança.
A respeito dos pardais, já falei: em muitos casos faz parte da indústria da multa. Sua colocação nas estradas atende mais ao intuito da surpresa do que do efeito educativo e preventivo. Mas apenas aumentar o número de pontos é medida simplista que atua na consequência e não na causa do problema. Dá-se o direito de errar mais sem que, de alguma forma, o motorista precise reciclar seu comportamento.
Do que se fala da segurança para os menores, frase marcante veio da deputada federal Christiane Yared, que perdeu um filho: “não sei o valor de uma cadeirinha, mas sei o valor de um caixão”. Verdade nua e crua para situação em que o desleixo e máxima de que “isto sempre se dá com os outros” justifica a imprudência e o pensamento de que em distâncias curtas correr o risco é o de menos… até que o pior aconteça!
Com a morte da mãe, fiquei com os gastos com funerária, enterro, indenização de cuidadoras… descobri que o preço da morte é tão ou mais caro do que o preço do nascimento. Imaginem, então, para quem age de forma irresponsável ao conduzir os filhos e, num acidente, passa a viver com sequelas… não são somente recursos despendidos, mas traumas no motorista e naquele que sofreu as consequências do agir insano de quem deveria zelar por sua segurança.
Está comprovado que o processo de educação não se dá apenas no ensino formal. No caso, não é apenas o “direito” dos pais de optarem por utilizar ou não de uma medida de segurança. Mas a atitude de autoridades (ir)responsáveis que precisam respeitar os direitos dos menores, fazendo o regramento que preserve a vida, a integridade física, o direito ao sonhos e ao futuro de uma criança!
Enfraquecer as leis não ajuda o desempenho dos motoristas. Educação para o trânsito pressupõe consciência de quem dirige, com regras claras a respeito do seu comportamento e da sua corresponsabilidade. Veículo de transporte é instrumento que pode ser utilizado para o bem ou para o mal. No caso da cadeirinha para as crianças, as consequências, tristemente, aparecem na campanha que está em outdoors pelas principais cidades do país: “ela não queria… eu aceitei… e nós a perdemos!”