O título pode parecer pessimista, contudo, caberá a cada leitor(a) identificar o sentimento produzido pelas memórias que serão expostas no texto a seguir.
Pelotas, Rio Grande e a zona sul vivem a quarta década de perdas consecutivas. Para falar sobre perdas, ficarei adstrito a algumas lembranças das quais a memória me auxilia, esquecendo de muitas outras que os leitores lembrarão o que, de certa forma, valoriza a intenção provocativa do texto a uma boa reflexão.
SOJA
Atualmente nossa região se destaca na produção de soja, isso é bom! No entanto, com o fechamento das indústrias produtoras de óleo de soja, Olvebra e Ceval, deixamos de produzir o produto. A partir de então, passamos a comercializar a soja in natura, para depois comprarmos Óleo de soja, leite de soja, carne de soja e dezenas de produtos com valor agregado, elaborados a partir da soja.
ARROZ
Assim como a soja, a produção de arroz nos coloca em posição de destaque há muitas décadas. No entanto quantas empresas beneficiadoras de arroz literalmente quebraram?
CARNE
Vamos falar da carne! Nossos produtores investiram nas transformações necessárias para o melhoramento genético, que resultaram num rebanho de qualidade.
Para quem viu nossos frigoríficos, RioPel, Extremo Sul, Anglo, Cooperativa Sudeste funcionando e gerando milhares de empregos, fica a saudade, pois hoje vendemos o boi em pé e pagamos um preço alto por este mesmo boi que retorna para a região em forma de cortes nobres.
LEITE
A região sul sempre teve tradição na produção e comercialização de produtos lácteos, nossa produção leiteira manteve e ainda mantém o fornecimento do produto para a indústria, o que nos falta hoje são as indústrias!
PÊSSEGO, MORANGO, ASPARGO…
Fomos um dos maiores, se não o maior, parque de indústrias de conservas do Brasil, a Indústria de Conservas Alimentícias CICASUL empregava em plena safra aproximadamente três mil pessoas em três turnos.
ADUBO, PESCADOS, TÊXTIL, METALURGIA, CURTUMES E REFRIGERANTES, FARINHAS E A PRODUÇÃO DE PLATAFORMAS EM RIO GRANDE
Apenas para lembrar, da indústria de Adubos Firpo, das indústrias de pescados de Rio Grande e Pelotas, da Rheigantz indústria têxtil, da Metalúrgica Guerreiro, das fábricas da Coca Cola e da Pepsi em Pelotas, do curtume Arthur Lange, do moinho Pelotense ou o Cotada e as plataformas exploradoras de petróleo.
PESSOAS
Agora estamos perdendo pessoas!
Estamos perdendo nossos filhos, nossos jovens, nossos cérebros, para outros estados, outros países, outros mercados. Por falta de perspectiva profissional nossos guris e gurias voam. Infelizmente tais revoadas serão cada vez mais frequentes, porque além de perder indústrias, postos de trabalho, perdemos representação política, na legislatura de 2018/2022 a Zona Sul elegeu Fábio Branco (Rio Grande), Zé Nunes (São Lourenço), Pedro Pereira (Canguçu), Fernando Marroni (Pelotas) e Luiz Henrique Viana (Pelotas).
Cinco deputados estaduais. Quatro anos depois reelegeram-se apenas dois. Pelotas e Rio Grande os dois maiores colégios eleitorais não elegeram nenhum deputado estadual.
Não bastasse o cenário apresentado, tudo isso acontece também no período em que o estado é governado por Eduardo Leite que nasceu, cresceu e se elegeu com a contribuição da Zona Sul.
Que perspectiva terá a Zona Sul?