Nesta semana, representantes de casas religiosas ligadas a Umbanda, Quimbanda e Batuque visitaram os gabinetes da Câmara de Vereadores de Canguçu para demonstrarem apoio e realizarem uma apresentação da proposta que tramita pelo Legislativo.
O projeto criado pelo então vereador Augusto Pinz possui apoio de entidades de São Lourenço do Sul, Pelotas, Rio Grande, Arroio Grande e Piratini, além de ofícios enviados por dois vereadores de Pelotas e Arroio Grande. Para difundir a pauta, foi criada uma comissão impulsionadora da causa e, assim, os membros e representantes podem dialogar diretamente com os poderes públicos sobre a relevância do projeto.
A ideia de criação do Conselho surgiu como uma tentativa de resgatar a cultura africana a partir de pautas diferentes que abrangem segurança pública, intolerância religiosa, defesa de direitos, além da aplicação do direito constitucional de culto livre.
“Recebi o pedido para apresentar este projeto para promover um resgate histórico necessário e justo. O atual momento não permite mais intolerância e atos racistas. Tenho convicção que a Câmara de Canguçu entende isso é será aprovado, colocando o nome de Canguçu no cenário de combate ao preconceito”, disse Pinz.
Atualmente, o município possui diversas casas de religião espalhadas pela zona urbana e rural, locais onde são abrigados seguidores que pertencem a vertentes da religião. Segundo a ativista da causa, Natália Paulsen (Yalorixá Natália D’Oyá), o propósito do Conselho se volta à tentativa de reparação histórica cultural e social, não sendo somente pela questão religiosa ou pessoal.
O presidente do Conselho Municipal do Povo de Terreiro de Pelotas, Babalorixá Juliano de Oxum, informou que existem diversos conselhos semelhantes a nível de município e estado, mas ressaltou: “os conselheiros não receberam nenhuma remuneração no exercício da função”.
“Todos serão voluntários, inclusive surgiram boatos maldosos que o grupo teria interesse em alguma verba pública ou terreno, mas não consta nada disso no projeto, bastar ler para ver que é simples. O Conselho servirá apenas para que o grupo se reúna e debata as situações que acontecem no dia a dia dos casos de intolerância no município, e ali vai deliberar apresentação a autoridades”, explicou o vereador.
De acordo com Juliano, o terreiro tem como princípio a paz, o amor e a caridade no intuito de abraçar todos, contra a discriminação de raça, gênero e religião. Além disso, lutam pela busca de políticas públicas, a fim de criar um dispositivo de lei que resguarde o cumprimento de direitos.
Para a representante Natália, também membro da Comissão, existe, atualmente, uma percepção da “importância de dar voz e espaço para que as minorias sejam ouvidas e acolhidas pelo poder público e comunidade. Visando isso, apoiamos e estamos na luta pela aprovação da criação deste conselho que nada mais é do que um local de fala onde teremos espaços para estudar, analisar e pôr em prática políticas públicas que busquem a inclusão e equidade econômica, política, cultural. Uma reparação histórica das comunidades dos povos de terreiro”.