Processo de vacinação em Pelotas completa seis meses

Centro de Eventos é um dos locais de vacinação. (Foto: Michel Corvello)

Na segunda-feira (19), seis meses após o início do processo de imunização na cidade, Pelotas conta com 176.878 vacinas de 1ª dose aplicadas, além de 74.206 de 2ª dose, segundo o Painel Covid-19

Há seis meses, quando se estava prestes a completar um ano de pandemia do coronavírus, uma remessa com 5.650 doses da tão esperada vacina chegou à sede da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde (3ª CRS) em Pelotas. No dia 19 de janeiro de 2021, um ato simbólico no Hospital-Escola da UFPel (HE-UFPel) marcou o começo da Campanha de Vacinação da Prefeitura. Iniciava-se a batalha para proteger a população pelotense. Naquele dia, 12 pessoas, representantes dos grupos prioritários, foram imunizadas.

Uma delas foi Fátima Rosa Ribeiro de Ávila. Agente de Saúde da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) há 15 anos, ela realiza o monitoramento da situação da pandemia desde 2020, quando dos primeiros registros de infectados no Brasil. A sensação de tranquilidade e gratidão que Fátima sentiu na hora da imunização se perpetua até o atual momento, junto com a confiança em ver o processo de vacinação avançar. “Após um número grande de vacinados, a expectativa é que nossas vidas vão voltar à normalidade, sempre com comprometimento que devemos manter os cuidados”, defendeu.

Esse avanço do processo de imunização citado por Fátima pode ser observado quando são vistos os números expostos no Painel Covid-19 e atualizados diariamente. Até esta segunda-feira (19), data que marca os seis meses do início do trabalho, 176.878 vacinas já foram aplicadas, em Pelotas, referentes à 1ª dose, o que representa uma porcentagem de 51,8% do total. Em relação à 2ª dose, foram 74.206 (21.7%). Para a prefeita Paula Mascarenhas, a vacinação é o caminho para superar a doença.

“Foram seis meses de um trabalho muito intenso, dedicado e que foi se aperfeiçoando ao longo desse tempo. Isso fez com que nós estejamos entre as cidades que mais se destacam no processo de imunização. Vamos seguir trabalhando para ampliar cada vez mais o universo de pessoas imunizadas, porque, junto com o cumprimento de protocolos, é a forma como vamos vencer a batalha contra o coronavírus”, afirmou a gestora.

A secretária de Saúde, Roberta Paganini, complementa a fala da chefe do Executivo, ressaltando que existe uma logística enorme que é pensada e feita até o imunizante estar no braço dos cidadãos. Tudo isso é feito com dedicação, união e compromisso. “É um privilégio poder viver o momento da vacinação que representa esperança e que significa o autocuidado e o cuidado com o próximo. É um momento único que tenho a oportunidade de viver”, frisou.

A visão de quem participou

No ato de abertura da vacinação em Pelotas, a enfermeira da Vigilância Epidemiológica da SMS, Cândida Rodrigues, foi uma das vacinadoras que aplicou as primeiras doses na população. O misto de emoção e privilégio justificou-se quando ela se lembrou do ano de trabalho incansável, com medo e insegurança, e de cada família que perdeu um ente querido. A profissional lembra que, além da tristeza por tudo que foi vivido, ela chorou ao sentir esperança para os novos tempos e pela crença na Ciência e no Sistema Único de Saúde (SUS), sem o qual nada disso seria possível.

“Foi com o coração transbordando de emoção que chorei quando fui vacinada entre os primeiros grupos prioritários. Cada um de nós sabe tudo o que passou ao longo de mais de um ano de pandemia, do que abriu mão, do que por compromisso ético não deixou de fazer mesmo tendo o medo de se contaminar ou contaminar algum familiar. Aqui, sigo com a esperança de que, se precisamos aprender algo, que seja o quanto o SUS é valioso e o quanto o bem coletivo deve sobressair-se ao bem individual”, completou Cândida.

No dia 20 de janeiro, quando o processo de vacinação começou a tomar forma e se espalhar pelos serviços de Saúde, a enfermeira Greice Matos foi contemplada com a 1ª dose do imunizante. Os sentimentos, semelhantes aos de suas colegas que atuam na área, foram de gratidão e esperança. “Sabemos que somente com a vacinação em massa conseguiremos combater a pandemia. Hoje, com o avanço da vacinação em Pelotas, já se percebe uma melhora no número de casos de Covid-19. Isso se dá graças à vacina”, justificou.

Como se deu o processo em Pelotas

As tratativas da vacinação ganharam força e avançaram na primeira quinzena de janeiro de 2021. Na mesma semana, ocorreu a capacitação dos profissionais de Saúde da rede municipal, que envolveu enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem. No dia 19, o ato simbólico no Hospital-Escola da UFPel marcou o início da Campanha de Vacinação. O processo já se iniciou com 12 pessoas, representantes dos grupos prioritários, imunizadas.

Profissionais da Saúde que atuam na linha de frente no combate à Covid-19, moradores e trabalhadores de Instituições de Longa Permanência (ILPIs) e indígenas foram os primeiros a ser imunizados, seguindo o Plano Estadual de Vacinação. Com a chegada de novas doses, o processo avançou e chegou aos demais trabalhadores da área da Saúde, idosos acamados e seus cuidadores, e demais idosos a partir de 85 anos. No final de março, mesmo período que a imunização chegou às comunidades quilombolas, Pelotas tornou-se o município do interior que mais vacinou contra o coronavírus.

Em abril, a aplicação chegou à zona rural e aos profissionais da Segurança. Mutirões e drive-thrus passaram a ser realizados para dar conta da demanda, e a vacinação começou a se espalhar pelos bairros, com o objetivo de facilitar o acesso da população. No início de maio, o contingente com comorbidades e de pessoas portadoras de comorbidades e acamadas começou a contar com a proteção. No fim do quinto mês do ano, os profissionais da Educação receberam a imunização, assim como os apenados do Presídio Regional de Pelotas e a população em situação de rua.

No dia 9 de junho, Pelotas comemorava o Dia Mundial da Imunização com 100 mil doses aplicadas e assumindo o quarto lugar, entre os municípios gaúchos que mais vacinaram, dos dez maiores do Estado. Dois dias depois, começava a vacinação por faixa etária. Em cerca de um mês, o processo passou dos 59 para os 32 anos. Enquanto tudo isso acontecia, a Prefeitura também aplicava a 2ª dose, e articulava o aproveitamento das doses remanescentes, com o intuito de evitar qualquer desperdício das vacinas, e a imunização, no Laboratório Municipal, das pessoas que perderam as ações da Campanha.

Para que tudo isso pudesse ser feito, a estrutura física da Rede Fria foi qualificada pelo Poder Público municipal, com adequação da rede elétrica das câmaras frias, troca de piso, ampliação do local utilizado para o estoque das vacinas e instalação de ar condicionado no ambiente. Somado a isso, é essencial destacar a agilidade no processo de imunização, garantida pela força-tarefa que conta, atualmente, com o apoio dos voluntários das universidades locais e escolas técnicas, além do Exército, das secretarias de Transporte e Trânsito e de Segurança Pública, e de diversos profissionais, associações e instituições que ajudaram a definir as estratégias de cada grupo prioritário que foi imunizado.

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