Educação como bem universal
A educação é processo! É onde professores, mestres, doutores, pesquisadores e alunos expandem o conhecimento para outras dimensões, tornando-o um patrimônio científico do mundo.
O conhecimento que transforma, melhora e protege todas as formas de vida no planeta torna-se um bem universal. Sendo assim, os recursos destinados ao ensino, pesquisa e extensão deveriam ser tratados como cláusula pétrea e em momento algum subjugados aos desejos ou projetos de poder do governo de plantão ou do que se chama “mercado”.
A importância do ensino público
Neste mundo paralelo em que alguns estão vivendo, onde a dificuldade cognitiva contribui para a desfiguração da verdade, recorro à história para exaltar e justificar o orgulho da produção científica da nossa Universidade Federal de Pelotas (UFPel) – uma universidade pública, de grande importância e qualidade, fundadora e impulsionadora do desenvolvimento científico e tecnológico da zona sul do Estado e que constantemente é levado ao Brasil e ao mundo, tornando a instituição protagonista de diversos momentos históricos.
A história
Desde o início da UFPel, a Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel e a Faculdade de Veterinária – o antigo Instituto Agronômico, depois Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa); o Patronato Agrícola Visconde da Graça, posteriormente Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça (CAVG) e a Emater – são instituições nas quais a maioria dos servidores são egressos do ensino técnico do CAVG ou da UFPel, que aqui permaneceram contribuindo para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro. Aqui na Zona Sul, a UFPel é a responsável pela formação da maioria dos alunos das ciências agrárias e veterinária.
O agronegócio e a universidade pública
Se hoje o “agro” é “tech” e “pop”, é devido ao ensino, à pesquisa e à extensão nas escolas agrícolas, institutos federais, na Embrapa e nas universidades públicas, que através de pesquisas, transformaram a agropecuária no país.
A pandemia
A pandemia de Covid-19 se espalhou rapidamente, causando milhões de mortes no mundo, deixando crianças órfãs e trazendo imensuráveis problemas sociais, econômicos e psicológicos.
A UFPel realizou a pesquisa Epicovid, que foi o inquérito nacional para avaliação da real dimensão da pandemia no Brasil.
A enchente
O conhecimento científico instrumentalizou decisões durante o evento climático em maio do ano passado, quando o Rio Grande do Sul foi atingido pela maior enchente da história.
Pelotas, que também enfrentou as consequências da cheia, contou com o trabalho científico dos professores da Meteorologia, da Cartografia e da Engenharia Hídrica da UFPel. Tempos difíceis em que a ciência foi imprescindível para as decisões do Executivo municipal para garantir a segurança da população e a redução de danos materiais.
A reconstrução do patrimônio e a preservação da memória
No dia 8 de janeiro de 2025, novamente a UFPel foi protagonista. A universidade, por meio do curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, coordenou a reconstrução do patrimônio, no compromisso de preservação da memória, restaurando diversas obras vandalizadas no dia 8 de janeiro de 2023 pelo grupo de pessoas que invadiu e depredou o patrimônio público nas sedes dos Três Poderes, em Brasília, em um movimento antidemocrático.
Dentre os 50 profissionais que atuaram na restauração de 21 itens danificados estavam 12 professores da UFPel, dois da Universidade de Brasília (UNB), quatro técnicos, 14 alunos de graduação da UFPel e três da UNB, além de cinco conservadores-restauradores especializados e profissionais da área de fotografia e audiovisual.
A coordenadora da chamada “Ação Brasília” foi a professora Andrea Bachettini, da UFPel. A parceria foi firmada entre a Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a UFPel.
A resistência
Além da UFPel e de seu corpo docente e discente, cito todas as universidades públicas brasileiras como exemplos de resistência e resiliência diante dos escassos recursos destinados ao ensino, pesquisa e extensão. Não bastasse isso, as instituições e seus membros ainda têm que lidar com os insultos propagados por políticos que se opõem a um ensino público de qualidade e que, não satisfeitos, ainda incitam parte da população com discursos de ódio contra alunos, professores e contra as instituições que proporcionam às classes mais pobres, às pessoas negras, aos indígenas e tantas outras populações historicamente excluídas da ciência o acesso ao conhecimento e à universidade.