Associação Municipal dos Produtores de Leite de Pedras Altas (Amplepa) completa duas décadas de atividades

Indústrias de laticínios e transportadoras contratadas estão com dezenas de veículos parados em barreiras em diferentes locais do Estado. (Foto: Arquivo Pessoal)

Tudo começou há 26 anos, com a chegada de diversas famílias agricultoras ao município de Pedras Altas, oriundas do norte do Rio Grande do Sul através do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os agricultores ficaram nos acampamentos organizados pelo MST por, em média, três anos, até conquistar a terra. Recentemente, membros do Assentamento Lago Azul tiveram os seus lotes regularizados pelo Título de Domínio concedido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

“Chegamos aqui em 1996 e nos deparamos com uma região muito diferente da nossa origem. A grande maioria das famílias tinha conhecimento no plantio de soja e produção de leite. Além das diferenças climáticas, o solo, a época de plantio e culturas eram diferentes”, lembra Leomir Savoldi, presidente da Associação Municipal dos Produtores de Leite de Pedras Altas (Amplepa).

Para permanecer, a adaptação foi necessária e a produção de leite surgiu como alternativa de renda e um meio de sobrevivência aos agricultores que encontraram, na região, muitas adversidades em relação ao que estavam habituados e perceberam que a atividade leiteira não era explorada no município.

Em 2001, após diversas reuniões e tratativas entre os produtores nasceu a Associação regional de Herval, Pedras Altas e Arroio Grande, originando a rota do leite e, posteriormente, a Bacia Leiteira de Pedras Altas.

Um ano depois, em 2002, os produtores conquistaram a ajuda do poder público e a Associação foi modificada, se transformando na Associação Municipal dos Produtores de Leite de Pedras Altas (Amplepa). Começou ali uma história que, em junho, produziu 220 mil litros de leite. “No inverno, a produção diminui bastante. É o período de entressafra e nos próximos meses a produção é bem maior”, explica.

Em duas décadas de existência, os diretores da Amplepa enfrentaram diversos desafios para permanecer na atividade. O apoio da Prefeitura, através de parceria, foi fundamental para a continuidade do trabalho. “Cerca de 8 anos atrás a Prefeitura realizou a cedência de duas patrulhas agrícolas e outros equipamentos que nos permitiram o melhoramento das pastagens e armazenamento de forrageiras com um custo bem menor”, lembra Savoldi.

No momento, os desafios passam a ser econômicos. De acordo com ele, a melhora no preço do litro de leite é muito inferior a suba dos insumos utilizados diariamente para a produção. “O alto custo da produção também está relacionado ao valor do diesel, às constantes falta de energia elétrica e as intempéries do clima. No verão, fomos castigados com a escassez da chuva e agora, no inverno, estamos numa época muito chuvosa, que também tem atrapalhado, além do barramento das mangueiras, que prejudica a qualidade do leite, as pastagens não se desenvolvem”, cita, e complementa: “O aumento do cultivo de soja na região também fez com que alguns produtores abandonassem a atividade leiteira. Os associados que permanecem estão aumentando a produção através da qualificação do serviço. A gente vai se readequando buscando possibilidades que viabilizem os custos e torne possível a continuidade do serviço”, explicou o presidente.

Apesar disso, com novos equipamentos e um trabalho sério realizado em equipe, a Amplepa vem crescendo. “O investimento em equipamentos, melhoria do rebanho, assistência técnica em tempo hábil e profissional qualificado são fatores que estão contribuindo para o aumento da produção de leite”, enfatizou.

A Amplepa possui sede própria, dois caminhões para transportar o leite e está em reforma do espaço físico, ampliando o escritório assim como o depósito de insumos e produtos veterinários. “É um trabalho árduo realizado em família, não temos férias e mesmo com frio e chuva a atividade não pode parar”, destaca.

A equipe de trabalho da associação conta com técnico em Agropecuária, veterinário, contador, motoristas, secretárias, mecânico, tratoristas e serviços gerais. A sede da Associação fica 40 km de distância da cidade, no Assentamento Lago Azul e, atualmente, conta com 49 produtores.

A entrega do leite in natura é realizada diariamente no Posto de Leite da Colônia Nova e na Camal, em Aceguá.

Controle de Qualidade

O técnico em Agropecuária Gean Blank Bellini trabalha desde 2014 na Associação e é o responsável pelo controle de qualidade do leite. Segundo ele, a Amplepa é fiscalizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e os produtores seguem os regulamentos da instrução normativa 77. “Cada vez mais o mercado consumidor exige qualidade, boas práticas de manejo e rastreabilidade do produto. Sem esses requisitos é impossível se manter no mercado. Temos que ser o mais profissional possível, o produtor organizado vai seguir em frente, os demais o sistema se encarrega de excluir”, disse.

Bellini salientou que para garantir a qualidade do leite diversos cuidados são necessários, entre eles, “conduzir os animais de forma tranquila, sem causar estresse, alimentação adequada, utilização de produtos de forma correta para limpeza de equipamentos de ordenha e desinfecção de tetos”.

A associação também conta com o trabalho e orientação de médico veterinário, que é responsável pelo melhoramento genético do rebanho, inseminação artificial, medicamentos e controle de doenças e demais procedimentos que garantem a saúde dos animais.

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