
Em 2008, quando foi realizada a primeira edição da Festa do Caqui e da Maçã em Arroio do Padre, a intenção foi incentivar os produtores que viraram empreendedores e passaram a produzir em escala comercial frutas antes restritas ao consumo das famílias nas pequenas propriedades. “Uma aposta de desenvolvimento na época”, afirma o prefeito Rui Carlos Peter (UB).
Havia políticas públicas e recursos do governo federal à fruticultura, além de um Comitê de Fruticultura atuante, que incentivava a produção de frutas como alternativa de desenvolvimento da pequena propriedade – especialmente aquelas que tinham o tabaco como sua principal cultura.
Entre os precursores na produção de maçã no município está o produtor Wilson Behling, já falecido, cuja propriedade chegou a produzir 150 toneladas da fruta, em 2021. Hoje, o trabalho é administrado pela viúva e sobrinhos. Há dois anos, a família não participa da festa, por motivos pessoais.
No caqui, cuja produção municipal chegou a 50 toneladas, destaca-se Válter Thomsen, o maior produtor individual da fruta no município e reconhecido ainda pela qualidade de suas frutas. Na propriedade, os pomares chegam a 3,5 hectares nas variedades Rama Forte, Kyoto, Chocolate, Taubaté, Granado e Fuji. Sua participação na festa também não foi confirmada.
Maçã
Para não frustrar os visitantes, que chegarão ao parque na expectativa de provar e adquirir as duas frutas, a Prefeitura buscou novos fornecedores. Pelo segundo ano consecutivo, a maçã será fornecida pelo produtor Mário Alberto Bonow, da Colônia Oliveira, 4º distrito de Pelotas. Atuando no ramo há mais de 20 anos, Bonow possui 8,5 mil plantas da variedade Eva, com uma produção média anual de 100 toneladas. Para a festa estão reservados 4 mil quilos.
Com a colheita finalizada em janeiro, as frutas que serão consumidas e comercializadas na festa foram mantidas em câmara fria. “A colheita começou no final de dezembro e se estendeu por todo o mês de janeiro e em alguns anos conseguimos levar até metade de fevereiro”, explica.
O produtor comenta que a exemplo de outras frutas, o clima também castigou a cultura da maçã pelo excesso de chuvas, especialmente nos meses de outubro e novembro – o que afetou o desenvolvimento da produção. “A fruta este ano está mais miúda, mas em compensação está bem doce e gostosa”, assegura. Segundo ele, a cultura da maçã possui investimento alto, seja na implantação e manutenção do pomar, como também da mão de obra, que é cara e escassa. Além da maçã, Bonow ainda produz pêssegos. A comercialização da fruta é feita junto à Ceasa e mercados de Pelotas, Rio Grande, Canguçu, Santa Vitória do Palmar, entre outros.
Caqui
No caqui, o produtor local Luiz Lichtnow será o fornecedor deste ano – o único que conseguiu produzir uma quantidade razoável da fruta nesta safra. A maioria teve sua produção prejudicada por problemas climáticos. Lichtnow conta que possui dois hectares da variedade Fuji para fins comerciais e a expectativa de colheita, que recém está iniciando, é de três a quatro toneladas.
No ano passado, ele chegou a colher 20 toneladas da fruta – uma redução de 80%. “As perdas se deram em função do clima desfavorável e de uma doença que está atacando os pomares”, salienta. Para a festa, foi colhida uma tonelada da fruta e armazenada para garantir a quantidade e qualidade do produto.
Frustração é o sentimento do produtor Gustavo Lapschies, que teve seu pomar afetado pela antracnose (causa pelo fungo Colletotrichum gloeosporiodes, ocorre em ramos, folhas, frutos e inflorescências) já na época da floração. “Em 10 anos, esta é a primeira safra que não vou colher nada”, lamenta o produtor, que chegou a colher cinco mil quilos da fruta em anos anteriores.
“Depois que o fungo entra no pomar não tem muito o que fazer, ainda mais em anos úmidos como o último, em que choveu toda a primavera”, diz. A solução encontrada pelo produtor é eliminar as árvores infectadas e implantar um novo pomar, em uma nova área, preferencialmente em áreas de soja ou feijão.
No local do atual pomar, Lapschies pretende cultivar alface, carro-chefe da sua propriedade, onde são cultivados ainda couve, repolho e temperos. Atualmente, ele produz em torno de 250 dúzias por semana, somente de alface, entregue em atacadistas da Ceasa.