Sindicato Rural de Pelotas tem participação ativa nas discussões da agropecuária regional

Presidente do Sindicato Rural de Pelotas, Fernando Rechsteiner comemora os avanços obtidos, sem deixar de traçar os objetivos futuros. (Foto: Arquivo/JTR)

Com 57 de anos de atividades a serem completados neste ano, o Sindicato Rural de Pelotas foi fundado em 26 de novembro de 1965 e tem hoje em torno de 90 associados.

Atualmente é presidido pelo economista e agropecuarista, Fernando Rechsteiner, que destaca o papel da entidade de representação classista de todos os produtores rurais da cidade. “Além disso, temos uma preocupação muito grande em relação ao treinamento e a questão técnica dos nossos produtores e dos colaboradores da produção agropecuária do município”, diz.

Por isso, o Sindicato mantém convênio com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/RS), com o treinamento de cerca de mil pessoas por ano somente em Pelotas, entre produtores e colaboradores, nas mais diversas atividades, como operação de máquinas, aplicação segura de defensivos agrícolas, artesanato na área rural, gestão e, mais recentemente, de Atendimento Técnico (Atec), fornecidas pelo órgão nesta parceria.

Rechsteiner explica que o Atec é um treinamento novo, implementado pelo Senar, que tem como peculiaridade a preocupação com a parte gerencial da propriedade, como o próprio nome indica, o atendimento técnico e gerencial.

“Nós temos as técnicas da produção agropecuária, mas também estamos olhando mais para a propriedade rural como um negócio, uma área de produção agrícola que visa lucro, com vistas à rentabilidade e sustentabilidade da unidade ao longo do tempo”, diz.

A grande importância de todos os sindicatos rurais é fazer parte da estrutura sindical da agropecuária brasileira, destaca Rechsteiner. “Nós temos na base os sindicatos rurais, em seguida vêm as Federações de Agricultura dos estados, no caso do Rio Grande do Sul a Farsul e no topo, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que fica em Brasília”, ressalta. Trata-se de uma organização sindical que tem a base nos sindicatos rurais, complementa.

Entre os fatos marcantes de presença do Sindicato e também da Federação da Agricultura, ao longo da história de Pelotas, ele cita a atuação da entidade como forma de garantir o direito de propriedade em uma invasão de terras promovida pelo Movimento Sem Terras (MST), ocorrida numa propriedade do município. “Direito de propriedade para nós é algo inegociável, pois na medida em que deixamos de ter esta segurança, nada mais do que se possa fazer dentro de uma propriedade rural terá sustentação, prejudicando todas as atividades produtivas”, afirma.

Segundo ele, a atuação foi incisiva e dinâmica, obtendo resultados positivos com parecer favorável pelo Poder Judiciário à reintegração de posse. “Embora a reintegração tenha demorado mais do que desejávamos, ela ocorreu. O governo da época tinha um viés mais ligado ao MST, houve inclusive uma demora no cumprimento da decisão judicial, mas com a pressão do Sindicato e da Federação da Agricultura, os proprietários retomaram a posse da área sem maiores danos ao seu patrimônio e, hoje, essa área tem processo produtivo com normalidade”, destaca.

O presidente salienta que o Sindicato Rural tem, dentro do seu escopo, as mais diversas discussões dentro da atividade primária. “Nós tivemos uma discussão muito forte, que ocorreu não só no nosso estado como em nível de Brasil, em relação ao Código Florestal, pois nós temos uma legislação ambiental hoje, que eu diria, é uma das mais restritivas do mundo”, diz.

De acordo com ele, nenhum outro país teve a coragem de elaborar um Código Florestal como o Brasil, em que o setor agropecuário participou ativamente das discussões o que, num primeiro momento, era algo que inviabilizava a atividade produtiva em boa parte das propriedades rurais, diz.

“Com a Federação e a Confederação chegamos a um bom termo nessas discussões e o projeto que hoje rege a nossa legislação do código florestal, embora ainda muito duro e restritivo, não inviabiliza as propriedades. É possível sim se produzir obedecendo as normas e as regras do nosso Código e é assim que nossos produtores têm se comportado”, diz.

Conforme o presidente, nenhuma outra região do planeta fez algo parecido. “Eu costumo dizer que os produtores brasileiros e gaúchos estão em posição de cobrar o resto do mundo em relação à produção agropecuária e preservação, pois nós temos um regramento que nos dá essa possibilidade de sermos exemplos de produção aliados à sustentação”, acentua. Para ele, a questão ambiental é muito importante, está presente dentro dos sindicatos rurais e constantemente é tema de discussões em audiências públicas.

Para Rechsteiner, o Sindicato Rural tem também este papel de participar desta discussão, defendendo o setor agropecuário dentro de suas convicções do que é correto. “A forma como nós produzimos os alimentos é extremamente segura, dentro de todos os licenciamentos ambientais exigidos e não à toa o Brasil exporta alimentos para aproximadamente 200 países. No RS e mais especificamente na Metade Sul, somos grandes exportadores de soja, arroz e gado em pé, exportações que ocorrem em função da qualidade dos nossos produtos”, afirma.

Em termos de futuro, ele aponta que a importância e contribuição do Sindicato Rural se dá através do dinamismo da atividade agropecuária. “Nós temos o projeto Duas Safras, encabeçado pela Farsul, Senar e outras instituições, com participação técnica fundamental da Embrapa, na tentativa de trazer para a região Sul a produção de milho como mais uma alternativa de renda para os produtores”, explica.

Junto com a produção de milho vem a de carne, principalmente suínos e aves, a exemplo da produção de bovinos, que, para ele, já tem uma integração lavoura-pecuária, com pastagens de inverno de excelente qualidade. “O que está nos faltando é trazermos para a região e estado uma produção maior de carne de aves e suínos, que têm mercado externo ávido em consumir estes produtos”.

O milho é matéria-prima fundamental para a alimentação desses animais e, por isso, o projeto visa o aumento da produção do grão e outras culturas de inverno para o fortalecimento da cadeia de produção de aves e suínos.

De acordo com ele, um grande evento sobre o projeto Duas Safras está sendo organizado para ocorrer ainda no mês de julho na região, a fim de implementá-lo. “No momento estamos voltados a este projeto, mas novos devem vir, pois estamos em região privilegiada em termos de solo, mananciais de água doce e também logística, pela proximidade do porto e, precisamos aproveitar isso para o desenvolvimento agropecuário e também a atração de indústrias”, finaliza.

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