Querido, leitor!
Estamos sendo tomados por dias maravilhosos de sol, num período de grande estiagem onde o Arroio Santa Bárbara vai perdendo suas forças e secando. Presenciamos os fenômenos da natureza e seus mistérios. Pegando este momento de estiagem como exemplo, quando falamos de fenômenos, estamos falando dos fatos observáveis, o registro que o arroio está secando; e, quando falamos dos mistérios desta natureza, busco entendimento referente à vida e à morte.
A natureza é este mundo material em que vivemos, incluindo nós, seres humanos, e a relação que nós nos propomos diante dela. Digo ‘nós’ porque sou um ser da natureza humana, que observa e é observada, tanto pelo outro ser, quanto eu comigo mesma. Isso é magnífico! Falar sobre os mistérios da vida e da morte, nesta relação da natureza humana, nos toma a observar os fenômenos que vivemos e/ou adquirimos na experiência da vida. Veja bem que, vida e morte, por mais antagônicas que sejam, estão sempre juntas. Talvez seja esta forma como elas, vida e morte, se agregam é que dificulta a sua compreensão.
Em meio à pandemia do coronavírus, nos deparamos com este mistério da natureza. Algumas pessoas, vimos que conseguem lidar muito bem diante destes conflitos e, enquanto outras vivem o pavor. Estes extremos fazem parte do nosso cotidiano e trazem uma grande confusão. Esta confusão, no fundo, é o medo que assola a todos. Que medo é esse? A morte. Esta que faz parte da nossa natureza humana, força antagônica a vida. Todo o antagonismo gera conflito e todo conflito é a busca constante de compreensão e tentativa de resolução.
Falar sobre a morte é enfrentar alguns obstáculos que ela nos propõe, que são as perdas e lutos, assim como ganhos e nascimentos, por estar agregada ao seu antagonismo que é a vida. Em cada fase que nos encontramos do nosso desenvolvimento, estaremos vivendo este antagonismo de maneira diferente. Isso vai depender do conhecimento construído através do tempo, da forma como assimilou suas experiências.
Na nossa cultura, vimos a dificuldade em lidar com a morte, pois ninguém gosta de perder. Querendo somente ganhar, deparamos contra a nossa própria natureza humana. Encontramos nesse instante, inquietações e sofrimentos que, muitas vezes, é por não ter a oportunidade de falar ou de compreender o que lhe atormenta. Segundo Epicteto (50-135 d.C): “As pessoas ficam perturbadas, não pelas coisas, mas pela imagem que formam delas”.
Temos a esperança que no final de semana irá chover e o Arroio Santa Bárbara vai se recuperar.
Até o próximo café!