A ira que não vem de Deus

Manoel Jesus, educador. (Foto: Divulgação)

Os recentes acontecimentos climáticos no Rio Grande do Sul motivaram comentários de pessoas com conhecimentos técnicos e bem intencionadas, assim como “achistas” e distribuidores de notí­cias falsas. Recentemente, encontrei nas redes sociais comentários de supostos religiosos a respeito do que motivou as catástrofes que se abateram sobre o Estado. Infelizmente, um bom número de bra­sileiros (e gaúchos) faz parte da “massa ignara”, transformando-se em rebanho conduzido por lobos disfarçados de pastores.

Foram muitas mensagens falando a respeito dos supostos “pe­cados” cometidos pelos gaúchos e que teriam despertado a “ira de Deus”. Não sou teólogo e falo a partir da minha crença como cristão/ católico. Quem propaga a “ira de Deus” não conhece os Evangelhos que estão na Bíblia e a pregação de Jesus. Homens e mulheres que se dizem religiosos, mas defendem o uso de armas, assim como a supressão da liberdade de expressão de seus adversários (à direita e à esquerda). Estes não entenderam a mensagem do Nazareno!

Se a população está se afastando das religiões tradicionais (e agora até das neopentecostais), é muito provável que a responsa­bilidade seja daqueles que se acham administradores, intelectuais, mas esquecem de ser pastores, cuidadores do povo. Homens e mu­lheres que fazem Deus refém de interesses. Despejam suas frustra­ções em pragas que servem para amedrontar e afastar quem já está repugnado com crenças que negociam um espaço nos céus. Sem a preocupação de possibilitar um melhor lugar onde viver na Terra.

Há profetas que suplicaram a tolerância de Deus com cidades supostamente pecadoras, pela existência de um pequeno número de pessoas boas. E foram poupadas da aniquilação. Nas localidades afetadas, agora, existem muitos homens e mulheres de boa vontade em diversos credos religiosos. Os cristãos acreditam na misericór­dia de Deus. Existem muitas coisas que não se entende e este é o motivo de se basear a crença em um Ser Supremo na própria atitude de fé. Eis o motivo pelo qual a vida é o caminho de todas as utopias.

O que estamos passando é a ira que não vem de Deus. Vem da irresponsabilidade humana no cuidado com nossa única casa: o planeta. Querem encontrar culpados? Procurem também dentro do magistério das igrejas cristãs tradicionais que, hoje, se omitem em trabalhar a consciência social de seus seguidores. No barro e nas dificuldades da estrada se constrói a esperança que tem no leigo o protagonista da educação, política, comunicação e todas as áreas que fazem do mundo um lugar que deveria antecipar a Eternidade.

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