Tenho observado, há muito tempo, que estamos vivendo na era da busca infinita por algo que nem sabemos direito o que é. Uns chamam de felicidade, outros de sentido, alguns de propósito. Mas, na verdade, queremos preencher um vazio existencial, uma falta de pertencimento, de autocompaixão com algo que está distante e quase que é impossível de alcançarmos. Todo esse ciclo se explica, porque quanto mais longe, mais for impossível, mais vivemos uma vida de insatisfação, de frustração e de certa forma nosso “eu” se alimenta disso tudo para permanecermos estagnados, num modo de vítima das circunstâncias.
Claro que estou trazendo exemplos bem práticos para esta situação, o que sabemos que para algumas pessoas a questão realmente é bem profunda, crítica e precisa receber uma atenção especial, mas na maior parte das vezes, a vida espera que nós possamos agir e não ela, a vida espera de nós ação. Ação para mudarmos uma circunstância, para alcançarmos os nossos objetivos, para fazer algo por alguém, seja através de ações pessoais ou profissionais.
A verdade é que só encontramos a felicidade, o propósito, sentindo na prática, enquanto vamos fazendo as coisas, vivendo a vida, enquanto vamos exercitando, realizando e não exatamente nas pausas, no ócio. Ócio é bom, pausa se faz necessário, mas acredito que eles tenham objetivos diferentes do que nos ajudar a encontrar sentido. Temos que usar as pausas e o ócio para desligarmos a nossa mente, para relaxarmos o corpo, para sentirmos a alma e não para entrarmos em mais um ciclo de anseio por respostas que já estão com nós mesmos e precisamos organizá-las de forma prática para que então as chamemos de sentido, propósito, felicidade ou do que for.
Sempre defendo que a vida não é lá nem cá, que entre o 8 e o 80 existem 72 possibilidades e nesta busca por algo que tanto desejamos nessa vida, a união dos momentos de reflexão, de pausas, de ócios se somam e se fundem à prática diária, às realizações, aos erros, às tentativas, às experiências vividas para que então consigamos descobrir um caminho que nos traga maior realização, para que consigamos viver uma vida de verdade, aquela vida onde compreendemos que existem altos e baixos, adversidades, situações desagradáveis, pessoas que não temos afinidade, mas que também existem ganhos, aprendizados, afeto e tudo que pode nos alegrar.
Que estejamos sempre vivendo entre nossas reflexões e movimento prático, pois é assim que a vida toma sentido e assim que entendemos o real significado da nossa existência.